Artrite e artrose não são a mesma coisa. Enquanto a artrose causa o desgaste da articulação, a artrite provoca a inflamação da articulação. O dia 12 de outubro é lembrado com o Dia Mundial da Artrite e outubro é considerado o mês de Conscientização da Artrite Reumatoide (AR), doença autoimune inflamatória, crônica e progressiva, que afeta as articulações e pode provocar desgaste ósseo. 

Entre os sintomas estão dor intensa e persistente e inchaço e vermelhidão nas articulações, especialmente nas mãos, e dificuldade em se mexer ao acordar, durando pelo menos uma hora. Os sintomas também podem aparecer separadamente e levar à deformidade nos pés e mãos, desgaste nas cartilagens e nos ossos. O tratamento adequado garante qualidade de vida, mas o longo caminho até ele é um dos desafios do paciente de doença crônica.

Se não diagnosticada precocemente e tratada de forma adequada a doença pode levar a limitações físicas e até comprometimento psíquico como transtornos de ansiedade e depressão, ocasionados principalmente pelo fator incapacitante da doença. Por isso é importante estar atento aos principais sintomas para não demorar a procurar o médico.

“Conhecer melhor a jornada do paciente de AR é importante para compreender os principais obstáculos enfrentados durante esse percurso desafiador e marcado pela dor. A demora no diagnóstico e sua luta até chegar ao tratamento adequado, em alguns casos pode levar anos, e isso acaba impactando fortemente a qualidade de vida de quem tem AR”, afirma a reumatologista Ana Cristina de Medeiros Ribeiro, pós-doutora e coordenadora do ambulatório de artrite reumatoide do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Artrite reumatoide não atinge apenas idosos

Estima-se que cerca de dois milhões de pessoas no Brasil tenham artrite reumatoide, uma doença mais prevalente entre mulheres, na faixa dos 30 aos 55 anos, mas também atinge pessoas de todas as idades, inclusive crianças.

O especialista responsável pelo tratamento da AR é o reumatologista, peça fundamental na jornada do paciente, o que já derruba um dos mitos que rondam a doença, como o de que reumatologista cuida apenas de idosos.

A percepção de que a AR afetaria exclusivamente idosos é um dos mitos frequentes sobre a doença contribuindo para o atraso no diagnóstico. Os primeiros sintomas costumam se manifestar em plena idade produtiva, ameaçando a realização das atividades diárias.

“A doença pode começar a se manifestar ainda antes 40 anos, por volta de 35 a 55 anos em mulheres, e um pouco mais tarde em homens, mas pode atingir qualquer faixa etária. Quanto mais demorar para fazer o diagnóstico e o tratamento, maior é a perda da qualidade de vida”, declara a especialista.

Dores nas juntas, sobretudo das mãos, também é sinal de alerta. “Os médicos precisam reconhecer a necessidade de encaminhar o paciente para o reumatologista quando a queixa for dores nas mãos. O especialista precisa saber fazer o diagnóstico precoce e conhecer todas as opções de tratamento para a doença”, afirma a reumatologista.

A AR não tem cura, mas tem tratamento

O tratamento da AR pode variar de acordo com o estágio da doença, sua atividade e gravidade. Além das medidas não-farmacológicas, o tratamento inclui os fármacos antirreumáticos modificadores da doença (Disease Modifying Anti-rheumatoid Drugs – DMARD) e terapia alvo com agentes biológicos.

De acordo com especialistas, o tratamento com imunobiológicos é um dos últimos avanços no campo da saúde para tratar as doenças autoimunes trazendo mais qualidade de vida ao paciente. Fisioterapia e terapia ocupacional também contribuem para que o paciente possa continuar a exercer as atividades do dia a dia.

“Identificar os sintomas, buscar o especialista correto para ter o diagnóstico precoce e ter acompanhamento médico que indique o tratamento adequado é a jornada que esse paciente deveria percorrer para ter mais qualidade de vida e conseguir realizar atividades básicas como se alimentar, se higienizar, trabalhar, entre outras”, afirma a reumatologista.

Artrite reumatoide além das dores

Aderir ao tratamento adequado o quanto antes possibilita evitar também o desenvolvimento de outras doenças. A AR é sistêmica, ou seja, ela afeta todo o corpo humano, ao invés de apenas um órgão ou região, e causa efeitos variados. Ela também é autoimune e outras doenças desencadeadas pelo mesmo mecanismo são mais frequentes nestes pacientes quando comparados com quem não tem a doença. Por isso, elas também são associadas a comorbidades.

Complicações comuns em pacientes com artrite reumatoide são doenças que estão relacionadas a deposição de placas de gordura (colesterol) nos vasos sanguíneos. Assim, doença coronariana, aterosclerose nas artérias carótidas, doença vascular periférica e acidente vascular cerebral (AVC), em especial o tipo isquêmico, podem ocorrer.

“Outras condições frequentemente associadas são insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus tipo 2, osteoporose com fraturas, distúrbio dos lipídios (colesterol e triglicerídeos) e doenças respiratórias associadas ao tabagismo. É importante que essas doenças sejam reconhecidas e tratadas de forma adequada. Por isso, a abordagem multidisciplinar é fundamental”, complementa a reumatologista.

Artrite reumatoide e saúde mental

O afastamento das atividades sociais, a interrupção das práticas esportivas e o abalo na vida profissional, podem impactar também a saúde mental dessas pessoas. Achados científicos reforçam a ligação entre a enfermidade e quadros depressivos, por exemplo. Estudos revelam que a prevalência de transtornos depressivos em portadores da doença varia entre 13% e 47%.

Alguns trabalhos apontam que a depressão teria um efeito direto sobre as citocinas, substâncias que estimulam o processo inflamatório relacionado à artrite reumatoide. Um artigo recente, publicado no Arthritis Care & Research diz que 1/3 dos adultos norte-americanos com artrite, com mais de 45 anos de idade, relatam ter ansiedade ou depressão. Também há grande impacto no trabalho: um terço das pessoas com AR tem afastamento do emprego nos primeiros 5 anos.

“A dor crônica e o prejuízo da capacidade funcional facilitam o aparecimento de depressão e ansiedade, que também podem interferir na adesão ao tratamento, agravando o quadro. A AR também pode ser um perpetuador de síndromes de amplificação de dor, como a fibromialgia. Por isso é tão importante o olhar integral para o paciente”, finaliza a especialista.

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Doenças reumáticas afetam 15 milhões de brasileiros

Existem mais de 120 tipos de doenças reumáticas que acometem mais de 15 milhões de brasileiros (crianças, jovens, adultos e idosos). Entre as principais estão Artrite Reumatoide, Osteoartrite/Artrose, Artrite Psoriásica, Espondiloartrites, Lombalgia, Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), Fibromialgia, Osteoporose, Gota, Febre Reumática e Vasculites. Cada doença tem sua característica.

A dor nas costas ou lombalgia é a segunda causa mais comum de consultas médicas gerais, só perdendo para o resfriado comum. Entre 65% e 80% da população mundial desenvolvem dor na coluna em alguma etapa da vida. Assim como outras doenças reumáticas, a lombalgia é uma das principais causas de afastamento do trabalho e podem levar à incapacidade física se não diagnosticas e tratadas de forma adequada.

O reumatologista Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), diz que muitas das doenças reumáticas são controladas com uma intervenção precoce, reduzindo os sintomas e diminuindo a progressão.

“Dores nas articulações podem ser sintomas de doenças reumáticas, como artrite e osteoartrite/artrose, e devem ser investigadas, diagnosticadas e tratadas de forma adequada por um reumatologista”, afirma Rocha Loures.

Ele chama atenção para a importância do diagnóstico e do tratamento nas fases iniciais das doenças reumatológicas e do relevante papel do reumatologista nos sistemas de saúde. De acordo com ele, apesar de existirem a Reumatologia ainda é uma especialidade de difícil acesso e diagnóstico tardio.

Para a presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro (SRRJ), reumatologista Carla da Fontoura Dionello, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menor o dano articular e melhor a qualidade de vida do paciente.

Com informações das Assessorias

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