A ciência já comprovou que, para manter o cérebro em alto desempenho, é necessário  descanso e por isso o sono de qualidade é fundamental. No entanto, de acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), mais de 70 milhões de brasileiros sofrem com problemas na hora de repousar. O dado é preocupante e chama a atenção de especialistas para problemas de saúde em quem enfrenta longas noites sem dormir.

O pneumologista Pedro Genta, do Serviço de Medicina do Sono do HCor, alerta que a gradativa redução nas horas de sono da população, em função do excesso de atividades do dia dia, pode afetar não só o equilíbrio emocional ou a capacidade de raciocínio e aprendizagem do indivíduo, mas também a sua saúde cardíaca.

Para que uma pessoa viva de maneira saudável é preciso que ela tenha, no mínimo, sete horas de sono por dia. Dormir menos do que isso pode ocasionar prejuízo cardiovascular com o passar do tempo, já que favorece o surgimento de doenças como hipertensão, diabetes e obesidade, o que aumenta o risco de infartos e AVCs”, afirma o Dr. Genta.

Segundo ele, o sono é um período importante para o reestabelecimento do nosso organismo. Dormir bem ajuda, por exemplo, na produção de anticorpos contra as mais diversas doenças, fortalecendo o nosso sistema imunológico. Por isso, reduzir o tempo em que dormimos afeta significativamente os processos fisiológicos que ocorrem durante o sono.

Quando dormimos há um momento de repouso do nosso sistema cardiovascular, no qual tanto a frequência cardíaca, quanto a pressão arterial são reduzidas. Esse processo é muito importante para a saúde do coração. Por essa razão é que diversos estudos mostraram que a privação do sono aumenta o risco de hipertensão arterial”, comenta o especialista.

Apneia obstrutiva do sono pode levar a infarto

Dormir em quantidade adequada pode não ser suficiente para começarmos o dia alertas e descansados. No Dia Mundial do Sono (15/3), especialistas alertam sobre a apneia obstrutiva, o distúrbio do sono mais prevalente na população e fortemente associado ao ronco.

A associação entre apneia do sono e privação do sono é frequente e perigosa, uma vez que ambas as situações estão associadas a maiores riscos cardiovasculares. “Por isso, pessoas que tem ou já tiveram algum tipo de distúrbio cardiovascular como hipertensão, infarto ou AVC, precisam redobrar a atenção com doenças relacionadas ao sono e procurar tratamento o quanto antes”, afirma o Dr. Pedro.

Nos casos mais críticos, pode ocasionar uma série de alterações, como diabetes, disfunções hormonais e vários problemas cardiológicos, o que inclui arritmias cardíacas e hipertensão arterial, podendo levar à redução do fluxo de sangue no músculo cardíaco e maior incidência de infarto do miocárdio.

Recuperar o tempo mínimo de sete horas de sono e tratar a apneia do sono é fundamental para a nossa saúde, sobretudo para quem tem hipertensão ou outras doenças cardiovasculares”, alerta o pneumologista Pedro Genta.

Problema afeta mais homens que mulheres

A apneia obstrutiva do sono pode afetar cerca de 4% das mulheres e 9% dos homens adultos, sendo que sua prevalência é maior entre pessoas obesas, com pescoço largo, na faixa etária acima dos 35 anos.

A doença é caracterizada por pausas respiratórias, com interrupção ou diminuição da respiração, com duração de mais de 10 segundos, e pode ser provocada por alterações anatômicas e pela diminuição de atividades dos músculos dilatadores da faringe”, explica Celso Musa, coordenador da cardiologia do Hospital Samaritano (Barra da Tijuca).

A obesidade também é um fator de risco importante para o desenvolvimento da apneia, mas vários estudos mostraram que, devido às mudanças hormonais e à privação do sono, o problema contribui ainda mais para o aumento da obesidade, fazendo com que esses indivíduos tenham maior dificuldade para emagrecer, quando comparados com aqueles que têm um sono reparador.

Sintomas e diagnóstico

Dr Celso informa ainda que os sintomas mais frequentes de apneia obstrutiva são: episódios de roncos altos – interrompidos por paradas respiratórias e observados por quem convive com a pessoa -, forte sonolência diurna,sono agitado e aumento da vontade de urinar à noite, além de alterações de memória e raciocínio.

Os indivíduos com apneia costumam acordar com dor de cabeça, cansados e sem disposição, mesmo tendo dormido durante toda a noite. Outra característica comum nessas pessoas é a diminuição da libido, além de uma tendência a quadros de depressão”, diz.

O especialista reforça a necessidade de se procurar um médico, pois, mesmo tendo alta prevalência na população, apenas agora foram elencados os riscos trazidos por esse distúrbio, bem como a importância do seu diagnóstico.

O grande problema é que cerca de 90% dos indivíduos que possuem apneia do sono ainda não possuem o diagnóstico. Os pacientes portadores de apneia obstrutiva precisam de tratamento, pois, sem acompanhamento clínico, as chances de mortalidade devido ao problema são grandes”, finaliza.

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Quando consultar um especialista em medicina do sono

  • Apresenta dificuldade para dormir ou para manter o sono, e não consegue descansar
  • Tem sonolência excessiva durante o dia e cochila facilmente
  • Ronca alto frequentemente e incomoda o parceiro
  • Tem comportamentos incomuns durante o sono
  • Sente incômodo nas pernas do tipo que piora no início da noite e melhora com a movimentação durante o dia.

Da Redação, com Assessorias

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