Com baixíssima cobertura vacinal contra a Covid-19 – apenas 16% da população acima de 18 anos tomaram a bivalente – a população do Estado do Rio de Janeiro voltou a acender o sinal de alerta nesta quinta-feira (14/9). Dados do novo Boletim do InfoGripe, divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz, destacam que o Rio é o estado onde o sinal de crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19 é mais expressivo. O aumento se observa em todas as faixas etárias que envolvem a população adulta. A análise também sinaliza um leve aumento de SRAG por Covid-19 em São Paulo, no Espírito Santo e em Goiás.
Na última segunda-feira (11), a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) já havia divulgado que, ao longo das últimas 7 Semanas Epidemiológicas (de 23 de julho e 9 de setembro), foram identificados aumento da positividade nos testes rápidos e em laboratório, do número de internações de idosos (sem aumento de óbitos), e de casos de SRAG nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da rede estadual de saúde. Os dados fazem parte do Boletim de Monitoramento de Dados Precoces da Covid-19, disponível no Painel Monitora, no site da SES-RJ.
Importância da testagem e de estar em dia com a vacina
Coordenador do InfoGripe, o pesquisador Marcelo Gomes ressalta que, embora o ritmo de crescimento não seja alarmante, merece atenção. Diante do atual cenário, Gomes chama atenção para a importância da testagem e reforça a necessidade de a população estar em dia com a vacina contra a Covid-19, de acordo com a sua faixa etária.
“É fundamental a vacina no braço dentro da recomendação atual das doses de reforço. Caso não esteja em dia, busque o posto de saúde mais próximo. Assim, esse ciclo de crescimento de Covid-19 que estamos começando a observar será de menor impacto. O risco fica bem menor com a vacina, principalmente, para evitar o desenvolvimento de casos graves”.
Em relação à testagem, o pesquisador orienta a quem apresentar um quadro de resfriado ou sintomas gripais (como dificuldades respiratórias, tosses, espirros e desconfortos no corpo) a procurar um posto de saúde ou a buscar o seu médico da família para se informar e fazer a a testagem.
“Além disso, a recomendação, principalmente neste momento, é que pessoas com sintomas de síndrome gripal possam fazer repouso, ficar em casa e fazer o isolamento. Essas medidas são importantes não só para a recuperação, mas também para diminuir a circulação de vírus respiratórios na nossa população, seja por causa da Covid-19 ou qualquer outro vírus respiratório”. Gomes reforça ainda que para quem apresentar esses sintomas e tiver que sair de casa, o uso da máscara de proteção é imprescindível.
Mais sobre o estudo da Fiocruz
O estudo da Fiocruz, que tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 11 de setembro, é referente à Semana Epidemiológica (SE) 36, período de 3 a 9 de setembro.
O novo Boletim mostra um cenário diferente do observado durante o mês de agosto. O quadro atual revela o início de sinal de interrupção na tendência de crescimento, na maioria dos estados, de novos casos semanais associados ao rinovírus nas em crianças e pré-adolescentes. Alguns dos estados já apresentam queda. No entanto, há ainda estados do Nordeste que apresentam cenário de crescimento do rinovírus nessas faixas etárias.
Em nível nacional, o Boletim aponta queda nos novos casos de SRAG nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 2,9% para influenza A; 0,9% para influenza B; 13,3% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 35,6% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 2,7% para influenza A; 0,0% para influenza B; 2,7% para VSR; e 78,7% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Estados e capitais
A atualização mostra que sete estados apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Alagoas (AL), Ceará (CE), Espírito Santo (ES), Goiás (GO), Rio de Janeiro (RJ), Roraima (RR) e Sergipe (SE).
Em Alagoas, no Ceará, no Espírito Santo, em Goiás e em Sergipe, o crescimento se concentra nas faixas de dois a quatro, de cinco a 14 anos de idade. Em Roraima, o aumento se concentra nas crianças até 4 anos de idade. No Espirito Santo, em Goiás e em São Paulo, também se observa ligeiro aumento em algumas faixas etárias da população adulta.
Entre as capitais, oito apresentam sinal de crescimento: Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Maceió (AL), Palmas (TO), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA). Em Aracaju, Boa Vista, Fortaleza, Macapá e Salvador, o sinal se dá principalmente nas crianças e pré-adolescentes (até 14 anos de idade). Em Maceió e Palmas, o sinal ainda não é claro, embora em Maceió se observe ligeiro aumento nas crianças pequenas (até 2 anos) e na faixa etária de 15 a 49 anos.
Casos e óbitos em 2023
Referente ao ano epidemiológico 2023, já foram notificados 133.786 casos de SRAG, sendo 51.517 (38,5%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 67.046 (50,1%) negativos e ao menos 8.057 (6%) aguardando resultado laboratorial.
Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado.
Dentre os casos positivos do ano corrente, 8,7% foram influenza A; 4,6% foram influenza B; 39,2% foram VSR; e 30,2% foram Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 2,9% para influenza A; 0,9% para influenza B; 13,3% para VSR; e 35,6% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Quanto os óbitos notificados de SRAG, independentemente de presença de febre, já foram registrados, este ano, 8.057 óbitos, sendo 4.128 (51,2%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório; 3.355 (41,6%) negativos; e ao menos 169 (2,1%) aguardando resultado laboratorial.
Dentre os positivos do ano corrente, 11,4% são influenza A; 5,7% são influenza B; 8,0% são VSR; e 69,6% são Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 2,7% para influenza A; 0% para influenza B; 2,7% para VSR; e 78,7% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Mais sobre o estudo da SES
O conteúdo do Boletim de Monitoramento de Dados Precoces da Covid-19 apresenta a evolução dos dados a partir da Semana Epidemiológica 30, que corresponde ao período de 23 a 29 de julho, com o percentual de testes positivos (antígeno e RT-PCR), número de atendimentos de SRAG nas UPAs e número de leitos SRAG solicitados ao Sistema Estadual de Regulação (SER).
A primeira publicação traz os dados da SE 30 até a SE 36, encerrada em 9 de setembro. O monitoramento diário do cenário epidemiológico da Covid-19 realizado pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância (CIEVS/SES-RJ) mostrou que na SE 30 (de 23 a 29/07), a positividade em testes de antígeno (rápido) estava em 2,5% e em testes PCR (laboratório) era de 3%.
Na SE 33 (de 13 a 19/08), a positividade em antígeno era 6,1% e em PCR era 23%; na SE 36 (a mais recente, de 03 a 09/09), a positividade em testes de antígeno chegou a 18%, e em testes PCR foi de 36%. A quantidade de idosos com SRAG subiu de 254 casos em julho para 675 casos em agosto. Em julho, foram 57 internações e 14 óbitos de idosos; em agosto, 74 internações e 5 óbitos.
Subvariante Éris
A confirmação do primeiro caso da subvariante Ômicron EG.5.1.3 foi notificada ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância (CIEVS/SES-RJ) no último dia 29 de agosto, após confirmação feita pela Fiocruz. Dois dias depois (31/09), mais dois casos da nova subvariante Éris foram registrados na cidade do Rio de Janeiro após análise do Laboratório de Virologia Molecular/UFRJ. A primeira paciente que teve amostra confirmada da nova variante apresentou início dos sintomas da infecção no dia 20 de julho.
“Reforçamos que a melhor medida para frear o avanço da transmissão do coronavírus, independentemente da variante, é a atualização do esquema vacinal. Principalmente para os idosos”, disse a nova secretária estadual de Saúde, Claudia Mello – ela era subsecretária de Vigilância e Atenção Primária e assumiu o comando da pasta esta semana.
Fiocruz e SES-RJ
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