Os números são assustadores. A cada ano são feitos 12 milhões de diagnósticos de câncer no mundo. Se considerarmos apenas o Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), devem surgir no país 1,2 milhão de novos casos de câncer em 2018 e 2019. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que uma grande parte dos casos está relacionada ao nosso modo de vida. E mais: a entidade destaca a perigosa relação entre hábitos pouco saudáveis da nova geração e o aumento nos índices de tumores entre jovens com menos de 30 anos.
Para marcar o Dia Mundial do Câncer, celebrado em 4 de fevereiro, a Fundação do Câncer, referência no controle da doença no país, promove a campanha “Nós podemos. Eu posso”, liderada pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC). O movimento conta com o apoio de artistas e tem o objetivo de mostrar que é possível prevenir o câncer com a adoção de hábitos saudáveis.
“O câncer é segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos no país, perdendo apenas para óbitos decorrentes de acidentes e violência. Entre 2009 e 2013, de acordo com os dados mais recentes fornecidos pelo Inca, 17.500 jovens brasileiros morreram em decorrência de tumores malignos”, diz o Dr. Andrey Soares, oncologista clínico do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.
O especialista explica que a somatória destes dados resulta em um alerta importante: é preciso rever nossos hábitos de vida – ou a falta deles – para frear as estatísticas crescentes ano a ano. “O incentivo à prática constante de exercícios físicos, dieta equilibrada, consumo moderado de bebidas alcoólicas e outras medidas simples surgem não apenas como iniciativas essenciais para frear os índices aumentados do câncer como uma maneira de promoção à qualidade de vida e bem estar geral. Essas medidas contribuem também para a potencialização do processo de tratamento para pessoas diagnosticadas com a doença e outras condições como diabetes e hipertensão”.
Para reforçar essa percepção, Dr. Andrey ressalta que sobrepeso e sedentarismo estão no topo dos fatores que afetam especialmente a saúde da geração de adultos nascidos nos anos 1990. “Millennials têm o dobro de risco de desenvolvercâncer no cólon (segmento do intestino grosso) e quatro vezes mais chance de receberem um diagnóstico de câncer no reto em comparação à geração Baby Boomers, indivíduos com 55 anos ou mais, apenas para citar mais um exemplo dos malefícios do sedentarismo e da ingestão de alimentos pobres em vitaminas e fibras”, afirma o oncologista do CPO, citando estudo recentemente promovido pela Sociedade Americana de Câncer (ACS, sigla do inglês American Cancer Society).
E não são só os tumores intestinais que estão relacionados ao nosso comportamento diário. A obesidade já tida como importante contribuinte para o aparecimento de ao menos outros nove tipos de câncer: esôfago, vesícula, fígado, pâncreas, rins, útero, ovário, mama e próstata. “Fatores como sedentarismo, consumo aumentado de carne vermelha, fast food, comida processada, álcool e cigarro também são hábitos comuns entre os jovens que podem trazer malefícios à saúde. Se não atentarmos para os hábitos que colaboram para a redução do risco de câncer, teremos futuramente um contingente cada vez mais aumentado de pacientes nos consultórios oncológicos”, finaliza.
Campanha “Nós podemos. Eu posso”
Nas redes sociais, a Fundação do Câncer irá divulgar uma série de posts com orientações de saúde e promoverá no dia uma live em sua página no Facebook, na qual especialistas responderão às perguntas dos internautas em tempo real. Durante a transmissão, médicos de diversas especialidades estarão disponíveis para tirar todas as dúvidas em relação à doença. O bate-papo será mediado pela jornalista Katy Navarro e dividido em blocos por temas como câncer de mama, próstata, pulmão, gastrointestinal, cuidados paliativos, entre outros.
Além da mensagem sobre estilo de vida, a campanha também reforça a importância do diagnóstico precoce, aliado ao tratamento adequado, fundamentais na luta conta a doença. “Mesmo no Brasil, onde temos um volume grande de diagnóstico da doença em estágio avançado, mais da metade dos pacientes se curam. Quanto mais precocemente conseguimos detectar um câncer, melhor a chance de tratar adequadamente e maior o índice de curabilidade. Por isso, estamos engajando a sociedade neste movimento. Juntem-se a nós em 2018!”, convoca o diretor-executivo da Fundação, Luiz Augusto Maltoni.
Dados – Os dados revelam que foram registrados em torno de 600 mil novos casos de câncer no Brasil em 2016 – em 2015, eram 520 mil. Somente este ano a expectativa é de mais 600 mil novos casos no país, acometendo todas as faixas etárias e sem causa específica. Números do instituto apontam ainda que o tipo de câncer mais incidente entre homens e mulheres é o de pele não melanoma. Entre os homens, os mais frequentes são os de próstata, pulmão e intestino. Já entre as mulheres, as maiores incidências são de cânceres de mama, intestino e colo do útero.
A data – O Dia Mundial de Combate ao Câncer foi criado pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC), ONG fundada em 1933 e com sede em Genebra, na Suíça. A UICC é a maior organização mundial de luta contra o câncer, com mais de 400 organizações apoiadoras em 120 países. No Brasil, a Fundação do Câncer é membro da instituição há cerca de 10 anos.
Fonte: Centro Paulista de Oncologia (CPO) e Fundação do Câncer, com Redação