É verão no Rio de Janeiro: férias, praias lotadas, muito calor e pancadas de chuva no final do dia. Este é um cenário conhecido por todos os cariocas, que nesta época do ano devem ter outra preocupação além do protetor solar. O verão é também o momento de ligar o sinal de alerta para as doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti.
Nesse período, as chuvas são frequentes, e consequentemente, locais com água parada acabam sendo vistos com mais facilidade. São nesses locais que o Aedes aegypti se multiplica, o mosquito responsável por transmitir o vírus através de sua picada. Com isso, há um aumento das arboviroses, doenças causadas pelo mosquito, que infecta com os vírus da dengue, zika e/ou chikungunya.
Dados da Secretaria Estadual de Saúde apontam que os números de casos de dengue e chikungunya dobraram no Rio de Janeiro em 2019. De janeiro a outubro, foram notificados 31.673 casos de dengue e 83.608 de chikungunya, contra 13.587 e 36.930 casos registrados no mesmo período do ano anterior, respectivamente. Apenas os números de zika diminuíram em 2019 – 1.507 casos, queda de 36% em relação a 2018.
Segundo Alberto Chebabo, infectologista do Sérgio Franco Medicina Diagnóstica, que integra a Dasa, autoridades de saúde alertam para um surto de dengue tipo 2 durante o verão carioca. Este subtipo da doença estava fora de circulação no Estado há mais de 10 anos e, por isso, deve fazer novas vítimas. “Este tipo do vírus esteve presente em estados vizinhos no ano passado, como Minas Gerais e São Paulo, mas desde 2008 não há registros no Rio de Janeiro, o que faz com que muitas pessoas não tenham imunidade“, ressalta.
De acordo com o Ministério da Saúde, no fim de 2018 houve alteração de sorotipo da dengue no Brasil. Quando isso acontece, o número de pessoas suscetíveis a contrair o vírus aumenta. Para os especialistas, é importante conscientizar a população de que existem quatro tipos de vírus da dengue e, portanto, é possível ter a doença mais de uma vez. Pesquisas do órgão mostram que 98% dos brasileiros sabem o que é a dengue e conhecem as medidas de prevenção, o grande desafio é transformar essas informações em ação.
Medidas de prevenção
Sobre as medidas de prevenção, David Urbaez, infectologista do Sérgio Franco Medicina Diagnóstica, indica, entre as opções de repelente, o produto à base de DEET, comercializado no Brasil e aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “No entanto, é importante que gestantes e crianças procurem orientação médica antes de fazerem uso dessa substância”, complementa. É importante evitar os focos do mosquito transmissor e sempre verificar telhas, garrafas, vasos e caixa d’água, além de colocar telas na janela e repelente. Veja outras medidas:
– Tampe os tonéis e caixas d’água;
– Mantenha as calhas sempre limpas;
– Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
– Mantenha lixeiras bem tampadas;
– Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
– Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
– Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
– Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa;
– Cubra e faça a manutenção periódica de áreas de piscinas e de hidromassagem;
– Atenção com bromélia, babosa e outras plantas que podem acumular água;
– Lonas usadas para cobrir objetos devem estar bem esticadas, para evitar formação de poças d’água.
* Fonte: ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar
Principais sintomas
- Dengue: febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, perda de apetite, manchas e erupções na pele (principalmente na região do tórax e membros superiores), náuseas e vômitos, tontura, moleza e cansaço extremo.
- Chikungunya: febre alta de início rápido, dores intensas e inchaço nas articulações dos pés e mãos; manchas vermelhas na pele e coceira intensa podem ocorrer.
- Zika: febre baixa, dor nas articulações, dor muscular, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, conjuntivite e erupções cutâneas avermelhadas que podem coçar.
Tratamentos
O infectologista alerta que a dengue e a chikungunya podem evoluir com quadros muito graves, que podem levar à morte. Daí a importância da procura imediata dos serviços de saúde em casos de quadros febris.
Segundo David Urbaez, não existe medicação específica para o combate aos vírus que causam as três doenças. Existem vacinas contra a dengue, porém, ela não deve ser tomada por quem nunca teve o vírus. Por isso, a recomendação de tratamento depende dos sintomas apresentados.
No caso da dengue, o médico responsável poderá pedir o monitoramento do hemograma do paciente. Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios só podem ser tomados após recomendação médica”, finaliza o médico.
Conheça outras doenças também comuns no verão
O verão é conhecido por ser um período de festas, férias, sol e mar. Porém, muitas doenças costumam surgir durante essa época, e alguns cuidados são necessários para evitá-las. Para quem quer aproveitar ao máximo essa estação da melhor forma possível, o biomédico do Laboratório Rocha Lima, Rafael Padovani, explica quais são as outras doenças mais comuns no verão e o que fazer em cada caso:
– Conjuntivite – A qualidade da água do mar depende muito da região e dos hábitos de seus frequentadores, e como nesse período costuma ser de alta temporada, o cuidado precisa ser redobrado para evitar que ela entre em contato com os olhos, pois eles podem ser contaminados e resultar em uma conjuntivite bacteriana. O resultado são olhos vermelhos, inchados e secreção logo ao acordar, então é importante ficar atento e não compartilhar toalha, coçar os olhos ou ficar em contato direto com pessoas que já estão com a doença.
– Insolação – É durante o verão que o sol fica mais intenso e muitos aproveitam para renovar o bronzeado, mas a exposição excessiva pode resultar na insolação, que causa febre, tontura, fraqueza e queimaduras. O horário ideal para tomar sol é antes das 10 da manhã, e sempre com um protetor solar com um fator maior de 30 fps.
– Desidratação – Um hábito que deve ser levado em consideração o ano todo é o de tomar bastante água. No verão, com o aumento da transpiração, o consumo de frutas e líquidos é obrigatório para evitar ficar desidratado. Mal-estar, ressecamento das mucosas e até mesmo ficar bastante tempo sem urinar são alguns dos sintomas da desidratação. O ideal é buscar uma alimentação leve e ficar na sombra sempre que o sol estiver muito forte.
– Hepatite A – As águas de praias poluídas podem propagar a Hepatite A, que afeta o fígado, causando sintomas semelhantes aos da gripe e icterícia, além de náuseas, vômitos e pele e olhos avermelhados. A doença pode ser prevenida através de vacina.
Com Assessorias