Engana-se quem pensa que AVC (Acidente Vascular Cerebral) – o popular derrame cerebral – é uma doença exclusividade de idosos. O sintoma mais comum do AVC infantil é a paralisia de um dos membros ou de lado do corpo. Dificuldade de falar ou compreender o que ouvem e na articulação da fala, tontura, desequilíbrio e visão dupla também são observados.

Neste Dia Mundial do AVC (29 de outubro), especialistas alertam para o problema. Diferentemente do que ocorre no adulto, em crianças outros sintomas comuns são crises epilépticas, dores de cabeça, confusão, irritabilidade e alterações do comportamento. O diagnóstico é feito a partir de exame de imagem, como tomografia. Em casos de recém-nascidos, eles podem eventualmente ser identificados em exame de ultrassom pré-natal.

As causas do AVC infantil são distintas das que acometem adultos. Também diferem entre aqueles que ocorrem durante a gestação ou nas primeiras semanas de vida, os chamados AVCs perinatais, e os que acontecem após esse período.

Recém-nascidos e crianças com doenças cardíacas, alterações dos vasos cerebrais ou doenças genéticas que propiciem a formação de trombos (coágulos que impedem a circulação do sangue) são mais propensas a sofrer com a enfermidade

“No caso de AVC perinatal, existem fatores de risco relacionados à gestante, como a hipertensão arterial sistêmica e diabetes, pré-eclâmpsia, uso de drogas ilícitas, e outros relacionados ao recém-nascido, como distúrbios hematológicos (no sangue), doenças cardíacas, infecções, traumas e desidratações. Já, entre os fatores de risco associados ao AVC na infância e adolescência, são mais comuns as doenças arteriais, as cardíacas e as hematológicas”, explica a neurologista Ana Carolina Coan, vice-coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Infantil da ABN (Academia Brasileira de Neurologia).

Nos episódios perinatais, o sintoma mais comum é a crise epiléptica. O recém-nascido pode apresentar-se sonolento ou com alteração do padrão da respiração. Muitas crianças ficam assintomáticas nas primeiras semanas ou meses de vida. “Após o período neonatal, a criança pode apresentar qualquer sintoma ou sinal neurológio súbito”, reforça a neurologista.

Fatores de risco e tratamento são diferentes

O AVC na infância se diferencia dos ocorridos em adultos em relação aos fatores de risco, sintomas e também em relação ao tratamento. No caso de adultos, existe a possibilidade de usar medicação nas primeiras horas após o acidente, para dissolver o coágulo e diminuir as chances de sequelas neurológicas. Em crianças, a segurança e eficácia do uso dessa medicação ainda não foram determinadas.

Caso o responsável perceba que a criança ou o adolescente está tendo um AVC, deve encaminhá-la rapidamente para um serviço de emergência médica.

“Após esses primeiros cuidados da fase aguda, é importante prosseguir com a investigação das possíveis causas associadas ao AVC, além do início, o mais precocemente possível, de terapias de reabilitação, como fisioterapia, fonoterapia e terapia ocupacional. Esse passo é muito relevante, pois o AVC na infância apresenta impacto significativo no neurodesenvolvimento, com a possibilidade de dificuldades físicas e intelectuais a longo prazo”, explica a médica.

A boa notícia é que, em alguns casos, o AVC pode ser evitado. Há alguns fatores de risco associados aos AVCs na infância, como doenças gestacionais maternas que podem ser identificados e tratados, evitando-se, assim, a sua ocorrência.

Fonte: ABN (Academia Brasileira de Neurologia)

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