A cidade do Rio de Janeiro tem o menor índice de contaminação por HIV/Aids em 11 anos, mostra boletim epidemiológico inédito da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O estudo aponta uma taxa de detecção de 29,6 casos por 100 mil habitantes em maiores de 13 anos no município, o melhor resultado de toda a série histórica, iniciada em 2014.
Desenvolvido pela Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde (SUBPAV), o boletim aponta que a taxa de detecção da doença teve uma redução significativa em comparação com o ano passado, quando o índice foi de 41,4 casos por 100 mil habitantes.
A queda é consequência dos investimentos na expansão do acesso à prevenção do HIV/Aids, serviços disponibilizados nas clínicas da família e nos centros municipais de saúde. Entre outras estratégias, a SMS ampliou a oferta da profilaxia de pré-exposição (PrEP), que vem registrando recordes sucessivos de adesão: desde 2021, o número de usuários saltou de 1.305 para 22.025.
Outros indicadores do boletim também apontam para o melhor cenário da década. O município registrou o menor percentual de positividade de testes dos últimos 10 anos, com apenas 0,9% de resultados positivos. A mortalidade também caiu drasticamente: foram 357 óbitos em 2025, o menor número de toda a série histórica — em 2014, o registro era de 917 óbitos. Além disso, houve uma grande redução de crianças nascendo com HIV (transmissão vertical): de 23 casos em 2014 para apenas dois neste ano.
O tratamento adequado das pessoas que vivem com o vírus HIV permite alcançar a carga viral indetectável, tornando-as intransmissíveis. Atualmente, as unidades de Atenção Primária realizam o acompanhamento de 45.098 pessoas diagnosticadas com HIV. De todas as pessoas que realizaram teste de carga viral, 93% apresentaram resultado indetectável, o maior número de toda a série histórica.
A nova edição do boletim epidemiológico de HIV/Aids foi divulgada nesta segunda-feira (1º de dezembro) para marcar o Dia Mundial da Luta contra a Aids. A data inaugura a campanha Dezembro Vermelho, na qual as unidades da rede municipal de saúde realizam uma série de ações especiais para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do tratamento do HIV/Aids e de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST).
Estado do Rio tem 127.366 pessoas vivendo com HIV e/ou com aids
No Estado do Rio de Janeiro, há 127.366 pessoas vivendo com HIV e/ou com aids. Em 2024, foram diagnosticados 7.627 casos de HIV e/ou aids somados. O número de mortes por aids diminuiu consideravelmente no período: passou de 1839 óbitos em 2014 para 1.040 em 2024, o que representa uma redução de 43,5%.
Os dados são do Painel Integrado de Monitoramento do Cuidado do HIV e da Aids (PIMC), divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde, que utiliza dados dos bancos SINAN, SIM, SISCEL e SICLOM. O cenário epidemiológico do HIV/ aids no estado nos últimos dez anos aponta para redução no número de casos e de óbitos entre 2014 e 2024.
Conforme análise da área técnica da Subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária à Saúde da SES-RJ, essa tendência de redução teve início em 2018, quando foram identificados 8.345 casos de HIV e/ou aids, acentuada por uma grande queda no número de diagnósticos durante o ano de 2020, provavelmente relacionada aos efeitos da pandemia da Covid-19. Observou-se novo aumento em 2021. Desde então, há tendência de estabilidade, com pequenas oscilações ao longo dos anos, mas sem retornar aos níveis anteriores a 2018.
Dentre as pessoas com HIV ou Aids no estado, cerca de 81% estão realizando o tratamento antirretroviral (TARV), que possibilita o controle da infecção no organismo, além de impedir a transmissão do vírus por via sexual quando há adesão ao tratamento e, como consequência, a redução do nível de carga viral no sangue.
Entenda como o Rio reduziu a contaminação por HIV
De acordo com a SMS, nos últimos anos, o município do Rio de Janeiro registrou melhora nos indicadores: queda gradativa nos casos novos, redução do diagnóstico tardio e uma expansão expressiva da oferta de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que hoje alcança dezenas de milhares de usuários ativos. As áreas com maior adesão à prevenção combinada também são as que apresentam os melhores resultados no diagnóstico oportuno.
No Centro Municipal de Saúde Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, apresentou dados epidemiológicos inéditos sobre o cenário do HIV/Aids no município e detalhadas as ações especiais de prevenção que ocorrerão em toda a rede municipal de saúde ao longo do mês.
Este é um resultado histórico, que reflete o papel central da Atenção Primária e o esforço de toda a rede em ampliar o acesso à prevenção e ao cuidado. Mesmo assim, não podemos baixar a guarda: é fundamental manter todos os cuidados contra o HIV, como a prevenção combinada, a testagem e, se necessário, o tratamento adequado”, diz o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Segundo o subsecretário de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde, Renato Cony, os indicadores apresentados no boletim consolidam uma inflexão importante na trajetória do HIV/Aids no município.
A queda simultânea na detecção, na mortalidade e na transmissão vertical sinaliza que a integração entre vigilância epidemiológica, Atenção Primária e políticas de prevenção está produzindo resultados sólidos e sustentáveis. Ainda assim, seguimos com o compromisso de ampliar o acesso precoce ao diagnóstico e de fortalecer estratégias combinadas de prevenção, medidas fundamentais para manter esse avanço”, pontua
A íntegra do boletim está disponível no site da Secretaria Municipal de Saúde.
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Agenda Positiva
Dezembro Vermelho: unidades de saúde do Rio terão ações especiais durante todo o mês
Haverá ações de prevenção, atividades educativas e testagem em unidades de saúde distribuídas por toda a cidade
As unidades da rede municipal de saúde receberão uma série de ações especiais para o Dezembro Vermelho. Este ano, o Dia D da campanha acontece no sábado, 13, quando todas as unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde) estarão abertas das 8h às 17h.
O objetivo é facilitar o acesso à prevenção e ao tratamento, oferecendo testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites B e C, além de vacinação contra hepatite B, A e HPV e distribuição de preservativos e outros insumos de prevenção para quem não consegue comparecer às unidades durante a semana.
Haverá ainda atividades extramuros em espaços de grande circulação, como praças e parques, para levar informação sobre diagnóstico oportuno e combate ao preconceito, buscando aproximar o cuidado da população e dar visibilidade à luta contra o HIV/Aids.
O Dezembro Vermelho é uma oportunidade para combater o estigma e o preconceito em torno das infecções sexualmente transmissíveis e reforçar que nossas unidades estão de portas abertas para todos que precisarem de orientações e acompanhamento”, diz Daniel Soranz.
Autoteste é a novidade na prevenção combinada no SUS
Durante todo o mês, as unidades de saúde do município do Rio de Janeiro promoverão atividades educativas para reforçar a importância da proteção sexual, com foco na prevenção combinada, que une diferentes métodos de prevenção. Uma novidade é o estímulo ao autoteste de HIV, que permite ao usuário realizar o exame com maior autonomia e privacidade, podendo inclusive levá-lo para parceiros que não acessam a unidade de saúde.
Além da PrEP, outros métodos de prevenção são distribuídos gratuitamente pelas clínicas da família, centros municipais de saúde e unidades de Atenção Primária, como preservativos internos e externos e gel lubrificante.
A rede municipal de saúde oferece ainda a profilaxia pós-exposição (PEP), terapia com antirretrovirais utilizada por 28 dias após uma possível exposição ao vírus, como em relações sexuais desprotegidas, violência sexual ou acidentes com material biológico. Nesses casos, é fundamental buscar atendimento imediato em hospitais, UPAs ou clínicas da família para avaliação e início do tratamento dentro do prazo recomendado.
SES-RJ capacita municípios para combater a epidemia de HIV/aids
A SES-RJ informou que, em 2025, o balanço de ações para combate ao HIV/Aids está sendo positivo com o primeiro município da Região Metropolitana 1 (Mesquita) a receber um selo prata de boas práticas rumo à eliminação da transmissão vertical (quando há a transmissão da mãe para o bebê) do HIV. Foram intensificadas ações de capacitação com a produção de videoaulas sobre o Sistema de Monitoramento Clínico (SIMC) e sobre a vigilância da transmissão vertical do HIV.
As capacitações abordaram temas como diagnóstico da tuberculose em pessoas vivendo com HIV, profilaxia pré-exposição (PrEP), profilaxia pós-exposição (PEP), entre outros. Estão sendo realizadas oficinas regionais em todas as regiões de saúde, que vêm mobilizando gestores, profissionais de saúde e representantes da sociedade civil, a fim de ampliar e qualificar a oferta de PrEP e PEP nos municípios.
Agenda Positiva
Rio ilumina pontos turísticos em vermelho no Dia Mundial de Luta contra a Aids
Alguns dos principais cartões-postais da cidade do Rio de Janeiro serão iluminados em vermelho para marcar o Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro. A ação é organizada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e reforça o compromisso do município com a prevenção, o diagnóstico oportuno e o enfrentamento ao estigma.
Em parceria com o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, o monumento símbolo do Brasil recebe iluminação especial nesta segunda-feira, 1º, das 18h30 às 19h30. Já a Igreja da Penha, os Arcos da Lapa, o Monumento Estácio de Sá, no Aterro do Flamengo, e o Teatro Carlos Gomes estão iluminados desde o dia 29 de novembro, permanecendo assim até esta segunda.
A SMS destaca que a iluminação é simbólica, mas estratégica, ao manter o HIV em pauta e incentivar a população a buscar testagem, orientação e cuidado. O coordenador de Prevenção em Saúde, Carlos Tufvesson, destaca que a ação acompanha o calendário internacional e tem papel importante na sensibilização da população.
A iluminação em vermelho chama atenção para um tema que ainda exige cuidado contínuo, informação de qualidade e acolhimento. O Rio tem avançado muito na prevenção e no tratamento, mas seguimos trabalhando para que ninguém fique para trás”, afirma.
Segundo ele, “prevenção se dá com informação. Vá em qualquer clínica da família e faça a PrEP, não precisa ser a sua cadastrada. A rede também oferece PEP e tratamento para pessoas com diagnóstico de HIV, contribuindo para combater o estigma e o preconceito em torno da doença”, completa.
Encontro para fortalecer o enfrentamento do estigma relacionado ao HIV/aids

O papel dos profissionais de saúde no enfrentamento ao estigma e ao preconceito relacionado a quem vive com HIV/aids foi o tema do encontro “Estigma e discriminação: como respondemos a essas barreiras para o cuidado em aids?”, que a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) realizou nesta segunda-feira, 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids.
É importante não somente refletir sobre a atuação dos profissionais de saúde no enfrentamento do preconceito, como também orientar e garantir nas unidades do SUS, em todo o estado, a continuidade de atendimento adequado a quem vive com HIV ou aids”, afirmou a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello, durante a abertura do evento.
O evento, transmitido ao vivo pelo canal da SES-RJ no YouTube, contou com rodas de conversa com profissionais da saúde e ativistas no enfrentamento do estigma do HIV/aids, com destaque para a palestra da médica Márcia Rachid, integrante e co-fundadora do Grupo Pela Vidda. A roda de conversa com o tema “O que os usuários esperam dos profissionais e dos serviços de saúde” reuniu o ponto de vista de quem vive com o vírus e utiliza os serviços do SUS.
O importante é chamar a atenção para a oportunidade que os fóruns nos proporcionam para que possamos mostrar que o Brasil tem a maior política de inclusão social do mundo e que essa prerrogativa precisa estar à disposição de todos os pacientes que vivem com hiv/aids”, ressaltou o subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde, Mário Sérgio Ribeiro.
A psicóloga sanitarista da Gerência de IST/Aids do Estado, Sandra Filgueiras, traçou uma retrospectiva dos primeiros anos de enfrentamento da doença no país. O encontro reuniu Agatha Tariga Corrêa, coordenadora da Rede Nacional de Travestis, Transexuais e Transmasculines vivendo com HIV/AIDS e assessora jurídica do Grupo Pela Vidda; Leonardo Aprígio, psicólogo, ativista independente e pessoa vivendo com HIV/aids; e Sabin Milla, liderança jovem em HIV/aids no estado do Rio de Janeiro, e Sandra Brito, professora, e integrante do Grupo Parceiras da Vida, do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), que discorreram sobre as suas vivências.
Sobre o Dia Mundial de Luta contra a Aids
O dia 1º de dezembro foi instituído como o Dia Mundial de Luta contra a Aids em 1988 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para chamar a atenção para a proliferação do vírus HIV como um problema de saúde pública global. No Brasil, a campanha Dezembro Vermelho visa engajar profissionais e usuários para a prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos das pessoas que vivem com HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis.
Com informações da SMS-Rio e da SES-RJ (atualizado em 02/12/25)









