Os jornalistas brasileiros não tiveram motivos para comemorar sua data nesta quarta-feira (7). De acordo com a última pesquisa divulgada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Brasil é líder mundial de mortes por coronavírus entre os profissionais de imprensa. Entre abril de 2020 e março de 2021, foram 169 vítimas da doença.
Apenas nos três primeiros meses deste ano, 86 casos fatais foram registrados. Um aumento, até agora, de 8,9% de mortes em comparação com 2020. A média diária de óbitos dos profissionais por mês no ano passado foi de 8,5. Em 2021, essa média já alcança 28,6 mortes. É como se um jornalista morresse por dia no Brasil.
Já um estudo da organização suíça Press Emblem Campaign (PEC) mostrou que até 16 de março mais de 900 jornalistas tinham morrido de Covid-19 em 70 países. Calcula-se que mais da metade das mortes ocorreu na América Latina. Os três países latino-americanos que lideravam o ranking de mortes de jornalistas por Covid-19 são Peru (135), Brasil (113) e México (89). No Brasil, os estados do Amazonas e de São Paulo tinham o maior número de mortes (14). A maioria das vítimas estava na faixa etária de 51 a 60 anos. Os homens eram maioria absoluta (91,4%).
Diante da alta vulnerabilidade, os jornalistas podem integrar o grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19, assim como solicita a organização suiça. O projeto de lei que inclui os profissionais de imprensa foi protocolado na tarde de quinta-feira (8), pelo deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT). O documento reconhece que os jornalistas desempenham atividades essenciais à população durante a pandemia e estão expostos a alto risco de contágio.
Na justificativa do projeto, Dagoberto cita dados da Fenaj que comprovam o alto nível de transmissão e de mortes por Covid entre os profissionais da imprensa. Além disso, outra informação ressaltada é uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), que classifica a classe jornalística entre as mais expostas à Covid-19, com chance de contágio de 52%.
Estados também criam projetos de lei
No Dia do Jornalista, 7 de abril, a inclusão dos jornalistas no grupo prioritário de vacinação foi solicitada também ao Ministério da Saúde pelo senador Nelsinho Trad (PSD). Além disso, o PL apresentado tem como base as prefeituras de municípios de todo o país que já anunciaram a implementação da medida e os pedidos de sindicatos dos jornalistas.
Em Teresina, no Piauí, a prefeitura incluir os jornalistas – junto com professores e agentes da Guarda Civil – no grupo prioritário, mas não foi informada a fase da qual eles farão parte. Medidas semelhantes, em resposta ao aumento de casos de contaminações e mortes na categoria, vêm surgindo em diferentes partes do país. No Mato Grosso do Sul, o Sinjorgran (Sindicato dos jornalistas da Grande Dourados) emitiu nota nesta segunda defendendo a vacinação de profissionais de imprensa.
Já em Mato Grosso, o deputado estadual Thiago Silva (MDB) apresentou no dia 2 de abril um projeto de lei com a mesma finalidade. O parlamentausou dados de um levantamento feito pela própria imprensa apontando que pelo menos 150 trabalhadores da comunicação do estado já testaram positivo para a covid-19 desde o início da pandemia. Destes, 13 profissionais morreram em consequência da doença, cinco estão entubados e dezenas passam por tratamento de reabilitação e enfrentam sequelas.
Diante da velocidade com que se registram novas mortes de jornalistas vítimas da Covid pelo país, é difícil obter números consistentes sobre o cenário nacional. Para se ter ideia, somente entre sexta-feira (2) e sábado (3) morreram três jornalistas de covid em Santa Catarina: Ozias Alves Júnior, editor e fundador dos jornais Em Foco; Savas Apóstolo, que trabalhou no Jornal Notícias do Dia; e Ney Padilha, um dos grandes nomes do rádio e do esporte no estado. A Associação Catarinense de Imprensa (ACI) lamentou as mortes e reforçou a necessidade de isolamento social “até que avance o plano de vacinação”.
Com Portal Imprensa