O primeiro mês do ano é marcado pela campanha “Janeiro Verde“, dedicada à conscientização sobre o câncer do colo do útero, o terceiro tumor maligno mais frequente nas mulheres brasileiras, atrás do câncer de mama e colorretal. A campanha acontece em todo o território nacional, com palestras, ações educativas e distribuição de material informativo, em hospitais, postos de saúde e nas redes sociais.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deverá registrar aproximadamente 17 mil novos casos de câncer do colo do útero em 2025. Apesar dos avanços na prevenção e tratamento, no Brasil a taxa de mortalidade por câncer do colo do útero, ajustada pela população mundial, foi de 4,60 óbitos para cada 100 mil mulheres, em 2020, segunda o IARC/OMS.
No entanto, o calendário de prevenção de câncer em 2025 chega acompanhado das boas notícias que marcaram o ano de 2024, que foram a criação do Radar pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero; a volta, anunciada pelo Ministério da Saúde, da vacinação contra o HPV nas escolas, nas esferas federal, estadual e municipal e a incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS) do teste de DNA para detecção do HPV.
O objetivo do Ministério da Saúde para o novo ano é intensificar o acesso da população-alvo a esses avanços, caminhando para um futuro livre do câncer ginecológico mais comum no país. Para a oncologista clínica Andréa Gadêlha Guimarães, presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), a eliminação do câncer do colo do útero é uma meta possível.
O câncer do colo do útero é um dos tipos de câncer mais preveníveis, graças à vacinação contra o HPV e estratégias efetivas como o Papanicolau e o teste molecular para detecção para detecção do vírus HPV”, ressalta.
7 ANOS DO MOVIMENTO BRASIL SEM CÂNCER DE COLO DO ÚTERO
Criado em 2018, o movimento “Brasil Sem Câncer de Colo do Útero” conta com o apoio de mais de 20 sociedades médicas e visa reverter a desinformação que ainda prevalece sobre o câncer de colo do útero e promover mudanças fundamentais nas políticas públicas de saúde. Entre suas responsabilidades para 2025 está o monitoramento da efetividade da volta da vacinação contra o HPV nas escolas e do acesso ao teste de DNA para detecção do HPV.
A expectativa do Grupo EVA é que, ao aplicar a vacina nas escolas, será possível atingir uma grande parte da população de forma eficiente e inclusiva, cujo objetivo é criar uma geração de jovens protegidos contra o câncer do colo do útero.
Em relação ao teste de HPV-DNA, além de ser uma tecnologia eficaz para detecção e diagnóstico precoce, traz a vantagem do aumento do intervalo de realização do exame. Enquanto o rastreio por meio do exame Papanicolau deve ser realizado a cada três anos e, em caso de detecção de alguma lesão, de forma anual, a nova testagem é recomendada a cada cinco anos. O Ministério da Saúde acredita que, com essa mudança, haverá melhor adesão e facilitará o acesso ao exame.
Na prática, a testagem molecular para detecção do vírus HPV é uma estratégia de rastreio mais sensível. Ela identifica mais pacientes em risco, detectando não a lesão pré-maligna, mas sim ela age antes disso, identificando se a pessoa apresenta infecção por algum HPV de alto risco. Portanto, o exame permite a descoberta antes que se tenha alguma lesão pré maligna. Além disso, a coleta do HPV-DNA é mais fácil, permitindo à mulher a autocoleta.
Por meio do monitoramento, o Grupo EVA vislumbra ver o Brasil avançar rumo ao cumprimento das três metas principais para a eliminação global do câncer do colo do útero, que são ter 90% das meninas de 9 a 14 anos vacinadas contra o HPV; 70% das mulheres de 35 a 45 anos com teste de HPV-DNA realizado e 90% das mulheres com lesões iniciais devidamente tratadas.
Mais de 17 mil novos casos de câncer de colo do útero no Brasil em 2025
O terceiro tumor maligno mais frequente em mulheres, o câncer do colo do útero continua a desafiar políticas públicas de saúde, mas a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento seguro são fundamentais para a cura
O câncer do colo de útero é considerado como o mais evitável de todos, especialmente com a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), transmitido sexualmente, e responsável por mais de 90% dos casos de câncer de colo de útero.
Para o qual, há vacina gratuita disponível no Sistema Único de Saúde desde 2014, além da realização – inclusive no SUS – do exame de Papanicolau (que permite detectar lesões pré-câncer) e o exame molecular HPV-DNA, incorporado no SUS em 2024, que possibilita identificar a presença de HPV de alto risco antes que a infecção causa uma lesão pré-câncer).
“A vacinação contra o HPV é recomendada para meninas e meninos entre 9 e 14 anos, e é uma das estratégias mais eficazes para prevenir a infecção pelo vírus. O exame Papanicolau deve ser realizado anualmente por mulheres a partir dos 25 anos, para detectar alterações precoces nas células do colo do útero, antes que evoluam para o câncer”, explica Rodrigo Nascimento, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
A vacina contra HPV administrada antes que a pessoa tenha contato com o vírus garante, praticamente, 100% de proteção a essa infecção. Ainda em 2024, o Ministério da Saúde mudou a estratégia e ao invés de duas doses. Agora é dose única;
Estamos diante de um cenário em que é possível o combate e controle do câncer de colo de útero, a equação que parece simples torna-se muito complexa já que o país ainda apresenta o câncer de colo de útero como terceira causa de morte entre as mulheres. Isso pode estar relacionado com a falta de adesão à vacina contra o HPV, disponível nos postos públicos e a dificuldade de acesso ao Papanicolau, principalmente, nas regiões mais pobres do país. Isso faz com que o Brasil ainda esteja longe da meta da OMS, que busca erradicar a doenças até 2030”, explica.
De acordo com o INCA, as taxas de sobrevida em 5 anos para mulheres diagnosticadas em estágios iniciais podem ultrapassar 90%, uma estatística que destaca a importância do acompanhamento médico regular.
Há atualmente várias opções de tratamento como a cirurgia, radioterapia, quimioterapia, sendo que cada paciente tem indicações especificas a depender do caso. A cirurgia, combinada com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, oferece altas taxas de cura nos estágios iniciais
Antes mesmo de falarmos sobre os avanços nas diferentes modalidades de tratamento, devemos reforçar o papel da prevenção, pois o câncer do colo do útero é uma doença evitável”, completa Dr Rodrigo.
Com Assessorias