De uma hora para outra, o modo como as pessoas se relacionavam sofreu uma severa transformação. O uso intensivo da tecnologia tomou conta do cotidiano, transformando o contato físico em gestos virtuais. Longe dos abraços, apertos de mão, encontros casuais ou marcados, cada indivíduo se viu impedido de se aproximar do outro devido ao novo coronavírus.

Avançando ferozmente, a Covid-19 substituiu o encontro presencial pelo convívio a distância, isolando amigos, parentes e também desconhecidos. Essa virtualização migrou para a área da saúde, com a telemedicina ganhando força pelo mundo a fora. A medida, ainda que temporária, enfim chegou após pressão de diferentes setores da sociedade.

Facilitadora de processos, ao conectar médicos a pacientes, a medicina online surgiu como alternativa àqueles que, de uma forma ou de outra, optam pela intermediação do computador, celular ou tablet ao invés do contato físico. Autorizada pelo Governo Federal em maio deste ano, a telemedicina coloca as pessoas em conexão com a saúde de forma online, individual e estruturada. E há motivos de sobra para adotar a nova modalidade de atendimento médico. Maior comodidade e proteção estão no topo da lista, já que a pandemia trouxe junto a insegurança em sair de casa por causa do contágio.

Atentas a esse “novo normal”, diversas empresas passaram a disponibilizar o atendimento online por meio de modernas tecnologias digitais que promovem a assistência médica a pacientes, clínicas, hospitais e profissionais da área da saúde. É o caso da Iron Bate, que está no Brasil atendendo remotamente, em todo território nacional, principalmente pessoas com suspeitas da Covid-19 ou com sintomas de síndrome gripal.

Pela telemedicina, enviamos o pedido de exame sem que a pessoa precise enfrentar a emergência de um hospital ou a espera por atendimento”, explica Patricia Vieira, diretora da equipe médica multidisciplinar da Iron.

Nos primeiros 70 dias de funcionamento, a empresa, com sede e Los Angeles, nos Estados Unidos, registrou mais de 50 mil atendimentos.  “Em média, realizamos mil atendimentos diários. A nossa expectativa é que esse número cresça para 5 mil nos próximos 3 meses”, afirma Jorge Ferro, diretor e fundador do grupo Iron.

De olho no segmento, a VidaClass, uma startup criada em 2014, oferece serviços de telemedicina com vídeos chamadas por meio da plataforma virtual.  São 25 mil profissionais de saúde e mais de 200 mil usuários cadastrados. Para fazer a consulta, o paciente escolhe pela internet o profissional desejado, preço, distância e especialidade. Por meio do recurso de geolocalização, a plataforma encontra o médico e a opção que mais se encaixa no interesse do paciente e finaliza a solicitação. 

Além disso, o sistema online mostra quem são os profissionais disponíveis e os descontos oferecidos. VidaClass é uma ferramenta que pode agilizar e facilitar o atendimento”, explica Vitor Moura, diretor da empresa. A plataforma oferece, ainda, serviços de seguros que garantem internação hospitalar e entrega em domicílio de medicamentos.

Permitida por Lei

Em maio deste ano, o Governo Federal sancionou, em caráter temporário, a Lei nº 13.989 que permite o uso da telemedicina em todas as áreas da saúde durante a pandemia do novo coronavírus. O objetivo é aliviar hospitais e centros de saúde do aumento do número de atendimentos presenciais com a assistência de pacientes a distância.

Após o período, as atividades médicas por vias remotas deverão ser reguladas novamente por lei específica.  A legislação proíbe, entretanto, a substituição da receita médica em papel por receitas médicas apresentadas digitalmente, mesmo com assinatura eletrônica ou digitalizada do médico.

justificativa do Governo é de que a falta de receita física ”poderia gerar o colapso no sistema atual de controle de venda de medicamentos controlados, abrindo espaço para uma disparada no consumo de opioides e outras drogas do gênero, em descompasso com as normas técnicas de segurança e controle da Agência de Vigilância Sanitária“, segundo publicado pela Agência Brasil. 

A consulta deverá seguir os mesmos padrões normativos e éticos do atendimento presencial, inclusive em relação aos pagamentos. Para deixar claro, o médico precisa avisar ao paciente das limitações da modalidade, como a impossibilidade de exames físicos.

Não é a primeira vez

Um mês foi o prazo que durou a permissão da telemedicina no Brasil em 2019. Regulamentada em 6 de fevereiro, por meio da Resolução nº 2.227 do Conselho Federal de Medicina (CFM), a prática voltou a ser proibida em 6 de março daquele ano. A norma trazia, entre outros pontos, regras para o atendimento médico usando tecnologia, troca de informações de diagnóstico e telecirurgias.

O CFM tomou a decisão de suspender a medida após protestos de médicos e entidades que se posicionaram contra a modalidade de atendimento. Com a deliberação, voltaram a valer as regras de 2002 sobre o tema, que definem que a telemedicina pode ser usada para assistência, educação e pesquisa em Saúde e não mais para a prevenção de doenças, lesões e promoções de saúde.

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