Normalmente associada à idade avançada, a osteoporose precisa ser debatida com crianças e adolescentes. O consumo exagerado de refrigerantes, a falta de exercício físico e a baixa ingestão de cálcio durante a infância são fatores que contribuem para um aumento no número de casos da doença.

Durante a pandemia, com a necessidade de distanciamento social, crianças e adolescentes se tornaram mais sedentários. Uma pesquisa conduzida pela Fiocruz, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2020, ouviu 9.470 jovens entre 12 e 17 anos: 20,9% deles relataram que nunca praticavam 60 minutos de exercício diário antes da pandemia. Depois, esse índice subiu para 43,4%.

De acordo com o mapa global da ingestão de cálcio produzido pela Fundação Internacional de Osteoporose (IOF), os brasileiros consomem apenas metade da quantidade diária de cálcio necessária para manter a saúde dos ossos. A organização recomenda ao menos 1000 mg de cálcio por dia.

Menor exposição ao sol e pouco cálcio

A endocrinologista ressalta que a falta de exercício físico não é o único problema. “As crianças em casa, além de fazerem menos atividade física, também tiveram uma exposição menor ao sol e, consequentemente, à vitamina D, que influencia na absorção do cálcio”, diz.

Por outro lado, a ingestão de alimentos e bebidas como o refrigerante, por exemplo, é massiva e pode atrapalhar a absorção de cálcio pelo organismo. Em um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde em 2016, o refrigerante já aparecia em sexto lugar na lista de alimentos mais consumidos por adolescentes no país.

O alto nível de ácido fosfórico presente nessas bebidas é prejudicial porque reage com o cálcio e produz fosfato de cálcio, que é solúvel em água e facilmente eliminado do organismo. Por fim, a vitamina D também é muito importante nesse processo, porque ajuda nessa fixação. Então, além de ingerir cálcio, movimentar-se e evitar comidas e bebidas industrializadas, é preciso garantir, também, a exposição adequada aos raios solares.

Para Paola Nogaroli, uma das responsáveis pelo projeto, falar sobre a doença é um passo fundamental para que crianças e adolescentes compreendam a necessidade de adotar hábitos que priorizem a saúde óssea.

“Precisamos levar a informação para que os jovens saibam que os hábitos que eles têm agora serão determinantes para ter saúde no futuro. A quantidade recomendada de cálcio é relativamente grande, ou seja, equivale a cerca de quatro copos de leite por dia, o que não é costume entre muitos jovens, inclusive eu”, afirma a estudante.

Menopausa aumenta o risco de osteoporose

A osteoporose geralmente afeta homens com mais 70 e mulheres a partir dos 50 anos, mas aparece de forma mais precoce na população feminina. A OMS (Organização Mundial da Saúde) indica que uma a cada duas mulheres terá uma fratura óssea, e que ocorrem cerca de nove milhões de fraturas globalmente por ano.

A endocrinologista Carolina Aguiar Moreira, especialista em osteoporose e doenças osteometabólicas, explica que as perdas de massa óssea são mais acentuadas nas mulheres após a menopausa e, nos homens, depois dos 50 anos. “Quanto maior o pico de massa óssea, maior a reserva disponível quando essa fase chegar. É importante conscientizar as crianças porque nessa etapa da vida é quando mais aumenta o pico de massa óssea”, conta.

“Por volta dos 50 anos, com a menopausa, as mulheres não produzem mais o estrogênio e há uma queda hormonal muito grande. A questão é que o estrogênio é o grande responsável por colocar o cálcio que ingerimos na alimentação dentro dos ossos. Entre os homens, a osteoporose é mais comum a partir dos 70 anos”, explica Alexandre Pallottino.

“A menopausa, período que, geralmente, acontece entre os 45 e os 55 anos, marca a diminuição na produção do estrogênio, hormônio que provoca alterações em todo o organismo feminino, incluindo o processo de remodelação e reparação óssea. Por isso, a osteoporose é mais comum em mulheres. Porém, a condição também afeta homens”, salienta o ginecologista Marcelo Steiner, coordenador da Comissão de Mídias da Abrasso.

Histórico de osteoporose na família também requer atenção, já que a genética possui forte influência sobre o desenvolvimento de massa óssea e suscetibilidade de fratura. O uso de medicamentos (principalmente glicocorticoides) e o aparecimento de fraturas são outros fatores de risco da doença.

Dicas para prevenir a osteoporose

– Aumente o consumo de cálcio

Apesar de não ser o único tratamento, os alimentos ajudam muito no combate à osteoporose. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o ideal é ingerir pelo menos 800 mg de cálcio por dia.

– Pare de tomar refrigerante

O refrigerante em excesso aumenta consideravelmente os níveis de fosfato no sangue, afetando os ossos e impedindo que o organismo absorva o cálcio.

– Preste atenção à Vitamina D

A vitamina  D melhora a saúde dos ossos porque ajuda o corpo a absorver o cálcio. Por isso, o cálcio sozinho não vale. Ele só é absorvido pelo organismo e bem utilizado quando existe uma quantidade suficiente de vitamina D.

– Faça atividades físicas

Manter uma rotina de exercícios físicos ajuda a fortalecer os ossos e a atrasar a perda de massa óssea. O ideal é que sejam atividades mais leves e com o mínimo de impacto, como a caminhada.

– Consulte seu médico e faça a densitometria

A osteoporose é uma doença silenciosa, que demora a ser notada porque não dá sinais de dor nem qualquer outro sintoma. Como ela não se expressa facilmente, poucas pessoas acabam descobrindo antes de sofrer a primeira fratura. Por isso, é muito importante que você consulte o seu médico regularmente e faça a densitometria óssea se ele recomendar.

Com Assessorias

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