A maternidade não vem com manual de instrução e, a cada fase da vida dos filhos, as mães precisam se reinventar, se atualizar e, por que não, se capacitar. O conceito de lifelong learning, que define uma estratégia de aprendizado contínuo ao longo de toda a vida, já foi incorporado às jornadas acadêmica e profissional, mas pode ser essencial também para o desenvolvimento pessoal das mães.

A psicóloga Alexia S. M. Lopes, professora do curso de Psicologia do UniCuritiba, explica que o exercício da maternidade exige um processo contínuo de adaptação emocional e cognitiva, pois as necessidades dos filhos mudam em cada etapa do desenvolvimento.

O aprendizado ao longo da vida é essencial para as mães, porque cada fase da criança traz novos desafios, novas perguntas e novas formas de relacionamento. Estar aberta ao aprendizado possibilita acompanhar o crescimento dos filhos de maneira mais consciente e saudável”, afirma a especialista em desenvolvimento humano.

Adotar uma postura de aprendizado contínuo, segundo a psicóloga, fortalece habilidades emocionais fundamentais para a maternidade, como resiliência, paciência e a capacidade de lidar com frustrações. “O mundo está em constante transformação e as relações familiares também evoluem. O lifelong learning na maternidade não é apenas sobre buscar informações, mas também sobre desenvolver recursos internos para lidar com mudanças e imprevistos”, reforça Alexia.

Além disso, a psicóloga chama a atenção para um ponto importante: as mães não devem se cobrar pela perfeição. “A maternidade é desafiadora e cheia de incertezas. É normal errar, sentir medo e ter dúvidas. A busca pela perfeição só aumenta a ansiedade e a sensação de inadequação. Reconhecer as próprias limitações e acolher a própria humanidade é essencial para criar vínculos saudáveis com os filhos e preservar a saúde mental”, orienta.

De acordo com Alexia S. M. Lopes, o aprendizado contínuo não apenas enriquece a experiência materna como também fortalece o vínculo afetivo entre mãe e filho. “Ao se atualizar e investir no próprio desenvolvimento, a mãe se sente mais segura para tomar decisões, manejar conflitos e apoiar emocionalmente seus filhos”, explica.

Para a psicóloga, manter-se informada e aberta ao novo contribui para reduzir a ansiedade materna e aumenta a confiança nas próprias capacidades.

Por que o lifelong learning é importante na maternidade?

Alguns fatores justificam a necessidade de aprendizado contínuo, conforme aponta a psicóloga:

  • As crianças mudam constantemente: o que funciona para um bebê não costuma funcionar para uma criança ou adolescente. As mães precisam se atualizar sobre desenvolvimento infantil, educação, saúde emocional, tecnologia etc.
  • A ciência e a sociedade evoluem: novas pesquisas sobre psicologia infantil, nutrição, educação e até segurança digital surgem o tempo todo.
  • Cada filho é único: estratégias que funcionam para um podem não funcionar para outro, exigindo aprendizado constante e flexibilidade.
  • A maternidade exige múltiplas habilidades: das birras às orientações sobre o uso de internet e redes sociais, as mães precisam se adaptar a diversas situações.

Para aplicar o lifelong learning na maternidade, a especialista sugere práticas baseadas em princípios da Psicologia do Desenvolvimento e da Inteligência Emocional, como: buscar atualização constante sobre temas ligados à infância e adolescência, praticar a escuta ativa, desenvolver a capacidade de adaptação frente às mudanças e aplicar estratégias educacionais modernas, como a disciplina positiva e a parentalidade consciente.

Cada filho é único e é fundamental que as mães estejam emocionalmente disponíveis para acolher essa individualidade. Aprender a lidar com as próprias emoções é essencial para ajudar os filhos a lidarem com as deles. Por isso, cuidar da saúde mental e investir no crescimento pessoal são formas potentes de construir um ambiente familiar equilibrado e afetivo”, conclui a professora do UniCuritiba.

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Medos comuns na criação dos filhos

1. Primeira infância (0 a 5 anos)

Na primeira infância, o principal medo é não saber o que fazer. Muitas mães têm dúvidas se estão oferecendo o melhor cuidado, alimentação e estímulos. O medo de não entender as necessidades do bebê, que usa o choro para se comunicar, é outra sensação comum entre as mães, assim como o receio de não conseguir proteger a criança de acidentes.

2. Idade escolar (6 a 12 anos)

Nessa fase, começa a insegurança em relação à vida escolar do filho. Em geral, as mães têm medo de não conseguir ajudar nas tarefas escolares. A dificuldade das crianças em lidar com as amizades e o bullying, por exemplo, se tornam uma preocupação constante para as mães. Outro dilema típico está em estabelecer limites de maneira saudável.

3. Adolescência (13 a 19 anos)

É na adolescência que as mães se deparam com o medo de perder o controle. Surge também a insegurança sobre as escolhas dos filhos em relação a amizades, uso de redes sociais, vícios, estudo e comportamentos. Por receio de que o adolescente se afaste ou tome decisões erradas, as mães podem, sem querer, minar a autonomia dos filhos.

4. Juventude e fase adulta jovem

O medo de não conseguir acompanhar as mudanças e a insegurança sobre como apoiar a independência e as responsabilidades dos filhos lideram as preocupações maternas nessa fase. Também é comum a preocupação com o bem-estar emocional e financeiro dos filhos.

Perfeição não existe e errar é humano

Pós-graduada em Neuropsicologia, Alexia S. M. Lopes reforça que medos e dificuldades são inerentes à maternidade. A primeira medida para superá-los é reconhecer que ninguém é perfeito e que não existem respostas absolutas para todas as situações da criação dos filhos.

O que as mães precisam é criar redes de apoio, conversar com outras mães, buscar a ajuda de profissionais se necessário e, acima de tudo, acolher seus sentimentos sem culpa. Amor, paciência, compreensão e desejo de aprender junto com os filhos são as melhores ferramentas”, indica a especialista.

Segundo a psicóloga, é fundamental praticar a autocompaixão: “As mães precisam entender que errar faz parte do processo e que a construção de um ambiente emocionalmente saudável se dá pelo vínculo e pela presença amorosa, não pela perfeição”, afirma.

Alexia também ressalta que o ideal da “mãe perfeita” é um mito social que gera sobrecarga emocional e sentimentos de inadequação. “Toda mãe, em algum momento, vai se sentir insegura ou incapaz e isso não a torna menos amorosa ou menos competente. Muito pelo contrário: reconhecer suas fragilidades e buscar crescer a partir delas é um grande ato de amor e coragem.”

A especialista lembra que aprender com as próprias experiências, acolher os erros com gentileza e manter o compromisso de estar presente emocionalmente são atitudes muito mais valiosas do que perseguir padrões irreais. “O mais importante é que os filhos se sintam amados, respeitados e ouvidos. Eles não precisam de mães perfeitas, mas de mães reais, que estejam dispostas a aprender e a crescer junto com eles”, conclui.

Apoio psicológico

O UniCuritiba oferece suporte na área de Psicologia. A clínica escola fica no Campus Milton Viana, rua Chile, 1.678, bairro Rebouças. Os atendimentos são realizados de segunda-feira a sexta-feira, das 8h30 às 21h, mediante agendamento pelo forms Agendamentos Psicologia.

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