Mais empatia com aqueles que estão doentes e por aqueles que cuidam deles. Esta foi a lição deixada pela Covid-19 para duas profissionais de Enfermagem que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus em hospitais privados de São Paulo e do Rio de Janeiro desde os primeiros registros da doença. Acostumadas a lidar com a dor alheia, de uma hora para outra, elas se viram no papel de pacientes.

A descoberta do diagnóstico no dia 20 de abril foi preocupante para a família, mas Érica mostrou seu lado mais forte. “Todos ficaram apreensivos. Minha mãe ficou muito angustiada por estar no grupo de risco. O isolamento foi muito difícil para mim. Mas percebi que era minha missão e que passaria bem por isso. Precisava fazer meu melhor para não colocar pessoas amadas em risco”, comenta.

Para Kátia Simone Cruz Azevedo, de 51 anos, a rotina de cuidados e tratamento com os contaminados mudou no momento em que ela tornou-se paciente do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, onde trabalha há 20 anos e hoje é gerente de enfermagem. Com o diagnóstico positivo para o vírus, Kátia precisou passar por internação e isolamento, que segundo ela, não foram dias fáceis – mesmo com conhecimento técnico sobre o processo.
Fiquei oito dias em isolamento, e foi um momento complicado, mas sempre me mantive confiante. Neste período percebi o quanto os meus colegas de trabalho se empenham em oferecer apoio médico e emocional para amenizar a distância da família e dos amigos, algo absolutamente necessário para a evolução do tratamento e evitar mais contaminações”, contou.
Érica teve que se afastar do marido e da filha
Por viver com o marido e a filha de 6 anos, Erica teve que se afastar da família. Foi a parte mais dura, diz ela. “Assim que tive os primeiros sintomas, antes mesmo de fazer o teste, pedi que minha mãe ficasse temporariamente com minha filha. Dentro de casa, ficava mais tempo isolada e utilizava máscara quando precisava sair do quarto. Separamos nossos objetos de uso pessoal e reforçamos a higienização e o arejamento da casa”, explica.
Apesar das medidas cautelosas, o marido de Erica acabou sendo infectado pouco tempo depois: “No caso dele, foi um pouco mais grave. Como tive sintomas brandos, não precisei recorrer ao hospital. Ele, por outro lado, apresentou falta de ar e precisou passar dois dias no CTI. Hoje já está recuperado e fazendo fisioterapia respiratória.”.
Elas voltaram ao front “com força total”

No dia da alta, eu olhei todos e senti muita gratidão pelo que fizeram por mim e por outras pessoas. Compreendi a importância do nosso trabalho. Esta experiência reforçou minha empatia com os pacientes e suas individualidades, por isso, voltei com ainda mais empenho para ajudar a curar outras pessoas que estão passando pelo mesmo problema”, reforça.
Mesmo diante das dificuldades, a enfermeira Érica comenta que os 14 dias de afastamento a motivaram para voltar à atividade com força total. “Já retornei à ação. Está no meu sangue. O cansaço é grande, mas ver a situação dos nossos colegas da enfermagem nos motiva muito e nos faz perceber que precisamos estar no lugar deles. Sempre fui muito empática, mas a pandemia trouxe uma nova perspectiva de empatia e solidariedade. Se eles não podem, eu preciso poder por eles”, comenta Erica.
Papel da equipe é fundamental para a cura

Sobre o papel dos profissionais de Enfermagem, ela comenta. “O trabalho em conjunto com o médico é essencial – a enfermagem executa todas as suas orientações durante 24 horas. Prestamos cuidado à saúde, alimentamos os internos, damos banho, acolhemos, damos afeto, fazemos curativos. Somos profissionais fundamentais para que o paciente saia do CTI de volta para suas famílias”, finaliza Erica.
Com Assessorias




