O mês de março destaca a conscientização ao câncer colorretal, o segundo tipo em incidência tanto para homens quanto para mulheres no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), que estima o surgimento de 45 mil novos casos em 2023 no país. O câncer colorretal origina-se no intestino grosso, também chamado de cólon, e no reto, região final do trato digestivo e anterior ao ânus. Este tipo de câncer também é uma das principais causas de morte por câncer em todo o mundo.

De acordo com especialistas, cerca de 30% de todos os cânceres colorretais são causados por fatores como o baixo consumo de fibras alimentares, sedentarismo, consumo de carne processada, de carne vermelha acima do recomendado (até 500 gramas por semana) e de bebidas alcoólicas, além do excesso de peso.

Segundo o Inca, o consumo de carne vermelha em excesso e de carnes processadas (presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela e peito de peru) está diretamente associado ao aumento do risco de desenvolvimento de câncer colorretal. Estimativas indicam que para cada porção de 50 gramas de carne processada consumida diariamente o risco de câncer colorretal aumenta em 18%.

A boa notícia é que muitos casos podem ser prevenidos ou tratados com sucesso se detectados precocemente. Segundo especialistas, a prevenção do câncer colorretal começa com mudanças no estilo de vida e exames regulares. Adotar hábitos saudáveis, como a prática regular de atividade física e alimentação equilibrada e evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, é fundamental na prevenção da doença.

“Uma dieta rica em fibras, frutas, verduras e cereais integrais, com baixo consumo de carne vermelha e processada, pode ajudar a reduzir o risco de câncer colorretal. Também é importante manter um peso saudável, evitar o tabagismo e limitar o consumo de álcool”, esclarece a oncologista clínica da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Amanda Karani.

A manutenção do peso corporal adequado, a prática de atividade física, assim como a alimentação saudável são fundamentais para a prevenção do câncer colorrretal. Uma alimentação saudável é composta por alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, grãos e sementes.

“Esse padrão de alimentação é rico em fibras e, além de promover o bom funcionamento do intestino, ajuda no controle do peso corporal. Além disso, deve-se evitar o consumo de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, presunto e bacon) e evitar o excesso do consumo de carnes vermelhas”, afirma diz Paulo Roberto Paes e Silva Júnior, médico da Libbs Farmacêutica.

Manter o peso dentro dos limites da normalidade e fazer atividade física, movimentando-se diariamente ou na maior parte da semana, são fatores importantes para a prevenção desse tipo de câncer. Não fumar e não se expor ao tabagismo também são medidas de prevenção contra o câncer colorretal.

Fatores de risco

Os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver o câncer do intestino são:

Idade igual ou superior a 50 anos, devendo realizar a colonoscopia para rastreamento a partir dos 45 a 50 anos.

excesso de peso corporal;

alimentação pobre em frutas, vegetais e fibras;

indivíduos com histórico familiar;

consumo de carnes processadas também aumenta o risco para esse tipo de câncer.

Outros fatores relacionados à maior chance de desenvolvimento da doença são: tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e doenças inflamatórias do intestino, especialmente a retocolite ulcerativa, que também aumenta o risco de desenvolver esse tipo de tumor.

Quais são os sintomas do câncer colorretal?

Os sintomas do câncer de colorretal são variados, sendo que ter a presença de um ou mais dos sinais abaixo descritos não quer dizer, necessariamente, que o paciente desenvolveu a doença. O ideal é ter acompanhamento médico para realizar exames complementares antes de fechar um diagnóstico.

Conheça os sintomas do câncer colorretal:

  • presença de sangue nas fezes,
  • sangramento retal,
  • alteração do hábito intestinal – diarreia ou constipação (prisão de ventre) que não passam,
  • dor ou desconforto abdominal,
  • cólicas abdominais;
  • gases constantes;
  • sensação de que o intestino não esvazia de forma total;
  • náuseas e vômito;
  • coceira, ardor ou secreções incomuns no ânus;
  • dor na região anal, com dificuldade para defecar;
  • fezes escurecidas, pastosas ou em formato de fita;
  • dor ao evacuar;
  • incontinência anal;
  • anemia;
  • fraqueza e fadiga que não cessam;
  • perda de peso súbita e acelerada, sem causa aparente;
  • alteração na forma das fezes (muito finas e compridas),
  • presença de massa (tumoração) abdominal e
  • mudanças no apetite.

Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico. Por isso, a pessoa deve procurar ajuda imediata ao notar sintomas como desconforto abdominal, cólicas, dores abdominais, emagrecimento e sangramento nas fezes. “Esse é um tipo de câncer com alta chance de cura se identificado no estágio inicial”, conclui a Dra. Amanda Karani.

Diagnóstico precoce é fundamental

Assim como todos os outros tipos de câncer, o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura e a sobrevida dos pacientes. Ele pode ser feito por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença ou de pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento).

O rastreamento dos tumores de cólon e reto (colorretais) pode ser realizado através de dois exames principais: pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia. No caso de histórico familiar da doença, a colonoscopia deve ser antecipada para 35 anos. Outro exame também realizado é a pesquisa de sangue oculto nas fezes;

“É fundamental que a população esteja atenta aos sinais e sintomas da doença, como a presença de sangue nas fezes, dor abdominal, alterações no hábito intestinal e perda de peso inexplicada”, afirma Luiz Henrique Araújo, oncologista do Hospital São Lucas Copacabana, pertencente à Dasa.

Araújo também salienta que, caso haja a detecção de algum desses sintomas, é importante procurar um médico para avaliação e diagnóstico adequados, pois, com o tratamento correto, é possível obter um tratamento mais eficaz e qualidade de vida para os pacientes com câncer colorretal.

“Essa detecção pode ser realizada por meio de exames de rastreamento, como a colonoscopia, que permite a detecção de pólipos ou lesões no cólon e no reto antes mesmo de se tornarem cancerosos”, explica o médico, que também é diretor regional Rio de Janeiro da Dasa Oncologia.

Conheça os exames que detectam o câncer colorretal

câncer colorretal inclui tumores malignos que se iniciam no intestino grosso, também chamado cólon, e no reto (localizado acima do canal anal). Trata-se de um câncer com grandes chances de cura quando diagnosticado precocemente.

Para a sua identificação, o exame recomendado é a colonoscopia, que exige um preparo considerado difícil uma vez que é necessário esvaziar todo o intestino, mais delicado para pessoas idosas pois pode promover a desidratação. Por isso, em alguns casos, requer anestesia e às vezes o suporte de internação.

O preparo da colonoscopia envolve uma série de cuidados. Não consumir carnes vermelhas, verduras, frutas, leite, café, refrigerantes e qualquer alimento com fibras no dia anterior ao exame; manter o jejum total, inclusive de líquidos, por duas horas antes da realização do exame e no dia anterior, não ingerir líquidos de cores escuras e/ou com corantes.

Retirada de pólipos na colonoscopia previne o câncer

Além do diagnóstico precoce, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que os países com condições de garantir confirmação diagnóstica, referência e tratamento realizem o rastreamento do câncer de cólon e reto em pessoas acima de 50 anos, por meio do exame de sangue oculto nas fezes.

Caso o teste seja positivo, a pessoa deverá fazer uma colonoscopia ou retossigmoidoscopia, que permitirá ao médico visualizar a parte interna do intestino para ver se há câncer ou pólipos que possam vir a se transformar em câncer.

“A retirada dos pólipos evita a ocorrência do câncer”, diz Paulo Roberto Paes e Silva Júnior. A análise requer biópsia e a retirada da amostra é feita por meio de aparelho introduzido pelo reto (através da colonoscopia ou retossigmoidoscopia).

Tratamento do câncer colorretal

O tratamento do câncer colorretal depende principalmente do tamanho, da localização e da extensão do tumor.

“O câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. A cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo) dentro do abdome.”, diz Dr. Paulo Roberto Paes e Silva Júnior.

Segundo ele, a cirurgia remove o tumor, mas há possibilidade de serem realizados tratamentos adicionais como radioterapia (para tumores de reto) associada ou não à quimioterapia, para diminuir a possibilidade do recidiva do tumor, além de outros tipos de medicamentos mais modernos. Após o tratamento, é importante realizar acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores.

Quando a doença está espalhada, com metástase para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas. Para os casos avançados da doença, é possível recorrer aos medicamentos biológicos para apoiar os tratamentos convencionais.

Um dos objetivos da utilização desse recurso é o de retardar a progressão da doença, por meio da redução da vascularização do câncer. Dessa forma, é possível oferecer uma melhora na qualidade de vida do paciente e melhor controle da doença.

Câncer colorretal em números

As chances de morte precoce por câncer colorretal entre pessoas de 30 a 69 anos podem aumentar em 10% até 2030, de acordo com o Inca. Entre os vários tipos de tumores, o câncer de intestino apresentou o maior aumento projetado em todas as regiões brasileiras, tanto em homens quanto em mulheres.

Comparando 2026-2030 com o último período analisado (2011-2015), a diferença de mortes prematuras estimada é de cerca de 27 mil, sendo 14 mil a mais entre homens e 13 mil entre as mulheres.

Entre os homens, a região Norte do país apresentou o maior aumento projetado (52%); Nordeste (37%), Centro-Oeste (19,3%), Sul (13,2%) e Sudeste (4,5%) completam a sequência. Em relação às mulheres, o Nordeste (38%) lidera, seguido por Sudeste (7,3%), Norte (2,8%), Centro-Oeste (2,4%) e Sul (0,8%).

Segundo o levantamento Globocan 2020 do IARC / OMS, no ano de 2020, o câncer colorretal foi o quarto câncer mais incidente no mundo e o 3º mais letal neste mesmo ano2. No Brasil, o câncer de intestino é o segundo tipo mais incidente em homens e o segundo mais incidente em mulheres, atrás apenas do câncer de próstata e de mama, respectivamente.

Segundo o Inca, em cada ano do triênio 2023-2025 serão diagnosticados cerca de 46 mil casos novos de câncer colorretal por ano, correspondendo a aproximadamente 10% do total de tumores diagnosticados no Brasil, excluindo-se o câncer de pele não melanoma.

Com Assessorias

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