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Febre, palidez, cansaço e manchas roxas no corpo da criança podem ser sinais de câncer. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que o câncer infantil poderá afetar 12,6 mil crianças brasileiras em 2017. A boa notícia é que as chances de cura são de até 75% e por isso a detecção precoce é considerada uma das principais armas no combate a esse mal.

Para conscientizar a população sobre a doença, o Dia internacional de Luta contra o Câncer na Infância (15 de fevereiro) pretende alertar pais – e até mesmo a comunidade médica – para a importância de reconhecer os sintomas da neoplasia o quanto antes, já que muitas vezes eles podem ser confundidos com outros problemas frequentes nessa fase da vida.

Juliane Musacchio, especialista em doenças onco-hematológicas do Grupo Oncologia D’Or, explica que entre os tipos mais comuns da doença em crianças destaca-se a leucemia linfoblástica aguda – neoplasia de glóbulos brancos – como o câncer infantil mais frequente. “Em geral, o paciente com leucemia pode apresentar febre, palidez, cansaço e manchas arroxeadas pelo corpo, dentre outros”, explica. Estar atento a estes sinais é o primeiro passo para a identificação do câncer e, ainda, para a escolha do melhor tratamento. Abaixo, a especialista lista os principais sinais e sintomas da leucemia infantil.

  1. Fadiga, fraqueza e palidez;
  2. Febre e  infecção;
  3. Dor nos ossos ou nas articulações;
  4. Inchaço no abdome;
  5. Perda de apetite e emagrecimento;
  6. Aumento dos linfonodos;
  7. Tosse ou dificuldade para respirar;
  8. Inchaço no rosto e braços;
  9. Dor de cabeça, convulsões e vômitos;
  10. Erupções cutâneas e problemas de gengiva.

Doença rara

O câncer em adolescente e adultos jovens, assim como em crianças, é classificado como “raro”. A maior incidência de câncer em pessoas mais velhas é consequência do maior tempo de exposição a fatores de risco – por exemplo, uma pessoa que fuma durante muitos anos está mais propensa a desenvolver um câncer de pulmão.

“O câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens é considerado uma doença rara, mas existe e é a principal causa de morte por doença neste grupo etário. Ele é curável, mas é preciso ter conhecimento de que existe e fazer o diagnóstico”, afirma a médica Beatriz de Camargo, doutora pesquisadora do Inca.

“É comum que adolescentes e adultos jovens resistam em procurar atendimento médico. Em geral, eles são independentes dos pais suficientemente para tomarem decisões, mas ainda não têm o amadurecimento para tomar decisões mais sérias, como a de procurar um especialista. É necessário estar atento aos sintomas e sinais do câncer e procurar atenção médica”, acrescenta Beatriz.

Prevenção

Além da detecção precoce, Beatriz de Camargo  enfatiza a importância da prevenção. As recomendações para os adolescentes e jovens adultos são as mesmas dos adultos: adotar um estilo de vida que combine atividade física, alimentação saudável e peso corporal adequado e evitar a exposição a fatores de risco como o tabaco, sol em excesso, agrotóxicos etc.

No caso dos tumores no trato geniturinário (o principal é o câncer do colo do útero), o desenvolvimento está diretamente ligado à infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV), que é transmitido principalmente pela relação sexual. O Ministério da Saúde promoveu nos últimos anos uma campanha nacional de vacinação contra o vírus, cujos resultados positivos serão colhidos no futuro. No momento atual, a educação sexual dos jovens é a maior aliada na prevenção do câncer do colo do útero, afirma Beatriz de Camargo, que ressalta a importância do uso de preservativos.

Diagnóstico Precoce

O Ministério da Saúde acaba de lançar o primeiro Protocolo de Diagnóstico Precoce do Câncer Pediátrico. A publicação vai auxiliar profissionais da saúde a conduzir casos suspeitos e confirmados dentro de uma linha de cuidado, com definição de fluxos e ações desde a atenção básica até a assistência de alta complexidade. A partir de agora, profissionais de todos os serviços de saúde terão mais segurança para considerar os achados clínicos com a idade, sexo, associação de sintomas, tempo de evolução e outros dados, para que possam suspeitar corretamente e conduzir o caso ao diagnóstico de maneira rápida e eficaz.

A publicação está disponível no site do Ministério da Saúde.

Tratamento

O câncer pediátrico é uma doença curável e o período de tratamento varia de seis meses a dois anos, sendo que são previstas algumas internações neste período. Coordenadora do grupo de hematologia do Centro de Oncologia do Quinta D’Or, Juliane explica que, atualmente, muitos estudos estão sendo desenvolvidos para melhorar a vida do paciente com câncer infantil.

“O principal indicador de sobrevida na leucemia linfoblástica aguda é a presença ou não de doença residual mínima, ou seja, a identificação das células cancerosas remanescentes, durante e após o tratamento quimioterápico. Para combatê-las, novas medicações têm surgido como forma de tratamento, antes da realização do transplante alogênico de medula óssea”, finaliza a especialista.

O Inca acaba de entregar a nova Unidade de Internação Pediátrica (Pediatria), que passou por um amplo processo de revitalização, adequação e ambientação.  O novo espaço d oferece aos pacientes pediátricos um ambiente mais acolhedor, humanizado e adequado à realidade das crianças e adolescentes.

Uma das inovações foi a criação da sala de acolhimento, reservada para o profissional da assistência receber pacientes e seus familiares. A sala oferece o conforto e a privacidade necessários para que as conversas sobre o tratamento ocorram de forma individualizada, permitindo esclarecimentos de dúvidas e discussões sobre temas delicados referentes ao paciente. Composta por dois leitos, a unidade de cuidados intermediários (UCI) recebe pacientes em condições clínicas que requerem mais atenção e estão em transição entre a enfermaria e a unidade de cuidados intensivos pediátrica (UTIP).

Para quem vem de fora

Algumas novidades da nova Pediatria visam melhorar a rotina hospitalar para os familiares e a equipe técnica. Como muitos pacientes são provenientes de outros municípios e até de outros estados, foi criado um amplo maleiro, com armários individuais que permitem que os familiares guardem suas bagagens de forma mais adequada. O novo almoxarifado-satélite reunirá em um só local os insumos utilizados na Pediatria, o que agilizará os atendimentos.

“Os benefícios são muitos. Um novo ambiente mais humanizado e acolhedor impacta positivamente nos pacientes, familiares, acompanhantes e profissionais de saúde do Inca. Desta forma, podemos fazer com que os períodos de internação sejam mais bem-aceitos pelos pacientes e melhorar o resultado do tratamento e a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares”, ressalta Sima Ferman, chefe do Serviço de Oncologia Pediátrica do Inca.

A obra, que custou cerca de R$ 1,8 milhão, contou com o apoio da Fundação do Câncer e foi custeada a partir de doações de ONGs, como o Instituto Ronald McDonald (o maior apoiador), e pessoas físicas e jurídicas. Ela demandou 18 meses de planejamento e nove meses de execução. Durante a obra, os pacientes ficaram em uma enfermaria provisória e não houve redução do número de atendimentos.

Situada na sede do Inca, na Praça Cruz Vermelha, no Centro do Rio de Janeiro, a Pediatria é um centro de referência especializado no tratamento do câncer infantojuvenil e conta com 36 leitos distribuídos entre a enfermaria (28), a UCI (2) e a UTIP (6).

Novos números sobre a doença

Recém-lançada pelo Inca e pelo Ministério da Saúdem a publicação Incidência, mortalidade e morbidade hospitalar por câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens no Brasil: Informações dos registros de câncer e do sistema de mortalidade traça, pela primeira vez, um panorama do câncer em adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos) no Brasil.

O estudo detalhado de 412 páginas, que servirá como balizador para o planejamento e gestão de ações e políticas públicas, aponta que, no Brasil, no período de 2009 a 2013, ocorreram 17.527 mortes por câncer no grupo de 15 a 29 anos (5% de todos os óbitos no grupo). O câncer foi, no período, a principal causa de morte por doença neste grupo etário e a segunda causa geral atrás apenas de “causas externas” (acidentes e mortes violentas de diferentes tipos).

O trabalho do Inca/MS indica que a taxa média de mortalidade por câncer ajustada de adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos) foi de 67 por 1 milhão, no período de 2009 a 2013. Uma boa notícia da publicação é que essa taxa está estável. De 1979 a 2013, a variação das taxas de mortalidade nesta faixa etária foi de apenas 0,3%, o que, do ponto de vista estatístico, significa estabilidade.

O câncer possui padrões diferenciados nas três faixas etárias: crianças (0 a 14 anos), adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos) e adultos (acima de 30 anos). O estudo indica que os tumores mais frequentes em adolescentes e adultos jovens são os carcinomas (34%), linfomas (12%) e tumores de pele (9%).

Em relação à incidência de câncer, a publicação aponta que a mediana das taxas médias no Brasil entre as pessoas de 15 a 29 anos foi de 236 casos/milhão. A taxa é bem superior à verificada em crianças de 0 a 14 anos de 127/milhão, mas inferior às dos principais tipos de câncer em adultos.

As localizações mais frequentes dos carcinomas em adolescentes e adultos jovens são no trato geniturinário (taxa de incidência de 24,83/milhão), tireoide (14,18/milhão), mama (12,46/milhão) e cabeça e pescoço (4,57/milhão), aponta o estudo.

Fonte: Ministério da Saúde e Grupo Oncologia D’Or

 

 

 

 

 

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