Na semana em que se celebra o Dia dos Avós (26/7), é importante dar atenção aos impactos da pandemia a esse grupo de pessoas. Pesquisa idealizada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, com a consultoria da Kantar Ibope Media, revela que o período pandêmico afetou diretamente as avós. De acordo com os resultados, são elas que estão mais assustadas (Avós, 38%; Avôs, 26%); solitárias (Avós, 21%; Mães, 20%; Avôs, 12%); e ansiosas (Avós, 38%; Avôs, 21%; Mães, 29%). A hipótese para isso é que as avós possuem idades identificadas com maior risco para casos graves de Covid-19.
A pesquisa “Primeiríssima infância – Comportamentos de pais e cuidadores de crianças de 0 a 3 anos em tempos de Covid-19 – interações na pandemia” avaliou as dinâmicas familiares de cuidado e o desenvolvimento da criança pequena apresenta dados sobre o sentimento de avôs e avós neste período, e as interações deles com as crianças. O estudo contou com a participação de 1.036 cuidadores – pais, mães, avôs, avós, tios, tias ou outros parentes – de todo o Brasil.
Para Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, esse índice é um sinal não só para os idosos, como para os pequenos, uma vez que o sentimento do cuidador é percebido por eles. “A criança se desenvolve de acordo com os estímulos que recebe. O ideal é que as relações sejam saudáveis e positivas. Se o cuidador está deprimido ou com ansiedade, pode ter dificuldades para interagir e responder de forma positiva para os comportamentos da criança. A criança, por sua vez, pode perceber a situação, mesmo que não entenda direito o contexto”, alerta.
Ela ressalta que a interação saudável com o adulto ajuda a criança a lidar com as suas emoções em situações de estresse, a explorar o mundo com confiança e a aprender a se comunicar, e isso é ainda mais importante nesse período de pandemia. “Crianças que são apoiadas pela escuta e pelo acolhimento do adulto constroem vínculos seguros e têm maior propensão a apresentar comportamentos positivos, como empatia e espírito colaborativo”, completa Mariana.
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Maioria dos avós continua a morar com netos
O estudo também procurou mapear com quem as crianças moravam durante a pandemia e percebeu que a porcentagem de avós morando junto com as crianças permaneceu a mesma. Segundo os dados, 12% da amostra total relatou que as crianças já moravam antes da pandemia com os avós e 11% declararam que as crianças moram atualmente com eles. Em uma perspectiva socioeconômica, a classe D/E (23%) é a com o maior índice de avós morando com as crianças em comparação com Classe A/B1(10%) e B2/ C (7%).
“A classe D é histórica e socialmente mais vulnerável e mais exposta às dificuldades – seja pela baixa renda, insegurança alimentar ou devido ao ambiente no qual a criança está inserida. Mesmo com a pandemia, muitas mães dessa classe precisaram trabalhar e acabaram dependendo do cuidado de terceiros. Nesse sentido, é esperado que se tenha uma participação maior dos avós nos grupos familiares”, comenta na publicação a psicóloga Juliana Prates, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Além de entender o contexto da relação às quais as crianças foram submetidas, a pesquisa investigou como os estímulos ocorreram entre as crianças e os avós nessa pandemia. Os dados sugerem que houve uma interação positiva entre os cuidadores avós, que conviveram com as crianças nesse período: 98% dos avôs e avós relataram que brincaram com os pequenos e 79% disseram contar histórias para os netos. O número se aproxima bastante do índice dos pais (99% e 80%, respectivamente).
“É positivo que práticas como essa tenham acontecido na pandemia. É brincando que o bebê aprende e se desenvolve. Brincar traz a oportunidade de desenvolver relações, conviver com o diferente, estimular a experimentação, além de resultar em uma visão mais otimista do mundo”, finaliza Prates.