O HPV, sigla em inglês para papilomavírus humano, é nada mais nada menos que a doença sexualmente transmissível mais comum na população. Tanto é que, em 2017, o Ministério da Saúde afirmou existir prevalência deste vírus em 54,6% dos brasileiros sexualmente ativos.

Apesar de o organismo da maioria das pessoas combater os efeitos da enfermidade sem a necessidade de remédios, é preciso tomar a vacina e realizar exames como Papanicolau e Colposcopia, no caso das mulheres, e Peniscopia, dos homens, porque os tipos mais nocivos do HPV podem até mesmo evoluir para câncer.

“Existem cerca de 200 tipos de vírus HPV na natureza. Desses, temos uns dez de alto risco e dois de baixo risco que são mais comuns. Os que oferecem mais risco podem progredir para uma forte infecção ou até mesmo para um câncer. Os de baixo risco, por sua vez, causam apenas verrugas genitais”, explica o ginecologista Flávio Zucchi, que é coordenador das pós-graduações de Colposcopia do Cetrus.

O médico aproveita para ressaltar que medo e desconhecimento são razões que levam as pessoas a não realizarem exames periódicos e a não procurarem ajuda quando notam indícios da doença – estes “alertas” aparecem geralmente no ânus e na região genital.

“As verrugas genitais são lesões de baixo risco, com carga viral, mas que não transmitem câncer. Elas vão transmitir outras verrugas. O tipo que causa o câncer está mais escondido. Você precisa do Papanicolau, Colposcopia e Peniscopia para fazer o diagnóstico dele”, afirma o ginecologista.

Vacina oferecida no SUS protege contra verrugas

Segundo ele, o que mais tem preocupado o jovem hoje, mas o que menos tem importância, são as verrugas. A vacina quadrivalente, que é oferecida gratuitamente na rede pública, sobretudo para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, protege contra essas verrugas.

Flávio Zucchi ressalta que ela é quadrivalente justamente porque atua contra dois tipos de HPV que causam câncer e dois tipos que proporcionam o aparecimento de verrugas. Outro ponto destacado por ele é o fato de as adolescentes e as mulheres sexualmente ativas serem as grandes vítimas da doença.

“O pênis tem um tipo de pele mais espessa e, assim, o vírus tem mais dificuldade de penetrar. No caso das mulheres, elas têm mais mucosa na região da vagina, vulva e no colo do útero, que são mais expostas. Dessa forma, o homem ´só vai ver alguma coisa quando aparecer uma verruga. Além disso, ele vai ter poucos ou nenhum sintoma. Mas a menina pode começar a sentir coceiras, corrimento e dor na relação”, indica.

O Dr. Flávio Zucchi recomenda que as pessoas busquem a ajuda de especialistas sempre que notarem anormalidades em si mesmas.

“A mulher deve recorrer ao ginecologista especializado no trato genital inferior, médico que faz a Colposcopia. Já os homens podem ir ao urologista. Ambos os sexos, entretanto, podem precisar do médico proctologista no caso da existência de lesões perianais (verrugas)”, completa

Confira perguntas comuns e respostas esclarecedoras sobre o HPV

De acordo com ginecologista Flávio Zucchi, ter acesso a informações claras sobre o HPV ajuda na prevenção. É assim que as pessoas são “convencidas” a tomar/renovar a vacina e buscar a realização dos exames necessários.

Muitos pacientes, diz o especialista, recorrem a informações incompletas e/ou imprecisas sobre a doença na internet, tirando conclusões precipitadas e que geram pânico desnecessário.

1 – Como se contrai o HPV?

A principal forma de contrair o HPV é tendo relação sexual com alguém que tem a doença. Isso, entretanto, não anula o contagio por meio de um mero contato com a pele e mucosas infectadas, o que é mais raro.

2 – O HPV fica incubado?

Se você nota indícios da doença agora, como verrugas, não necessariamente você contraiu nos últimos dias ou na última semana. O vírus de baixo risco pode ficar incubado no seu corpo, sem se manifestar, de 4 a 6 semanas.

3 – Por que o HPV se manifesta?

O atrito causado pelo ato sexual pode fazer um vírus incubado se manifestar. Na relação sexual, conforme antecipou o Dr. Zucchi, as mulheres são as grandes vítimas do HPV por terem regiões mais expostas.

4 – O HPV pode evoluir para quais cânceres?

Quando não identificados e tratados, 13 dos cerca de 200 tipos de HPV podem evoluir para infecções e para câncer do colo do útero, além de outros mais raros, caso do câncer de boca e do câncer de garganta.

5 – Por que continuar fazendo exames preventivos após a vacina? 

A vacina é quadrivalente, protegendo contra quatro tipos de vírus. Mas o indivíduo ainda fica exposto a centenas de outros tipos, inclusive a silenciosos, que causam o câncer.

6 – A vacina é importante também para quem já tem HPV? 

Sim, ela é essencial também para quem já tem o HPV porque ajuda essa pessoa a desenvolver mais anticorpos e a se prevenir contra os outros tipos mais comuns da doença.

7 – Como o HPV pode ser identificado e tratado?

Após o resultado positivo de exames como Papanicolau e Colposcopia (mulheres), além de Peniscopia (homens), diversos são os tratamentos, mas dependerá do caso: existem cauterizações, aplicação de ácido, vaporização com laser de CO2 e pequenas cirurgias para retirada de lesões.

8 – Por que algumas pessoas não são afetadas pelo HPV? 

O organismo da maioria das pessoas produz anticorpos fortes o suficiente para barrar a evolução do HPV no corpo, mas só os exames são capazes de aferir que não existe a ação do vírus.

9 – Por que o SUS só vacina meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos? 

Estudos mostram que a resposta imunológica do organismo é mais alta na pré-puberdade, mas a vacina é essencial para todos com vida sexualmente ativa.

Sobre o Dr. Flávio Zucchi

Graduado pela Universidade de Mogi das Cruzes e Doutor em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp, traz no currículo especialidades como Ginecologia, Obstetrícia, Colposcopia, Laparoscopia. Detém títulos de Colposcopia e Patologia do Trato Genital Inferior pela Febrasgo; de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela mesma instituição; e de Mestre em Ginecologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É membro da Sociedade Brasileira de Laser, da Febrasgo e da Sogesp.

 

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