No início deste mês Cleo Pires revelou, através das redes sociais, a descoberta do Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) depois de realizar diagnóstico com especialista. A condição pode afetar tanto o âmbito pessoal da artista e cantora, como os relacionamentos interpessoais, por isso é importante entender como ele funciona, além do impacto que tem nas relações, a fim de deixá-las mais leves e saudáveis.
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico. Isso significa que o transtorno está ligado a pequenas alterações na região frontal do cérebro, área responsável pelas habilidades cognitivas e controle da atenção. Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o número de casos de TDAH no mundo varia entre 5% e 8%.
Apesar de ser mais facilmente diagnosticado durante a infância, o transtorno não some na vida adulta. Muito pelo contrário, como se vê no caso de Cleo Pires, que somente agora, aos 40 anos, é diagnosticada. De acordo com a ABDA, cerca de 70% das crianças com TDAH apresentam alguma comorbidade que se estende até a vida adulta, como ansiedade, depressão e bipolaridade.
“O paciente se adequa às regras sociais ao longo do amadurecimento. Mas se a condição não for avaliada e tratada corretamente, as dificuldades do transtorno persistem, afetando todos os campos particulares e sociais”, explica Caio Cesar, psicólogo da Clínica Censo.
Para Fábio Borba, psicólogo com especialização em relacionamentos, é fundamental conhecer os sintomas de TDAH e, primeiramente, aprender que não se trata de um problema de comportamento, mas de um transtorno psicológico, que afeta a atenção, o controle impulsivo e a hiperatividade.
No mês em que é lembrado o Dia Mundial do TDAH, em 13 de julho, os especialistas trazem algumas orientações sobre o diagnóstico do transtorno e formas para conseguir lidar com ele no dia a dia. Acompanhe uma série especial sobre o tema nos próximos dias aqui no portal ViDA & Ação.
Desafios na vida profissional e familiar
Além dos desafios acadêmicos e profissionais, as pessoas com TDAH podem enfrentar dificuldades nas relações com amigos, familiares, parceiros românticos, além do ambiente escolar. Em relação às amizades, elas podem ter dificuldade em seguir conversas, lembrar-se de compromissos e lidar com interações sociais complexas.
“Algumas estratégias úteis para construir e manter amizades incluem comunicação aberta sobre o TDAH, estabelecimento de rotinas e uso de lembretes, além de buscar atividades que interessem e estimulem a concentração”, ressalta Fábio.
Já dentro de um contexto familiar, o TDAH pode afetar a dinâmica e a comunicação entre os membros. As características do TDAH, como impulsividade e dificuldade de organização, podem gerar tensões e mal-entendidos. “É essencial para a pessoa com TDAH e sua família buscar uma compreensão mútua, promover a comunicação aberta e estabelecer estratégias de apoio”, acrescenta o psicólogo.
Os relacionamentos amorosos também podem ser afetados, uma vez que a pessoa com TDAH pode apresentar dificuldades de atenção, organização e controle emocional.
“Mudanças rápidas e intensas de emoções, podem resultar em explosões emocionais imprevisíveis. Isso pode causar tensões e conflitos no relacionamento, pois o parceiro pode se sentir surpreso ou sobrecarregado com as reações emocionais intensas”, diz Fábio.
Dificuldade para expressar as emoções
Em contraste com a impulsividade emocional, algumas pessoas com TDAH podem ter dificuldade em identificar e expressar suas emoções de forma clara. “Isso pode levar a uma comunicação deficiente e ao distanciamento emocional no relacionamento, pois o parceiro pode sentir dificuldade em entender as necessidades emocionais deste indivíduo”, afirma o profissional.
Quando falamos sobre o TDAH em ambientes escolares, ele pode afetar o desempenho acadêmico, assim como a organização e a interação com colegas e professores. “É importante que a escola esteja ciente do diagnóstico e forneça o suporte adequado, como planos de acompanhamento individualizados e adaptações curriculares”” enfatiza Fábio.
Além disso, a pessoa com TDAH pode se beneficiar de estratégias de gerenciamento de tempo, uso de técnicas de estudo eficazes e a busca de um ambiente de aprendizado com poucas distrações.
“A comunicação aberta, a compreensão mútua e a adoção de estratégias de convivência são fundamentais para promover uma melhor qualidade de vida para pessoas com TDAH. É importante lembrar que cada pessoa é única, e as necessidades e experiências podem variar. Com apoio, compreensão e as ferramentas certas, as pessoas com TDAH podem desenvolver relacionamentos significativos e bem-sucedidos em todas as áreas de suas vidas”, finaliza Fábio.
Diagnóstico é feito em bateria de testes
O diagnóstico é feito a partir de uma bateria de testes que servem para avaliar as funções cognitivas do paciente. Os testes são realizados com o acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra, que observam os sintomas.
“Estamos acostumados a alertar sobre o diagnóstico precoce quando o assunto é alguma doença. Mas quando se trata do TDAH, mesmo tardio, o diagnóstico proporciona melhor qualidade de vida ao paciente”, explica o especialista.
Confira os principais sinais de TDAH:
• Desatenção;
• Hiperatividade;
• Impulsividade.
Como lidar com o TDAH
Pessoas com o TDAH enfrentam impasses diários no trabalho e na vida pessoal devido à falta de foco e atenção, dificuldade em seguir rotinas, planejar e realizar tarefas.
Embora essa realidade seja difícil, existem estratégias que podem ser aplicadas na rotina para facilitar o convívio com o transtorno. De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, os pacientes podem seguir as dicas em três partes:
1. Estresse e alteração de humor
• Pratique exercícios físicos;
• Tenha uma rotina de sono;
• Siga uma alimentação saudável.
2. Organização
• Crie espaços para definir onde deve ficar cada item;
• Use uma agenda;
• Faça listas de tarefas;
• Use divisores de assuntos;
• Reserve um tempo para checar seus e-mails e mensagens.
3. Administração do tempo
• Use um relógio;
• Crie uma curta rotina;
• Faça uma tarefa de cada vez;
• Use lembretes eletrônicos;
• Peça ajuda sempre que precisar;
• Treine para conseguir dizer quando não consegue realizar alguma tarefa.
Com assessorias