‘Tudo que faz mal para o seu coração, faz mal para o seu pênis’, diz urologista

Condição mais temida pelos homens atinge cerca de 10 milhões de brasileiros e pode ser tratada com medicamentos ou com o implante de prótese

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Hipertensão, colesterol, obesidade e hábitos como consumo de tabaco e álcool, além do estresse, são fatores de risco que atingem não somente o coração, mas a vida sexual dos homens, podendo causar a tão temida disfunção erétil, popularmente conhecida como impotência. Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a condição é o segundo problema de saúde mais temido pelos homens, depois das doenças cardiovasculares e o infarto.

disfunção erétil afeta a qualidade de vida do homem, em relação à autoestima, e consequentemente, atinge a qualidade de vida da família, que se relaciona com o paciente. Estudos indicam que cerca de 10 milhões de homens apresentam problemas de ereção no país e muitos vão se defrontar com a condição ainda este ano.

Segundo o urologista Fernando Almeida, do Hospital Sírio Libanês, a dificuldade de ter ou manter uma ereção pode estar associada a problemas vasculares, estresse ou maus hábitos alimentares e consumo de álcool e tabaco. “Durante a ereção, a artéria peniana se abre, para a passagem de um fluxo intenso de sangue, que mantém o pênis ereto. Quando há um acúmulo de gordura nos vasos do corpo, causando a obstrução das artérias, a passagem do sangue será limitada e, portanto, a ereção também”.

Professor de Urologia da Unifesp, o especialista esclarece que existem opções de tratamento para a disfunção erétil com medicações via oral, injeções intra-cavernosas e tratamentos definitivos como a colocação de um implante.

Prótese peniana

Existem dois tipos de próteses, a maleável e a inflável. A prótese peniana maleável é composta de dois cilindros flexíveis colocados dentro do pênis. Ela cria uma ereção permanente e é posicionada para permitir a penetração e a relação sexual. São mais acessíveis, por terem cobertura dos convênios, e mais fáceis de manusear, mas podem causar constrangimentos sociais, por manter o pênis sempre ereto.

Já a prótese peniana inflável simula o mecanismo natural de funcionamento do pênis, permitindo uma ereção totalmente rígida durante a relação sexual e depois a flacidez completa. Ela é composta por dois cilindros, um reservatório de soro contido no corpo e uma bombinha localizada dentro do saco escrotal. Para obter uma ereção, o homem aperta a bombinha e o soro do reservatório é transferido para o pênis, causando a ereção. Após a relação sexual, o homem aciona a bombinha e o pênis volta para o estado de flacidez.

Disfunção erétil aumenta risco de doenças cardíacas

Estudos comprovaram que a disfunção erétil eleva o risco de um homem sofrer alguma doença cardiovascular durante a vida, independentemente de possuir histórico de problemas cardíacos. E, além disso, quanto mais grave essa disfunção, maiores as chances de hospitalização por problemas cardiovasculares ou de mortes por qualquer causa.

Esta evidência é de um estudo da Universidade Nacional da Austrália, cujo resultado mostrou que homens com mais de 45 anos que nunca apresentaram problemas cardíacos, mas com disfunção erétil de moderada a grave, podem ser até oito vezes mais propensos a ter insuficiência cardíaca em comparação àqueles que não apresentam a disfunção.

De acordo com o urologista do HCor, Mario Henrique Elias de Mattos, o estudo mostra que esses homens também têm 92% de chances de apresentar doença arterial periférica (estreitamento das artérias nas extremidades inferiores); 66% de chances de sofrer um ataque cardíaco; e 60% de chances de desenvolver doença isquêmica do coração. Além disso, o risco de morte por qualquer causa é quase duas vezes maior entre esses homens – e o de serem hospitalizados por problemas cardiovasculares, 50% mais elevado.

“As disfunções eréteis podem ser classificadas como psicogênicas, orgânicas ou mistas. As de causa orgânica podem ser de origem vascular, neurogênica, hormonal, induzida por drogas ou estarem associadas às alterações anatômicas dos corpos cavernosos (par de estruturas de tecido erétil que recebem a maior parte do sangue do pênis durante a ereção). Ao contrário do que muitos imaginam, as causas orgânicas são muito frequentes e principalmente naquele paciente portador de problemas neurológicos, cardiovasculares ou diabetes”, esclarece o urologista do HCor.

Principais causas para a disfunção erétil

Aterosclerose: é a mais comum de todas as causas orgânicas. No mecanismo de formação das placas de aterosclerose ocorre agressão ao endotélio com consequente diminuição do diâmetro interno do vaso e dificuldade para manter o fluxo sanguíneo;

Cigarro: fumar durante muitos anos é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento de disfunção erétil de causa vascular. As substâncias tóxicas presentes no cigarro provocam danos no endotélio e diminuem os níveis de óxido nítrico no pênis. Além disso, a própria nicotina provoca contração da musculatura lisa dos vasos que irrigam os corpos cavernosos, reduzindo o aporte sanguíneo para o local;

Diabetes: as causas estão ligadas à aterosclerose mais acelerada, às alterações nos tecidos dos corpos cavernosos e à neuropatia diabética;

Hipertensão arterial: é causa importante de disfunção erétil. Tanto os medicamentos quanto a própria hipertensão podem ser responsabilizados pelas dificuldades de ereção;

Hiperlipidemia: a presença de altos níveis sanguíneos de LDL-colesterol, triglicérides e fibrinogênio estão associados à disfunção erétil tanto em fumantes como em não fumantes.

Principais sintomas e sinais

Redução do tamanho e da rigidez peniana;

Incapacidade de obter e manter a ereção;

Piora no desempenho do ato sexual.

Redução dos pelos corporais;

Atrofia testicular;

Doença vascular periférica;

Neuropatia (distúrbio das funções do sistema nervoso).

“Os fatores acima mostram que a disfunção erétil e doenças cardiovasculares compartilham fatores de risco semelhantes. A dificuldade de ereção pode constituir o primeiro indício de doença coronariana, uma vez que ambas estão ligadas a comprometimento do endotélio, estrutura essencial para a regulação das funções circulatórias”, finaliza Mario Mattos.

Câncer de próstata não é sinônimo de fim da vida sexual

Depois da descoberta ou do tratamento do câncer de próstata, uma das primeiras preocupações do homem é a recuperação da vida sexual. De acordo com Gustavo Guimarães, cirurgião oncológico e urologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo , com o avanço da medicina há abordagens pouco invasivas, além de medicamentos, cirurgias e técnicas de reabilitação que propiciam ao paciente uma melhor qualidade de vida, além do retorno à vida sexual.

“O medo da disfunção erétil e da incontinência urinária são pontos que passam a assolar a mente desses pacientes. Mas atualmente as técnicas avançadas existentes no mercado possibilitam um melhor tratamento do tumor e trazem benefícios, pois diminuem o sangramento e a dor. Elas também contribuem para uma recuperação rápida da função sexual, desde que ele tenha uma cirurgia adequada e um atendimento multidisciplinar”, explica o especialista.

O oncologista reforça que a melhor forma de prevenção é a informação. “O preconceito do homem de não ir ao médico e de não fazer o exame de toque retal está justamente ligado à falta de conhecimento dos benefícios do diagnóstico precoce”, completa. Ele também afirma que o exame de toque retal é extremamente simples, rápido, prático e indolor. “O homem, por vezes, pensa ser infalível e que nada irá acontecer com a sua saúde e, portanto, não está exposto a doenças. Esse pensamento, por si só, já é perigoso”, ressalta.

Atenção para o histórico familiar

O envelhecimento é o maior fator de risco para o câncer de próstata. O segundo fator é a hereditariedade. Se o paciente tiver dois familiares de primeiro grau com a doença, ele aumenta de seis para oito vezes as chances de desenvolver a enfermidade. “Outros fatores estão relacionados aos hábitos de vida: o sedentarismo está associado ao câncer de próstata assim como dietas pobres em frutas e verduras à obesidade. Ou seja, a prática de exercícios físicos regulares juntamente com uma dieta balanceada e visitas regulares ao urologista aumentam as chances de cura”, reforça o cirurgião.

Quando não há nenhum caso na família, o paciente pode iniciar o rastreamento aos 50 anos. Já homens negros ou que têm parentes que já manifestaram a doença, devem iniciar os exames aos 45 anos. “É bom reforçar que o câncer de próstata é assintomático e, por isso, é tão importante fazer exames preventivos regulares para descobrir a doença logo no começo”, afirma o médico.

Segundo o cirurgião, todos os tratamentos relacionados à enfermidade, como cirurgia e radioterapia, tiveram grandes avanços tecnológicos. “Nos últimos cinco anos, pelo menos uma droga nova foi lançada com excelentes resultados, transformando uma doença que antes tinha uma sobrevida curta (de dois a cinco anos) em uma doença controlável, com prognóstico de muitos anos de vida.

O conhecimento sobre o câncer de próstata que existe hoje faz com que os médicos possam, inclusive, indicar pacientes que não precisam ser tratados inicialmente e que podem ser acompanhados ao longo dos anos com extrema segurança. É o que chamamos de observação vigilante”, finaliza.

Com Assesssorias
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