O exame toxicológico do cantor Liam Payne, de 31 anos, revelou a presença de uma combinação de drogas sintéticas, incluindo a “cocaína rosa”, no momento de sua morte. A descoberta abriu hipóteses para a morte do artista. Payne, ex-integrante da banda One Direction, faleceu na última quarta-feira (16) de politraumatismo após cair do terceiro andar do hotel onde estava hospedado em Buenos Aires, na Argentina e sofrer 25 lesões.

No momento do acidente o cantor estaria semiconsciente ou totalmente inconsciente. A polícia encontrou indícios de consumo de drogas e medicamentos no quarto, e a análise preliminar confirmou que ele estava sob o efeito de entorpecentes.

A substância conhecida como “cocaína rosa” é, na verdade, um coquetel de drogas sintéticas vendido em pó, e nem sempre contém cocaína. A cor vibrante, rosa, vem da adição de corante alimentício às substâncias.

Geralmente, é composta por uma mistura de outras substâncias, como MDMA (ecstasy), que tem efeitos estimulantes e psicodélicos, cetamina, um anestésico com propriedades sedativas e alucinógenas, e 2C-B, uma droga psicodélica que também pode agir como estimulante.

É impossível prever como a “cocaína rosa” pode afetar o corpo, já que sua composição e intensidade podem variar, o que torna os efeitos imprevisíveis.

Cocaína rosa: cor vibrante vem da adição de corante alimentício às substâncias (Foto: Reprodução/Conselho Federal de Farmácia)

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Entenda o que é a cocaína rosa, como ela surgiu e por que você deve se preocupar com essa substância

A cada dia surgem novas drogas ilícitas no mercado ilegal, com diferentes nomes e propriedades. É importante termos ciência dessas novas substâncias e de seus efeitos no organismo, especialmente para quem faz uso recreativo delas. Um exemplo que vem ganhando cada vez mais notoriedade na ciência é a cocaína rosa.

Também chamada de “pó rosa”, essa substância foi apelidada com o nome de cocaína devido à formulação mais comum — ou seja, como pó, seja ele inalado ou ingerido. No entanto, os compostos são completamente diferentes, assim como seus efeitos no corpo humano.

O que é a cocaína rosa?

O nome correto da cocaína rosa é 2-CB, ou 2-dimetoxibenzaldeído. Nas ruas, a substância também pode ser apelidada de “vênus”, “erox” ou “nexus”, ou até mesmo como “droga da alta sociedade”, devido ao seu custo elevado.

Diferentemente de outras drogas, a cocaína rosa não é tão comum no Brasil. Isso ocorre por se tratar de uma substância sintética, com alto custo de produção; sua circulação, portanto, fica praticamente restrita aos bairros mais nobres e à população com maior poder aquisitivo.

O 2-CB foi descoberto pelo cientista Alexander Shulgin, em 1974. Inicialmente, se acreditava que a droga poderia ser utilizada no tratamento de dependências químicas, até que sua própria toxicidade fosse colocada em pauta.

Além disso, o pó rosa é considerado um afrodisíaco — daí um de seus nomes ser “erox”, em alusão a Eros, o deus grego do amor. Isso é um dos exemplos de como uma droga ilícita, muitas vezes, é sintetizada com boas intenções, mas acaba sendo considerada nociva à saúde.

A toxicidade do 2-CB deriva, principalmente, de seus efeitos alucinógenos: assim como outras drogas da classe, como o LSD ou a maconha, ela pode causar distorções na percepção da realidade. Além disso, há o potencial de adição (ou seja, vício) da droga, que causa consumos cada vez maiores para atingir o mesmo efeito.

Quais são os principais efeitos do pó rosa?

O pó rosa tem dois efeitos principais: um efeito estimulante, semelhante ao da cocaína de fato, e um efeito alucinógeno. Isso ocorre porque ele é considerado do grupo das anfetaminas, que ativam um sistema conhecido como “simpatomimético”.

Dentre os principais efeitos da ativação desse sistema estão o aumento nas frequências cardíaca e respiratória, na pressão arterial e na temperatura. Em doses extremas, seu uso pode levar à sobrecarga do coração, gerando isquemia cardíaca (conhecida como infarto do miocárdio).

Quais são as diferenças entre a cocaína e a cocaína rosa?

Existem várias semelhanças entre a cocaína e o pó rosa; a principal, além de sua comercialização característica em forma de pó, é o efeito simpatomimético. Da mesma maneira que a cocaína, o pó rosa causa euforia, sensação de bem-estar e aceleração de pensamentos.

No entanto, a cocaína rosa causa efeitos alucinógenos adicionais. Seu uso pode acarretar a distorção da percepção da realidade, trazendo riscos ao usuário e às pessoas à sua volta. Isso pode colocá-la entre as drogas mais viciantes, devido ao seu efeito rápido e aos variados tipos de sintomas associados.

 

Quais são os riscos do uso do pó rosa?

O uso excessivo do pó rosa configura uma overdose, que pode gerar sobrecarga cardíaca. Além disso, existe o clássico risco de adição da substância, fazendo o usuário querer doses cada vez maiores para se satisfazer.
Isso ocorre porque o efeito das anfetaminas no cérebro é muito exagerado, causando um aumento abrupto nos níveis de alguns neurotransmissores — como a dopamina e a noradrenalina.

Assim, o próprio corpo conta com mecanismos para “balancear” esse aumento, reduzindo o número de receptores desses neurotransmissores. Por isso, para gerar o mesmo efeito que a primeira dose geraria, por exemplo, as adicionais tendem a ser cada vez maiores.

Além disso, como o pó rosa é considerado um alucinógeno, seus usuários podem sofrer com a distorção da realidade. Alguns sintomas possíveis são alucinações auditivas, paranoia ou pânico, gerando um perigo para si e para outros.

Como se dá o tratamento para dependentes da substância?

A adição sempre é, por definição, um problema na vida do usuário. Assim como os efeitos do uso prolongado da cocaína, o pó rosa pode trazer sintomas a longo prazo e causar prejuízos funcionais e sanitários para seus usuários.

Ainda que haja poucos estudos em relação ao uso do pó rosa, é consenso que pacientes que sofrem com a dependência da droga precisam de ajuda especializada. Na maioria dos casos, pode ser necessária uma internação em um hospital psiquiátrico, para que haja monitorização constante e apoio multidisciplinar.

O primeiro passo na reabilitação de dependentes químicos é reconhecer que o problema existe: se você faz uso do pó rosa e sente que suas relações familiares foram afetadas, que não rende tanto no trabalho ou que perdeu amigos, atenção. Você pode até não perceber, mas esses fenômenos podem estar atrelados ao uso da droga.

Em seguida, é importante saber que existe tratamento disponível, profissionais capacitados e instituições especializadas para te ajudar.

Fonte: Hospital Santa Mônica

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