Copa do Mundo é sinônimo de um misto de emoções que vão da alegria à raiva. No último domingo, a Seleção Brasileira estreou na maior competição futebolística do mundo com um resultado que deixou muitas pessoas apreensivas: um empate, no lugar da tão esperada vitória contra a Suíça. E nesta sexta-feira tem mais seleção, desta vez, contra a Costa Rica.

Se lidar com essas emoções é difícil para adultos, que já acompanharam diversas competições ao longo da vida,  imagine para uma criança ou adolescente, que muitas vezes não conseguem administrar as altas expectativas. Quem não se lembra da Copa de 2014 no Brasil, quando muitos pequenos que pintaram ruas e vestiram a camisa da seleção tiveram um forte choque nas semifinais, quando fomos massacrados pela Alemanha pelo placar de 7×1?

Para aprender a administrar essas emoções, tanto para acompanhar os jogos que virão, quanto em diversos outros momentos da vida, a prática de mindfulness pode ser útil, não apenas para adultos, mas também para as crianças e adolescentes. Estudos mostram que a meditação ajuda na redução do estresse em situações demandantes.

É bastante importante ensinar para os pequenos o quanto muitas das emoções vividas em situações como uma partida de futebol podem mexer com eles e com as pessoas ao seu redor. A prática meditativa ajuda-os a conhecer melhor seus sentimentos, saber técnicas para se acalmar quando assim desejarem, além de lidar melhor com possíveis frustrações”, conta Daniela Degani, fundadora do projeto MindKids, que leva a prática da meditação para escolas públicas e privadas, além de ensinar a técnica para professores e pais em cursos e workshops.

Muito do que se ensina por meio da meditação introduzida pela MindKids tem tido resultados visíveis dentro das salas de aula e também na casa das crianças. “Há depoimentos de pais que buscaram conhecer mais da meditação devido ao novo comportamento dos filhos após as aulas”, conta Daniela, que também tem três filhos. Ela ainda ensina algumas técnicas que poderão ajudar os pequenos a aprender a torcer pela nossa seleção, sem esquecer que o importante mesmo é aproveitar o momento de alegria e descontração que só o futebol permite.

Técnicas para controlar o coração dos pequenos torcedores

Cantinho da meditação – Uma dica interessante é escolher um lugar da casa para ser o “cantinho da meditação”. Não precisa de velas, incenso, nada disso. Apenas um espaço em que as crianças se sintam bem, onde seja possível sentar no chão sobre uma almofada. Usar o mesmo “cantinho” para a prática da meditação ajuda a criar o hábito.

Conectando com o coração – Antes de fazer as práticas com as crianças, tome uns minutos para inspirar e expirar profundamente algumas vezes, para ir relaxando corpo e mente. Faça um trato consigo de deixar as preocupações, e-mails, listas de coisas a fazer para 15 minutos mais tarde e conecte-se com sua motivação para meditar com a criança: “gostaria que ele pudesse se acalmar” ou “gostaria que ele sentisse o silêncio” ou “gostaria que ele desenvolvesse a capacidade de concentração” – seja qual for seu motivo, cultive uma boa intenção, sem expectativas, de coração aberto.

2) Aquecendo: explicação e postura

Meditação é assim – Crianças bem pequenas podem entender os conceitos básicos da meditação, se explicados de maneira breve, com carinho e simplicidade. Algumas sugestões:

– A meditação ajuda a gente a prestar atenção no que está acontecendo agora

– Também pode nos ajudar a acalmar quando estamos nervosos ou agitados

– Ajuda a sermos mais felizes e ter melhor desempenho na escola e nos esportes.

Posição de meditar – Uma postura bem bacana para fazer as atividades de meditação é sentados de “indiozinho”, sobre o chão ou uma almofada, com a coluna reta e mãos sobre os joelhos. Sente-se você na postura, confortavelmente, sem estresse, e convide a criança a sentar-se na “posição de meditar” também. Nas primeiras vezes, é normal que os pequenos se mexam muito. Não se preocupe – seja você o exemplo, ao deixar seu corpo repousar calmo e relaxado. Com o tempo, as crianças vão relaxando também.

Viu como é fácil a preparação? Agora vamos ver algumas técnicas apropriadas para cada idade. E a chave aqui é o LÚDICO. Como diz a grande referência neste campo, Susan Kaiser Greenland, autora do livro “Meditação em Ação para Crianças”: a prática tem que ser simples, breve, divertida e bem-humorada! Então vamos lá! Abaixo 3 atividades para ensinar aos pequenos:

1. Meditação da mão: coloque a mão esquerda na sua frente, com a palma da mão virada para a frente. Com o indicador da mão direita vá subindo e descendo cada dedo da mão esquerda. Quando o dedo direito se movimenta e “sobe” cada um dos dedos da mão esquerda, inspiramos. Quando o dedo direito baixa, expiramos. Oriente a criança para prestar muita atenção nos movimentos do dedo direito subindo e descendo os dedos da mão esquerda, nas sensações que isso traz e em sua respiração.

2. Cachoeira de luz: diga à criança imaginar uma estrela muito brilhante e luminosa no céu. Imagine essa luz da estrela descendo e tocando o topo da sua cabeça. E como se fosse uma cachoeira de luz, essa luz vai descendo tocando cabeça, rosto, pescoço, ombros, peito, braços, barriga, pernas e pés. Por onde essa luz passa, vai relaxando nosso corpo, parte por parte, levando ao chão toda agitação, cansaço e estresse.

3. Vamos colocar o “boneco/bicho de pelúcia/Super-Homem” para dormir? Essa prática é boa para fazer a noite, antes da hora de dormir. Deite a criança com seu personagem favorito sobre sua barriga e diga a ela para “niná-lo” com os movimentos de sua respiração. Podemos explicar que respirações profundas ajudam a gente a diminuir a agitação e ter um sono tranquilo.

Programa ensina gestão emocional em escolas

Segundo especialistas, levar a Copa do Mundo para a sala de aula é um recurso pedagógico eficaz, já que o tema desperta a atenção dos alunos e aumenta o engajamento dos estudantes nessa época. Em muitas escolas que ensinam aprendizagem socioemocional, o assunto está sendo trabalhado como recurso para estimular a compreensão e a análise sobre as emoções e domínios, como autoconhecimento, autocontrole, empatia, tomada de decisões responsáveis e habilidades sociais.

Para alunos de 6 a 9 anos, por exemplo, são propostas atividades que estimulam o domínio socioemocional do autoconhecimento. Os estudantes devem se colocar no lugar de um jogador profissional e pensar na emoção dominante em situações comuns numa partida de futebol. Na sequência, em grupos, eles devem comparar e discutir suas respostas. “É importante a criança se colocar no lugar do outro e reconhecer os sentimentos que podem ter surgido em determinada situação. É o que chamamos de alfabetização emocional”, explica Eduardo Calbucci, um dos criadores do Programa Semente.

O programa está presente em escolas brasileiras contribuindo para o desenvolvimento socioemocional de alunos e educadores. Atualmente, cerca de 30 mil alunos já utilizam a metodologia, que trabalha cinco domínios – autoconhecimento, autocontrole, empatia, tomada de decisões responsáveis e habilidades sociais – cada vez mais presentes no mundo do trabalho e nas principais avaliações internacionais de educação.

Fatídico 7 a 1 contra Alemanha é tema de exercício

A agressão de Zinedine Zidane a Marco Materazzi, na final da Copa de Mundo de 2006, é uma das atividade propostas para alunos de 10 a 11 anos na sala de aula. “É um exemplo claro sobre as dificuldades de regular as emoções que podem ser despertadas nos jogadores de futebol, durante uma partida”, explica Calbucci. Segundo ele, nesse trabalho os alunos são estimulados a retomar as estratégias de regulação da raiva, como forma de fazer escolhas melhores.

Outras situações, como o 7 a 1 entre Brasil e Alemanha, maior goleada da história sofrida pela seleção brasileira, na Semifinal da Copa do Mundo de 2014, e substituições de jogadores que causaram polêmica na história das Copas são temas de aulas no Ensino Médio. “São oportunidades valiosas de discutir questões como controle emocional, tomada de decisões e trabalho em equipe, fundamentais para alunos que estão se preparando para o mercado o mercado de trabalho”, ressalta o especialista.

Fonte: MindKids, e Programa Semente

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