‘Todo fanatismo é burro’, disse a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, sobre os golpistas que atacaram o coração da República em 8 de janeiro. O também psiquiatra Fabiano Horimoto viu de perto os efeitos do radicalismo político no Brasil quando, ainda em 2022, sua esposa sofreu agressões de um extremista de direita, apoiador do então presidente da República Jair Bolsonaro. Após o incidente, o médico publicou um vídeo em seus canais pessoais que rendeu um milhão de visualizações em 30 dias e histórias de pessoas que passaram por situações semelhantes.
“Recebi dezenas de relatos via redes sociais e e-mails, de pessoas que contaram histórias pessoais e familiares de conflitos motivados pela política após terem contato com meu vídeo que viralizou em novembro do mesmo ano. A situação era muito maior do que eu pensava naquele momento”, conta Horimoto.
No primeiro domingo após as festas de Natal e Ano Novo, o Brasil acompanhou pelas redes sociais e a televisão uma série de invasões aos prédios que representam os três poderes da República em Brasília. Ao assistir as cenas, Fabiano decidiu que era o momento de deixar um pouco a rotina do consultório para colocar no papel todas as pesquisas e informações que tinha sobre o tema.
“Decidi escrever como uma forma de protesto contra os atos antidemocráticos, após ver Brasília vandalizada em 8 de janeiro. Comecei a escrever logo no dia seguinte, no dia 9 de janeiro, terminando em menos de 1 mês. Foi uma catarse contar minha história e a de vários brasileiros em situações semelhantes”, revela.
Natural de Dourados, região do Mato Grosso do Sul, Harimoto acaba de lançar “O dia da Infâmia e a Dissonância Cognitiva: um retrato do ódio através da Psicologia”. Escrita após as invasões em Brasília no dia 8 de janeiro, a obra explica a origem do ódio retratado na política atual. O livro já está disponível para compra na Amazon e no site da editora Jaguatirica.
‘Todo fanatismo é burro’, diz psiquiatra sobre terroristas bolsonaristas
Por que e até quando isso vai acontecer?
A eleição mais polarizada da história do Brasil terminou em outubro de 2022, porém, o acirramento e as paixões incondicionais persistem, o que levanta a seguinte questão: por que e até quanto isso vai acontecer? O livro de Fabiano Horimoto ajuda a responder essa pergunta.
Ao longo de 174 páginas, o leitor entenderá de forma clara e com explicações de como funcionam os pensamentos de pessoas capturadas pelo radicalismo, por meio da dissonância cognitiva, pensamentos que preocupam pessoas de todas as idades.
Nos últimos anos, os conflitos em decorrência da política cresceram no país e, segundo um levantamento do Datafolha em 2022 a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sete a cada 10 brasileiros dizem ter medo de agressões por motivações políticas.
“A proposta do livro é trazer informações sobre um período difícil que nossa sociedade enfrentou, de muita polarização política e radicalização. Através de explicações na área da psicologia, é possível explicar esse fenômeno de forma clara para as pessoas entenderem”, explica Fabiano Horimoto.
Inspiração decisiva no 8 de janeiro
Os ataques de 8 de janeiro ocupam posição central no novo livro do psiquiatra. Mas, por se tratar de um assunto complexo, o autor decidiu explorar outros temas no decorrer da obra, como:
A linguagem e a criação das narrativas bolsonaristas;
A indústria de fake news nas redes sociais;
A política do dog whistle, o militarismo e o fascismo à brasileira.
“Infelizmente o Brasil, como frágil democracia, ainda terá um amplo caminho rumo à uma sociedade mais justa e respeitosa. Os últimos 4 anos foram de retrocesso em quase todas as frentes: educação, saúde, segurança pública, meio ambiente. Políticos populistas em nosso país tendem a se aproveitar das fragilidades de nossa incipiente sociedade, mas já há luz no horizonte”, finaliza.
SERVIÇO
Livro: “O dia da Infâmia e a Dissonância Cognitiva: um Retrato do ódio Através da Psicologia”
Autor: Fabiano Horimoto
Editora: Jaguatirica
Onde encontrar – na própria editora ou na Amazon
Preço: R$ 69,90