O câncer é um problema de saúde pública global, de tratamento caro e de acesso limitado às formas mais modernas de tratamento em muitos lugares. Causa a morte de 8,3 milhões de pessoas por ano em todo o planeta.
Para 2024 são esperados mais de 20 milhões de casos novos de cânceres no mundo com, provavelmente, cerca de 10 milhões de óbitos. Ou seja, metade das pessoas acometidas por câncer em todo o mundo, uma vez que a mortalidade se relaciona com falta de diagnóstico precoce, bem como, com limitação do acesso aos tratamentos.
De acordo com estimativas atuais, uma a cada quatro pessoas terá algum tipo de câncer ao longo da vida (lifetime risk). O índice consiste no risco de câncer ao longo da vida que é uma medida do risco cumulativo de câncer em uma faixa etária específica. O risco global estimado de um indivíduo desenvolver câncer ao longo da vida (risco do nascimento até a morte) é de 25,10%.
Nos Estados Unidos, as chances de uma mulher ter câncer de mama é de uma a cada oito. Em geral, o risco médio de uma mulher americana desenvolver câncer de mama em algum momento de sua vida é de cerca de 13%. Isso também significa que há uma chance de 7 em 8 de ela nunca ter a doença. No caso de câncer de próstata, a situação não é muito diferente, um em cada oito homens irá desenvolver essa doença ao longo da vida.
Criado pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial do Câncer (4 de fevereiro) tem como grande objetivo influenciar governos e indivíduos para que se mobilizem pelo controle do câncer, incentivando ações de cuidado e de atenção ao diagnóstico precoce.
Hábitos de vida e envelhecimento: os principais fatores de risco
Os principais fatores de risco têm a ver com os hábitos de vida e, fundamentalmente, com o processo de envelhecimento.
“Quanto mais envelhecemos, mais chances de termos câncer. Além disso, fatores genéticos e hereditários (transmissão familiar de mutações genéticas), aspectos ambientais como tabagismo, poluição, exposição a outros agentes cancerígenos com radiação podem elevar esse risco.”, comentou Wesley Pereira Andrade, Mestre e Ph.D. em Oncologia e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
De acordo com o médico, para o câncer de mama, como outro exemplo, entra nessa conta também os fatores hormonais e reprodutivos da mulher como, por exemplo, a menarca (idade da primeira menstruação) precoce, menopausa tardia, não ter tido gravidez, não ter amamentado, entre outros.
Obesidade e alimentos ultraprocessados
Modernamente, a obesidade está associada como uma das causas principais de câncer da atualidade, uma vez que causa uma inflamação sistêmica, o que aumenta muito o processo replicativo celular e favorece o surgimento de vários tipos de câncer.
Associado a isso, aumenta o risco a alimentação inadequada, à base de produtos alimentícios ultraprocessados, e também o sedentarismo. Tabagismo e etilismo (ingestão de álcool) são fatores cancerígenos clássicos na oncologia se relacionado a vários tipos de câncer.
As infecções também representam um papel importante, principalmente as provocadas pelo papilomavírus (HPV) e se correlaciona com os cânceres de colo de útero, vagina, vulva, região perianal, câncer de pênis e câncer de cabeça e pescoço (câncer de orofaringe).
Adoção de hábitos saudáveis atrasa desenvolvimento do câncer
A incidência de câncer tem aumentado consideravelmente nos últimos anos e tornado a doença um problema de saúde pública. Esse número, no entanto, poderia ser reduzido até pela metade com a adoção de um estilo de vida mais saudável e a realização de exames de rastreamento e de rotina – muitos deles capazes de detectar condições pré-cancerígenas.
De acordo com Lucíola Pontes, oncologista e líder médica do Centro de Cuidado em Oncologia e Hematologia do Hcor, um estilo de vida saudável melhora todas as áreas do corpo e atrasa o desenvolvimento de várias doenças.
“Comer alimentos balanceados, não exagerar no consumo de álcool, fazer exercícios físicos e não fumar são apenas alguns pontos que podem ajudar a retardar o aparecimento de cânceres no geral e de doenças vasculares”, explica.
Segundo ela, ainda que a medicina esteja avançando regularmente e estejam sendo criados centros de cuidado específicos para cada tipo de câncer, muitas pessoas ainda vêm a óbito por descobrirem a doença em estágios avançados.
“Por isso, é muito importante controlar os fatores de risco e manter a saúde em dia. Os jovens também precisam se cuidar e tomar mais cuidado com o estilo de vida que adotam, pois a incidência nesse grupo vem crescendo consideravelmente. Somente com a prevenção será possível ver o número de casos cair”, finaliza.
Exames preventivos para detecção precoce
Outra maneira de cuidar da saúde é realizando exames preventivos e de rotina, importantes em duas frentes na luta contra a doença – alguns com a capacidade de rastrear condições pré-cancerígenas e outros fundamentais para a detecção precoce da condição, possibilitando terapias mais simples e efetivas, com aumento significativo das chances de cura.
“É fundamental que o indivíduo busque orientação médica para avaliar a necessidade de check-ups anuais de rastreamento, geralmente a partir dos 40 anos. Para indivíduos com casos de câncer na família, é recomendado iniciar antes. O diagnóstico precoce é imprescindível e ajuda muito nas chances de cura”, afirma Dra. Lucíola.
A oncologista também reforça a necessidade de ouvir os sinais que o corpo dá. “Às vezes, é uma dor que não passa, uma mancha que não desaparece, então, é muito importante averiguar o mais rápido possível para descartar a hipótese de câncer”.