Estima-se que no Brasil haverá 704 mil novos casos de câncer por ano, até 2025. O número alarmante reforça a importância da campanha criada pela União Internacional do Controle do Câncer (UICC), com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), que busca mostrar a importância de termos um mundo com acesso a serviços de câncer melhores e mais justos para todos. No dia 4 de fevereiro é comemorado o Dia Mundial de Combate Câncer.

Dia Mundial do Combate ao Câncer (4 de fevereiro) alerta e incentiva o diagnóstico precoce da doença, que é a segunda principal causa de morte no mundo, de acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde. As instituições brasileiras que atuam na área da oncologia estão preocupadas com o cenário atual do país. A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e o Instituto Lado a Lado pela Vida reforçam a campanha mundial que dissemina a importância da igualdade no acesso aos cuidados com a doença.

Igualdade é justamente o mote principal da campanha internacional, que tem como slogan a frase: Por Cuidados Mais justos. E, por cuidados mais justos, entende-se o acesso de todos à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento, independentemente da condição financeira e de origem. Não é exagero afirmar que ter acesso ao diagnóstico e ao tratamento salva vidas. Os números comprovam isso.

Cerca de 70% das mortes ocorrem em países de baixa e média renda, considerando que apenas 30% deles possuem serviços de tratamento de câncer disponíveis. Já dentre os mais ricos, 90% contam com essa estrutura. Monumentos em Brasília serão iluminados de laranja e azul para alertar sobre a relevância da data e as 75 ONGs associadas à Femama potencializarão suas ações para informar à população sobre as doenças nas redes sociais.

“O câncer é uma doença que tem cura. Cerca de 95% dos pacientes que são diagnosticados precocemente obtém resultados muito positivos do tratamento. É possível, sim, pensar em um futuro sem morrer da doença mas para isso é preciso agir já”, comenta Maira Caleffi, médica mastologista, chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, fundadora e presidente voluntária da Femama.

“Todas as pessoas merecem ter acesso a serviços oncológicos essenciais e de qualidade, com base na própria necessidade e não na sua capacidade financeira. Conscientizar a população sobre isso e fazê-la exigir esse direito é uma das missões de Femama”, afirma Maíra, que também é presidente do Conselho de Diretores do IGCC (Instituto de Governança e Controle do Câncer).

Oncologia e cuidados básicos

No Brasil, nos próximos três anos serão cerca de 2 milhões de pacientes oncológicos no país precisando de assistência e tratamento. Mas como enfrentar esse aumento exponencial da doença?

“O Brasil precisa ser mais estratégico na definição das prioridades em políticas públicas para o controle do câncer. Necessariamente, o olhar para a doença precisa estar na Atenção Primária do SUS. Todo o paciente deve ser orientado sobre os hábitos de prevenção, deve ter acesso ao diagnóstico e contar com um tratamento adequado às especificidades do seu caso”, afirma Maira Caleffi.

A campanha mundial do câncer objetiva aumentar essa conscientização mundial e incentivar ações – pessoais, coletivas e governamentais – para criar novas perspectivas aos pacientes em todo o mundo. Uma das maneiras de contribuir com a campanha é divulgar informações de qualidade sobre prevenção, diagnóstico e tratamentos. E exigir o acesso aos cuidados mais justos para todos.

Apoio à nova proposta de Política Nacional do Câncer

Neste ano temos mais um importante incentivo para darmos ênfase à data de 4 de fevereiro pois, recentemente, foi apresentada a nova proposta de Política Nacional do Câncer, que precisa ser urgentemente colocada em prática. O Instituto Lado a Lado pela Vida contribuiu, durante um ano e meio, com os parlamentares que lideraram a criação do texto base da nova PNC.

“As transformações se fazem necessárias, pois precisamos ter pilares fortes, reais e possíveis de serem realizados, unido esforços de várias frentes para que a jornada do paciente com câncer seja completa, seja no sistema único de saúde ou na saúde suplementar”, afirma Marlene Oliveira, fundadora e presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Segundo ela, a negligência com a prevenção de tumores evitáveis, como os de colo de útero e pênis, por exemplo, o diagnóstico tardio e tratamentos inacessíveis para grande parcela da população são a realidade no Brasil.

“Isso demonstra o quanto as neoplasias malignas têm sido tratadas sem a devida importância que merecem. Precisamos ter um padrão de atendimento, com a disponibilização de dados confiáveis, que possibilitem investimentos necessários para que a população tenha acesso ao diagnóstico precoce e aos tratamentos”, ressalta.

Marlene explica que a criação da PNC visa rever e, principalmente, reverter pontos essenciais que merecem reflexão, propondo alterações e revisões da política dedicada ao câncer em curso no Brasil. Temos de enfatizar que sejam disponibilizadas soluções mais equilibradas e acessíveis, lembrando que o lado mais frágil desse processo é o paciente e é ele que deve estar no centro das decisões.

“Quando falamos em gestão, não estamos tratando somente de recursos que envolvem o diagnóstico e os tratamentos do câncer, mas também das decisões de como oferecer acesso rápido da população aos centros de referência. Ainda, muito pouco, ou quase nada é investido em prevenção no nosso país. Sabemos que muitos tipos de câncer não podem ser evitados, mas por exemplo a vacina contra o HPV pode evitar diversos tipos de tumores.

Novembro Azul e outras campanhas – O Instituto Lado a Lado pela Vida atua desde 2008 com ações de conscientização sobre câncer, além de um estruturado e intenso trabalho para impactar os formuladores de políticas públicas. Foi Marlene Oliveira quem criou a maior campanha de conscientização sobre o câncer de próstata do país e a saúde integral do homem, o Novembro Azul, que alerta também para os tumores de pênis e testículos, além de outros mais prevalentes entre os homens.

Além do Novembro Azul, iniciado em 2011, o Instituto Lado a Lado pela Vida promove campanhas dedicadas ao câncer de pulmão e aos tumores femininos (colo de útero, ovários e mama). Mais recentemente, tem dedicado um olhar atento ao câncer de intestino (ou colorretal / colón) que pode ser sensivelmente reduzido no país com a ampliação do diagnóstico precoce e de tratamentos cirúrgicos, que impactam diretamente na qualidade de vida dos pacientes, pois reduzem a necessidade de tratamentos invasivos como a quimioterapia ou a radioterapia.

Confira mais informações sobre o cenário do câncer na atualidade.

Cenário do câncer no mundo

• 10 milhões de pessoas morreram de câncer em 2020

• 90% dos países de baixa e média renda não tem acesso à radioterapia (uma das principais alternativas para o tratamento)

• Até 2040 a demanda global por quimioterapia aumentará de 10 milhões para 15 milhões

• Estima-se que 100 bilhões de dólares seriam economizados se 11 bilhões fossem investidos em prevenção

  • 1 em cada 5  homens e 1 em cada 6 mulheres desenvolverão câncer durante a vida, segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, da Organização Mundial da Saúde (IARC).

1 em cada 8 homens e 1 em cada 11 mulheres morrerão da doença, segundo o IARC

Números do câncer no Brasil

No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) informa que o câncer é a segunda principal causa de morte no país, com mais de 626 mil casos e 226 mil óbitos dentro do triênio de 2020 a 2022.

Segundo o Inca, a neoplasia com maior incidência no Brasil é o câncer de próstata, com mais de 65 mil casos ao ano, previstos no triênio 2020 – 2022. Em segundo lugar está o câncer de mama com mais de 66 mil casos, já o câncer de pulmão registra mais de 17 mil casos ao ano nos homens e mais de 12 mil casos nas mulheres, entre 2020 e o ano passado.

O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3%) seguido pelo de mama (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

Cuidados preventivos

✓ Prefira alimentos saudáveis e reduza o consumo dos processados

✓ Evite o sedentarismo e exercite-se com regularidade

✓ Fuja do tabagismo, seja ele com cigarro convencional ou eletrônico

✓ Proteja a pele antes de expor-se ao sol e evite o bronzeamento artificial

✓ Vacine-se contra o HPV

✓ Reduza o consumo de álcool

✓ Evite poluentes e produtos químicos

✓ Informe-se sobre os sinais e sintomas oncológicos

Sobre a FEMAMA

A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama é uma organização sem fins econômicos que trabalha para reduzir os índices de mortalidade por câncer de mama em todo o Brasil, lutando por mais acesso a diagnóstico e tratamento ágeis e adequados.

Com foco em advocacy, a instituição busca influenciar a formação de políticas públicas para defender direitos de pacientes, ao lado de mais de 70 ONGs de apoio a pacientes associadas em todo o país. Conheça o trabalho da FEMAMA.

Sobre Instituto Lado a Lado Pela Vida 

Fundado em 2008, o Instituto Lado a Lado pela Vida  é a única organização social brasileira que se dedica simultaneamente às duas principais causas da mortalidade – o câncer e as doenças cardiovasculares – além do intenso trabalho relacionado à saúde do homem.

Sua missão é mobilizar e engajar a sociedade e gestores da saúde, contribuindo para ampliar o acesso aos serviços, da prevenção ao tratamento, e mudar para valer o cenário da saúde no Brasil. Trabalha para que todos os brasileiros tenham informação e acesso à saúde digna e de qualidade, em todas as fases da vida.

Além de ter criado o Novembro Azul, o Instituto Lado a Lado pela Vida é o idealizador das campanhas Respire Agosto; Siga seu Coração; Mulher Por Inteiro e Câncer por HPV: O Brasil pode ficar sem.

Com Assessorias

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