Os brasileiros consomem 50% a mais de açúcar do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso significa que, por dia, cada brasileiro, consome em média 18 colheres de chá do produto (o que corresponde a 80g de açúcar/dia), quando o recomendado seria até 12. Desse total, 64% corresponde à açúcares adicionados, aquela colherzinha a mais que você coloca nos alimentos. O restante do consumo é o açúcar presente nos alimentos industrializados.
O alto de açúcar já impacta no aumento de doenças crônicas não-transmissíveis. Na última década, o diabetes cresceu 54% nos homens e 28,5% nas mulheres. Outra doença que tem crescido entre os brasileiros, e que está relacionada com o alto consumo de açúcar, é a obesidade. A condição clínica subiu mais de 60%.
Um dos grandes vilões da saúde, o açúcar, especialmente o branco, pode causar vários problemas, como diabetes, obesidade, colesterol alto, gastrite, cárie nos dentes, diminuição da memória, gordura no fígado, miopia, pressão alta, acne, prisão de ventre e até câncer. Além disso, o produto fornece apenas calorias vazias para o organismo, pois ele não contém vitaminas nem minerais, que são nutrientes essenciais para o bom funcionamento do corpo.
A OMS estabeleceu que o consumo diário de açúcar não deve ultrapassar 25g, o que equivale a uma colher de sopa cheia, mas o ideal é evitar ao máximo a ingestão desse alimento, pois o corpo não precisa dele para funcionar bem.
Rudinéia Oppermann, nutricionista da FeelJoy, empresa de alimentos funcionais ultracongelados 100% naturais, sem lácteos e glúten, separou seis dicas bem simples de como podemos reduzir o consumo de açúcar no nosso dia a dia:
- Nas receitas, troque o achocolatado por cacau;
- Aqueles biscoitos recheados do lanche devem ser substituídos por nuts e oleaginosas. Além de ser mais nutritivo para o seu lanche, vai segurar sua fome por mais tempo;
- Ao consumir molhos, prepare você mesmo o seu. Assim, garante a não adição de açúcares. Molhos industrializados contém uma boa quantidade deaçúcar;
- Refrigerante, nem pensar. É um poço de açúcares! Tente trocar por água ou sucos naturais sem adoçantes. E não vale os de caixinha, pois contém uma quantidade enorme de açúcar em sua composição;
- No verão, a gente sabe que é a hora de se jogar no sorvete. Mas, que tal substituir por alguma receita com frutas congeladas? A saciedade é maior e a sensação de frescor é a mesma;
- Nas receitas do seu dia a dia, troque os açúcares e adoçantes por leite de coco, coco fresco ralado, cenoura e beterraba. Eles são opções incríveis para deixar qualquer receita mais docinha, sem perder a saudabilidade.
Acordo para reduzir o consumo de açúcar
O Brasil quer reduzir 144 mil toneladas de açúcar de bolos, misturas para bolos, produtos lácteos, achocolatados, bebidas açucaradas e biscoitos recheados. O acordo foi assinado no último dia 26 entre representantes do Ministério da Saúde e de associações do setor produtivo de alimentos. Ao estabelecer a meta até 2022, o Brasil se destaca como um dos primeiros países do mundo a buscar a diminuição do açúcar nos alimentos industrializados. O acordo segue o mesmo parâmetro do feito para a redução do sódio, que foi capaz de retirar mais de 17 mil toneladas de sódio dos alimentos processados em quatro anos.
O monitoramento da redução será feito a cada dois anos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sendo a primeira análise no final de 2020. Fazem parte do acordo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (ABIR), a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (ABIMAPI) e a Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos).
O objetivo é que o setor contribua com a redução do consumo de açúcares pela população brasileira para menos de 10% do total das calorias diárias ingeridas até 2022. De acordo com os fabricantes, a maior parte do consumo de açúcar no Brasil vem do que é adicionado no preparo final dos alimentos em casa ou em bares e restaurantes: 56,3%. O açúcar adicionado nos alimentos industrializados responde por 19,2% do total consumido, de acordo com estudos feitos com base na última POF/IBGE.
Como vai funcionar o acordo
As metas foram calculadas a partir de seis pilares: distribuição dos teores de açúcar; necessidade de redução dos níveis máximos deaçúcar; redução de teores de açúcar livre não resultante em aumento no valor energético; percentual de produtos a serem reformulados para redução; redução dos teores de açúcar livre não resultante de adição ou substituição por adoçantes; e consumo de cada produto. A cada dois anos (2020 e 2022) serão avaliados os teores médio e máximo de açúcar dos alimentos que fazem parte do acordo.
Considerando os produtos com maior quantidade de açúcar, os biscoitos e produtos lácteos terão os maiores percentuais de meta para redução do alimento, com a meta de retirar 62,4% e 53,9% de açúcar da composição, respectivamente. Para bolos, a meta é de até 32,4% e para as misturas para bolos, até 46,1% do teor de açúcar. Já os achocolatados, tem a meta de cair até 10,5% e as bebidas açucaradas até 33,8%.
No caso dos biscoitos recheados, a indústria precisa alcançar o teor máximo de açúcares de 36,4 g/100g nos próximos dois anos. Em relação aos do tipo maria e maisena, a meta é 25,6 g/100g até o final do ano de 2020 e 22,8 g/100g até o fim de 2022. Isto significa umaredução de até 62,4% do componente em questão.
Já os bolos industrializados simples devem alcançar o teor máximo de açúcares de 34,2 g/100g em dois anos. Os bolos recheados e/ou com cobertura precisarão apresentar 50,0 g/100g até o final do ano de 2020. Rosquinhas, wafers, biscoitos doces secos e misturas para bolos também fazem parte do acordo.
Para estabelecer as metas das cinco categorias de alimentos, o Ministério da Saúde analisou critérios que envolvem desde o consumo e distribuição dos teores de açúcar dos alimentos até a necessidade de redução dos níveis máximos do alimento; queda dos teores de açúcares livres não resultantes em aumento no valor energético e de adição ou substituição por adoçantes, além do percentual de produtos a serem reformulados para atingirem à meta.
Leia o Termo de Compromisso assinado nesta segunda-feira (26)
Veja a apresentação em Power Point completa
Assista ao vídeo da coletiva – na íntegra
MUDANÇA DE HÁBITOS
O incentivo para uma alimentação adequada e saudável e a prática de atividades físicas é prioridade do Governo Federal. Em 2017, o Ministério da Saúde adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país. O compromisso foi de deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta até 2019 e ampliar no mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.
Outra ação para a promoção da alimentação saudável é a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconhecida mundialmente pela sua abordagem integral, a publicação orienta a população com recomendações sobre alimentação saudável baseada principalmente no consumo de alimentos in natura ou minimamente processados.
A Abimapi informou que há dez anos, em parceria com entidades congêneres, vem formalizando com o Ministério da Saúde termos de compromisso que visam a melhoria do valor nutricional dos alimentos. “Além disso, a associação mantém seu compromisso em levar informações de qualidade e reforçar conceitos e valores junto aos médicos, nutricionistas e demais profissionais da área da saúde – que orientam a população sobre boas práticas alimentares – com a participação nos principais eventos de saudabilidade do Brasil e da América Latina”, destaca.
A atenção às questões que envolvem nutrição, saúde e bem-estar é uma tendência mundial. De acordo com a pesquisa global “O que há em nossa comida e em nossa mente”, realizada em 2016, pela consultoria Nielsen, a população está reduzindo o consumo de certos alimentos que não são considerados nutritivos.
Esse novo comportamento é reflexo de quatro fatores principais: o envelhecimento global; a preocupação com uma alimentação saudável, como forma de evitar doenças crônicas; o entendimento de que os alimentos podem ser remédios, usados para evitar ou lidar com doenças existentes; e, em decorrência de tudo isso, a formação de consumidores mais conscientes.
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Receita de Sorvete de Manga Refrescante
Ingredientes:
1 xícara de banana da terra madura, descascada e congelada em pedaços
1 xícara de manga madura e congelada em pedaços
1 rodela de gengibre
1 xícara de leite de coco
Modo de preparo:
No liquidificador acrescente aos poucos os ingredientes e acerte o ponto com o leite de coco. Use folhas de hortelã para decorar e sirva em seguida.