De acordo com a Pesquisa de Vigilância dos Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas, realizada pelo Ministério da Saúde em 2020, aproximadamente 42% da população brasileira demonstra algum problema com o sono durante a pandemia. Desde sempre se fala muito sobre os maus hábitos rotineiros e como eles interferem na qualidade de vida e consequentemente no sono. Mas a dúvida é, quando eles ganham potência para interferir na qualidade do sono de uma pessoa?

Informações coletadas em uma análise da startup Vigilantes do Sono, incluindo dados de aproximadamente 70 mil noites de sono registradas por mais de 6 mil pessoas no último ano, demonstram que os maus hábitos que mais influenciam negativamente o sono das pessoas são na respectiva ordem: nicotina, cafeína, refeição pesada e bebidas alcoólicas.

Um estudo realizado pela Royal Philips identificou que 74% dos brasileiros enfrentam um ou mais problemas de sono, sendo que 50% relataram que a pandemia afetou diretamente a capacidade de dormir bem.

Esses fatores aliados à má alimentação podem desencadear uma piora na qualidade do sono, como indica a análise realizada pela startup Vigilantes do Sono, a partir de 70 mil noites de sono registradas por mais de 6 mil pessoas que utilizaram o programa digital, indicam que consumir refeição pesada perto do horário de dormir aumenta em média 44 minutos o tempo que a pessoa permanece acordada na cama sem dormir. Isso acontece porque o organismo dá prioridade à digestão e não ao sono.

No que se refere ao consumo de cafeína, ao ingerir a bebida até cinco horas antes de dormir, a pessoa fica em média 42 minutos a mais na cama e acaba dormindo 12 minutos a menos. Já sobre o consumo de bebidas alcoólicas, as informações da Vigilantes do Sono afirmam que o álcool possui um efeito negativo que perturba a qualidade do sono, o que faz as pessoas acordarem mais cansadas e com menos disposição.

Segundo Laura Castro, sócia e diretora de psicologia na Vigilantes do Sono, “ao consumirmos alimentos mais pesados e bebidas mais energéticas antes de dormir o nosso corpo adquire um estado de alerta, quando na realidade deveria estar se preparando para adormecer, no caso da cafeína ela ainda atua com uma energizante e pode desregular o relógio biológico”, esclarece a especialista.

Ainda segundo Laura, a cafeína por ser uma antagonista da adenosina (molécula que seu corpo identifica que seu corpo está cansado), engana seu corpo, fazendo pensar que ainda não está cansado e, desse modo, desestimulando o sono. “A cafeína também atrasa em 40 minutos a produção de melatonina, que controla nosso relógio biológico, quase a metade do retardo causado pela exposição à luz brilhante, retardando consequentemente o período de sono

Contudo, é importante dizer que a cafeína nem sempre é uma vilã contra o sono. Ela pode ser importante ao ajudar a enfrentar o “jet lag” das viagens intercontinentais, e muitas vezes ser uma aliada quando praticada a técnica de restrição de sono, de forma a ajudar uma pessoa a aguentar a sonolência até o período adequado de ir para a cama” explica Laura.

O álcool por outro lado, não é estimulante como o café e, por isso, muitos têm o costume de beber algo para pegar no sono mais fácil. “O problema aqui é que existe um efeito rebote. O álcool desregula o sono, atrapalhando principalmente a segunda metade da noite. Em nossa pesquisa vimos que mesmo as pessoas passando mais tempo dormindo, elas alegam acordar mais cansadas e com menos disposição”, explica.
“Pensando em saúde e qualidade de vida, não podemos deixar de dizer que no caso da nicotina, o melhor dos cenários seria a abdicação total, mas se você é fumante e tem problemas com o sono, já adianto que quanto maior for o intervalo entre o último cigarro e o início do sono, melhor”, comenta a psicóloga.

4 hábitos que influenciam na hora de dormir

 Confira os efeitos estimados que estes maus hábitos podem ter sobre o sono e pondere o quanto esses impactos podem ser significativos para você. Lembrando que essas influências variam de pessoa para pessoa, e também que o segredo é sempre não exagerar, pois como tudo na vida, bom senso e equilíbrio podem fazer toda a diferença.

Nicotina

Pare de fumar até duas horas antes de dormir!
Por que? Os dados coletados pela Vigilantes do Sono indicam que quando uma pessoa fuma até duas horas antes de dormir, ela demora em média 21 minutos a mais para pegar no sono e ainda fica mais tempo acordada na cama após despertares noturnos espontâneos, até 26 minutos. Ou seja, apesar de ficarem em média 41 minutos a mais na cama nos dias que fumam próximo ao horário de dormir, mesmo assim dormem 34 minutos a menos.

Cafeína

Não ingerir cafeína até cinco horas antes de dormir!
Por que? A análise aponta que ao consumir cafeína até cinco horas antes de dormir, semelhante ao que ocorre no consumo de nicotina, mesmo a pessoa ficando em média 42 minutos a mais na cama, acaba dormindo 12 minutos a menos, pois demora até 14 minutos a mais para pegar no sono e o tempo em vigília na cama sem conseguir voltar a dormir pode chegar a 30 minutos.

Refeição pesada

Não comer de forma exagerada até duas horas antes de dormir!
Por que? A refeição pesada até duas horas antes de dormir tem um efeito parecido ao da nicotina e da cafeína. Nos dias que as pessoas relatam jantar mais tarde e perto do horário de dormir, aumentam em 8 minutos o tempo que leva para pegar no sono e ficam 23 minutos a mais acordadas na cama, o que rende da mesma maneira um aumento médio de 44 minutos no tempo de cama, mas com 6 minutos a menos no tempo de sono.

Bebidas alcoólicas

Não consumir bebidas alcoólicas até três horas antes de dormir!
Por que? Quem ingere álcool até três horas antes de dormir pode até conseguir reduzir em 5 minutos a latência para iniciar o sono e aumentar em até 13 minutos o tempo total de sono. Acontece que o álcool tem um efeito negativo que atrapalha a qualidade do sono, fazendo com que as pessoas acordem mais cansadas e com uma média na escala de disposição significativamente menor.
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