O ano era 1911. À época capital federal, o Rio de Janeiro teve o maior número de mortes durante a epidemia da gripe espanhola: quase um terço dos 35 mil mortos em todo o país. Moradora da Rua Alice, no bairro Laranjeiras, zona sul carioca, Christina Oliveira era denunciada por não cumprir intimação de autoridade sanitária em seu apartamento.

Entre as exigências feitas pela Procuradoria dos Feitos da Saúde Pública no processo aberto pela Justiça Sanitária estavam colocar venezianas em todos os dormitórios; retirar o tapamento de madeira que dividia o banheiro do gabinete da latrina; e retirar as paredes que envolviam a bacia da latrina e substitui-las por outras de material mais moderno.

Após um pouco mais de um século da epidemia de gripe espanhola, os desafios sanitários e as discussões sobre vacinação parecem os mesmos. É o que revela a exposição “Pandemias e Epidemias no Rio de Janeiro”, que marca a reabertura do Museu da Justiça do Rio de Janeiro, que estava fechado desde março de 2020 por causa da pandemia de Covid-19.

Aberta ao público nesta segunda-feira (18/10), a mostra relembra e conta as principais epidemias e desafios da saúde pública na cidade do Rio, desde a época colonial até os dias atuais, a partir de documentos judiciais, dados, fotos, charges e notícias de cada época. O trabalho foi realizado pela equipe de museólogos do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).   

Além da gripe espanhola, que tem espaço de destaque na exposição, ao longo do Salão dos Passos Perdidos o visitante poderá conhecer um pouco da história de outras epidemias, como as de varíola e febre amarela, e como a Ciência foi se aprimorando e se desenvolvendo para garantir a saúde e o bem-estar da população. Os documentos judiciais expostos que foram restaurados pela equipe do Museu apresentam a realidade do cotidiano em cada epidemia.

Personagens como Carlos Chagas e institutos de pesquisa como a Fundação Oswaldo Cruz também têm papel de destaque na mostra, agentes de grande relevância tanto para a ciência brasileira e mundial, como para os costumes e mudanças na cidade do Rio. Registros como o inventário do Barão de Pedro Affonso, professor de patologia e fundador do Instituto Vacínico, de 1920, também trazem um pouco mais da vida à época.

600 mil mortes, uma tragédia nacional

Ao classificar como “tragédia nacional” as mais de 600 mil mortes pelo coronavírus, o presidente do TJRJ, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, comparou a atual pandemia à gripe espanhola, um dos momentos de maior dificuldade na história da Rio. E ressaltou a importância da memória e da preservação como ferramentas de fortalecimento de uma sociedade que respeita a ciência e protege o bem comum.

“Assim como na Gripe Espanhola, que caiu no esquecimento e pouco se falava, agora voltamos a ter uma nova pandemia e as mesmas batalhas são travadas. Discute-se se as vacinas são boas, são ruins, se elas protegem, que medidas devem ser tomadas para proteger a população. Nessas discussões os interesses políticos devem ficar para trás e a ciência deve sempre prevalecer, pois é ela que garante o bem-estar da sociedade. Precisamos ter os ouvidos abertos à ciência”, disse.

Ainda segundo ele, o painel que conta a atuação do Poder Judiciário fluminense nos últimos dois anos, durante a pandemia de Covid-19 reforça a importância do TJRJ na resolução de conflitos e na transparência pública. O julgamento do impeachment do ex-governador Wilson Witzel, o primeiro na história do estado, é relembrado na mostra.

Witzel foi condenado pelo Tribunal Especial Misto (TEM) por corrupção na Secretaria de Saúde. A ação por organização criminosa aberta contra o ex-secretário de Saúde Edmar Santos, e outros casos de desvio de dinheiro público na aquisição de insumos e equipamentos hospitalares também são destaques na mostra.

Gilmar de Almeida Sá, do Serviço de Acervo Textual e Audiovisual e Pesquisas Históricas do TJRJ, disse que a exposição foi elaborada para evidenciar e discutir a atuação do poder público nos principais problemas de saúde pública no Rio de Janeiro, especialmente do Poder Judiciário.

“Nossa ideia é contar, partindo desde o início com a inauguração da cidade, como essas doenças afetaram e modificaram a vida e a história do Rio, as principais personagens e os efeitos sociais, urbanos e científicos do combate às epidemias que, infelizmente, muitas vezes foi utilizado para outros fins que não o bem-estar da população”, disse.

O desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira destacou o papel da Justiça em defesa da Ciência. “Mais uma vez o TJ-RJ trabalha observando o ambiente social, mais uma vez nos lançamos à uma área muito cara da sociedade, que necessita de muito apoio, que é a ciência”, defendeu. Ainda segundo ele, as peças expostas relativas a pessoas e eventos sobre pandemias e a saúde social são muito importantes e contam a história do Judiciário brasileiro e da cidade.

Cuidados sanitários

Para entrar no Museu, é preciso estar usando máscara, apresentar a carteira de vacinação com pelo menos duas doses ou a dose única, além de passar pela verificação de temperatura.

O limite mínimo de idade para a comprovação da vacinação vai acompanhar o calendário de vacinação da prefeitura, ou seja, vai mudar de acordo com a faixa etária que já pode se vacinar. Os visitantes poderão ter acesso a todos os espaços do museu.

O Museu voltará a agendar a visita de grupos com número ilimitado de pessoas, contanto que todos cumpram as determinações para entrada no museu. Será obrigatório o uso de máscara durante toda a visita.

600 mudas de árvores para lembrar 600 mil vidas perdidas

Profissionais da Saúde, reunidos com o Grupo de Amigos Corrente do Bem da Zona Oeste, e moradores da Região do Parque do Maciço da Pedra Branca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, farão uma homenagem às 600 mil vítimas da Covid-19, nesta quinta-feira (21/10) as 10h, reflorestando uma parte da Mata Atlântica do Parque, que foi destruída por incêndios provocados pela estiagem de chuvas deste período.

Segundo um dos criadores do grupo Corrente do Bem da Zona Oeste, Bruno Chagas, homenagear estas vítimas com plantio de árvores nativas da Mata Atlântica é um ato de amor à vida. “É muito triste chegarmos a uma marca tão grande de vítimas do novo coronavírus, mas também é muito significativa está homenagem, reciclando a vida de parte desta floresta do Parque, que sofreu com incêndios, neste período seco. Este momento será mais que uma homenagem a estas vidas, mas também um ato de amor à vida”, diz.

As mudas foram doadas, e levadas ao local de plantio, pelos voluntários que apoiam o grupo. Na ocasião, parentes que tiveram familiares, parentes, e amigos que faleceram em decorrência da doença, poderão prestar uma homenagem aos seus entes, “batizado” as mudas com seus nomes.

Live sobre Outubro Rosa

Este mês é conhecido como “Outubro Rosa” por conta das atenções voltadas à saúde da mulher, principalmente na prevenção do câncer de mama. Preocupada e consciente, a startup de lojas autônomas Onii preparou uma live especial para falar e tirar dúvidas sobre o tema.

live acontece no Instagram da Onii, na quarta-feira (20), a partir das 20h, e vai contar com participação da ginecologista e obstetra Bruna Parreira e será mediada por Carolina Rossi, da Onii. Além da live, a Onii preparou um e-book sobre o Outubro Rosa que ficará disponível, mesmo após a live, no link. 

Com Assessorias e Agência Brasil

 

 

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