No quinto e último capítulo da série sobre Saúde Organizacional,  ViDA & Ação destaca a depressão, hoje considerada a principal causa de problemas de saúde e invalidez no mundo. Além do sofrimento causado pela doença, responsável por 80% dos suicídios, a depressão é a maior causa de incapacitação para o trabalho. Esta incapacitação gera, para as empresas, custos elevados devido ao absenteísmo e, principalmente, devido ao presenteísmo, que é a queda de produtividade durante a presença no trabalho. Um tema mais do que atual, o aumento de casos de depressão no trabalho exige iniciativas e medidas preventivas em relação à saúde mental no ambiente corporativo.

Um evento gratuito no Rio nesta quinta-feira, dia 10 de agosto, vai abordar justamente essas questões. O workshop “O emocional e a saúde no universo corporativo: aprendendo uma nova visão na gestão de pessoas”, tem como objetivo proporcionar discussões e reflexões sobre os mais diversos fantasmas da vida moderna, passando da tirania da beleza, onde os padrões impostos pela mídia e redes sociais provocam doenças e sofrimentos psíquicos, ao estresse relacionado ao trabalho, impactando nos comportamentos pouco saudáveis por parte do trabalhador, o que incluiu o uso desregrado de álcool, drogas e ansiolíticos.

A depressão atinge mais de 11 % da população ao longo da vida, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que temos hoje no mundo cerca de 350 milhões de pessoas com depressão. Destas, 11 milhões vivem no Brasil, o país mais deprimido da América Latina. Mais da metade destas pessoas não tem diagnóstico, isto é, desconhecem a doença e seus tratamentos. Os dados apontam o aumento de mais de 18% de casos desde 2005, mas a falta de apoio à saúde mental, combinada ao temor comum da estigmatização, faz com que muitos não recebam o tratamento adequado para viver de maneira saudável e produtiva.

“Isto é muito triste, pois após apenas três semanas de tratamento, 50% das pessoas que estavam incapacitadas devido a depressão, podem voltar ao trabalho, ter uma vida feliz, produtiva e com qualidade”, diz o professor Wagner Gattás, titular de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Segundo Gattaz, é fundamental reconhecer a importância da saúde mental para a qualidade de vida das organizações e seus colaboradores. “Diagnosticar e propiciar o tratamento dos transtornos mentais é contribuir para a qualidade de vida de seus profissionais, assim como para a produtividade e redução de custos com a saúde para a empresa”, afirma.

Estresse ainda é o grande vilão da produtividade

Ainda de acordo com a OMS, 33% da população sofre com ansiedade. Já no Brasil o número é ainda mais assustador: 70% de sua população ativa sofre com estresse, segundo pesquisa feita pelo ISMA Brasil (International Stress Management Association). No Brasil 12% da população sofre com algum transtorno de ansiedade, calcula o Instituto de Psiquiatria do Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o que representa 24 milhões de brasileiros com ansiedade patológica. Estima-se também que 23% da população brasileira terá algum tipo de distúrbio ansioso ao longo da vida, como a síndrome do pânico.

De acordo com a psicóloga do São Cristóvão Saúde, Aline Melo, quando não estamos bem emocionalmente, nossa concentração e decisões racionais são prejudicadas. “Podemos tomar decisões impulsivas, desmotivar a equipe da qual fazemos parte, e não conseguir colaborar de maneira assertiva no mundo corporativo”, alerta. Por isso, é bastante importante conhecermos nossos limites e dificuldades para identificarmos a hora de pedir ajuda.

Para manter uma rotina saudável no trabalho, Aline aconselha a manter um ambiente organizado, praticar a tolerância e paciência com os colegas, cuidar de si e da alimentação para estar bem disposto fisicamente e emocionalmente, além de manter relações amistosas e tranquilas. “No entanto, a primeira dica é ter prazer nas atividades do trabalho que desenvolvemos, porque quando não estamos felizes com nossas tarefas tendemos a nos manter mal-humorados, contagiando as pessoas ao redor”, comenta.

Também é necessário ter um momento para  se desligar dos e-mails de trabalho fora do expediente. “Manter-se o tempo todo com a cabeça no trabalho pode interferir em seu rendimento e criatividade, pois uma mente cansada não produz tão bem quanto a de alguém que troca o foco e se distrai, nem que seja por apenas algumas horas”, explica a especialista. “Mesmo sabendo que hoje em dia a pressão e exigência das profissões solicita que o trabalhador esteja sempre conectado, seja por redes sociais, e-mail, ou até mesmo por ligações, respeitar os limites é extremamente importante para não adoecermos”.

Os principais sintomas de quem está sofrendo com o estresse no trabalho são ansiedade excessiva, angústia, sentimento de tristeza e não conseguir aproveitar os momentos de lazer por não conseguir desconectar. O ideal é saber estabelecer prioridades e lidar com pressões sem se desesperar, por esse motivo os momentos de relaxar, seja com a família, amigos ou praticando algum hobby, são essenciais. “Tentar identificar prazer e não somente obrigações nas atividades do trabalho também ajuda muito a levar o período em que se está trabalhando de forma mais leve e saudável”, conclui a psicóloga.

A síndrome que define essas sensações é chamada Burnout, que pode ser reconhecida como um esgotamento profissional. “Essa síndrome pode ser confundida com depressão, porém, na verdade, está relacionada aos desgastes vividos com frequência pelo trabalhador. O tratamento muitas vezes inclui medicamentos e psicoterapia”, explica Aline. “A síndrome de burnout é voltada especificamente ao ambiente de corporativo traz sintomas depressivos característicos, como diminuição do ânimo, tristeza e distúrbios do sono, e é acompanhado por um marcante desinteresse no trabalho e pela negação de valores ligados a ele”, completa Gattaz.

Causas, sintomas e tratamento

Mais incidente na população feminina, a depressão é caracterizada por alterações emocionais e físicas. “A doença afeta o corpo de uma forma sistêmica. Então, inclui desde sintomas psíquicos, como perda da capacidade em sentir prazer, tristeza profunda e apatia, até sinais físicos, como alterações de sono e apetite, cansaço e aumento de quadros infecciosos e inflamatórios”, descreve a psiquiatra Giuliana Cividanes, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

As causas da doença incluem desde fatores genéticos até experiências de vida do paciente. “A depressão é multifatorial: pode ser desencadeada por aspectos biológicos, genéticos e ambientais, como o estresse e dificuldades da vida. Nesse sentido, a própria personalidade influencia, já que cada pessoa reage de uma forma às diferentes situações”, ressalta. Algumas doenças sistêmicas, o uso de drogas e o alcoolismo também aumentam o risco de desenvolver o distúrbio.

O tratamento varia de acordo com o grau de evolução da doença. No entanto, o melhor é o multidisciplinar, que inclui a psicoterapia e o tratamento médico.  Também é importante que o paciente retome gradualmente suas atividades – e até mesmo adote novos hobbies, como dança, meditação, caminhada, entre outros. “A pessoa deprimida sofre prejuízos sociais (pois tende a se isolar) e também físicos, já que perde condicionamento, pela falta de energia”, pontua Giuliana. “Praticando atividades físicas, por exemplo, o paciente melhora o equilíbrio mental e volta a reconhecer o próprio corpo, o que traz melhora da autoestima. Além disso, a dança é uma atividade que ajuda na reintegração social, pois estimula a socialização”, finaliza.

VEJA MAIS – SÉRIE SAÚDE ORGANIZACIONAL

Workshop sobre saúde emocional no universo corporativo

Doenças como depressão, ansiedade e síndrome do pânico serão debatidas no dia 10 de agosto, no Rio Othon Palace, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.  O workshop “O emocional e a saúde no universo corporativo: aprendendo uma nova visão na gestão de pessoas” é resultado de uma parceria entre as empresas OmniaSafe Consultoria em Seguros e a DoctorSafe Soluções em Gestão Médica.

“Neste primeiro encontro, as questões psicológicas serão o nosso foco. E se elas já são tratadas por diversos países, por aqui ainda é um tabu. Segundo dados científicos, a maioria da população de países desenvolvidos sofre com algum distúrbio psicológico ou comorbidade oriunda de problemas desta área, o que sinaliza um agravamento para a próxima década”, explica Leonardo Luna, cardiologista e sócio da DoctorSafe.

Outro ponto que será abordado é a Gestão de Sinistralidade, que segundo Luciana Santana, diretora técnica da OmniaSafe, é uma prática muito mais complexa do que simplesmente receber periodicamente os números de sinistro e o “resumo” usual de informações dos contratos aos quais as operadoras e seguradoras informam.

“Uma gestão eficaz trabalha triangulando os dados do contrato Privado de Saúde, a Medicina do Trabalho e Recursos Humanos. Só desta forma, é possível conter ou conhecer o risco “admissão”, cuidar do que já existe, obter eficácia na regressão de casos crônicos de alto custo, e trabalhar nos casos classificados como “futuros de alto risco” aplicando medidas conservadoras buscando com segurança, não somente redução de custos médicos, como principalmente como gerenciamento médico correto, determinar melhores terapias, atendimento e acompanhamento”, afirma.

O workshop tem como clientes finais as Diretorias Financeira e de Pessoas das empresas. “Buscamos as empresas que desejam ou já possuem algum programa preventivo com foco na Qualidade de Vida, tendo como consequência a motivação, a obtenção dos níveis de serviço e padrões de qualidade e o aumento de produtividade e dos resultados financeiros”, finaliza Mario Rocha, sócio da OmniaSafe e diretor comercial. Mais informações no site http://omniasafe.com.br/

Da Redação, com assessorias

 

 

 

 
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