O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, participaram nesta quinta-feira (6), no Rio de Janeiro, da cerimônia de reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB). Fechada desde 2020, a nova emergência conta com 50 leitos em dois espaços, adulto e pediátrico, divididos por complexidade: sala vermelha, amarela e verde.

A cerimônia marca, ainda, a retomada plena da capacidade total do hospital, que passou de 412 para 423 leitos disponíveis à população. São leitos cirúrgicos, clínicos, obstétricos e pediátricos – 373 hospitalares e 50 de emergência, que agora estão disponíveis à população para o cuidado integral da saúde.

Em outubro de 2024, antes do início da administração do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), 218 leitos estavam fechados – mais da metade do total de leitos.

O serviço faz parte da rede de urgência e emergência da capital e do Estado do Rio, atendendo usuários em estado grave ou que exijam cuidados especializados. Isso impede que casos leves concorram com graves. O serviço é gerido pela Central de Regulação do SUS. Dos 218 leitos reabertos, 100 já estavam em funcionamento na unidade.

A emergência contará com 50 leitos e terá acesso referenciado, ou seja, o serviço de regulação do município encaminhará os pacientes para o local, onde equipes trabalham 24 horas por dia. São 48 enfermeiros, 130 técnicos de enfermagem, 20 cirurgiões e cinco pediatras, por turno.

Também foram adquiridas novas camas para os leitos da emergência – 32 adultos e 18 pediátricos, poltronas para garantir conforto na hora do paciente receber medicação, aparelhos de ecocardiograma e eletrocardiograma, monitores multiparamétricos, insumos e medicamentos.  Outra novidade é a reativação do Centro de Diagnóstico por Imagem, com a disponibilização de exames de ultrassonografia e de um novo equipamento de raio-x de alta precisão.

A retomada plena do HFB faz parte do Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro, uma  iniciativa da pasta para a retomada do pleno funcionamento das unidades e melhoria do atendimento à população. Ao todo, quatro unidades federais já iniciaram as mudanças. Além da unidade de Bonsucesso, os hospitais federais do Andaraí (HFA)Cardoso Fontes (HFCF) e dos Servidores do Estado (HFSE) já começaram o processo.

Lula: ‘Quem tem de mandar nos hospitais são os especialistas em saúde’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que as mudanças planejadas para os hospitais federais brasileiros darão, a eles, padrão de excelência, tornando-os referência para outros países. Para isso, é fundamental garantir que eles não serão usados com motivações políticas, ressaltou o presidente. “Quem tem de mandar nos hospitais são os especialistas em saúde”, disse Lula.

Lula destacou que é preciso transformar os hospitais federais, por meio da dignidade, da decência e do respeito proporcionado pelo serviço oferecido por ele à população. “Onde eles [hospitais federais] existirem, que tenham excelência e sejam referência em qualquer lugar do mundo. É isso o que vamos fazer aqui nesse hospital que estava abandonado”, acrescentou o presidente, ao lembrar que o hospital pegou fogo há cinco anos.

“Até hoje ele não foi recuperado, ficando sem ressonância magnética, tomografia e outras coisas [necessárias] para fazer exames especializados. A partir de agora, [o hospital] vai ter todas as imagens que as pessoas precisarem, para serem tratadas com respeito. Vamos recuperar a parte que está queimada e vamos fazer um centro de imagem para que o povo tenha direito a fazer os exames”, complementou.

Transferência criticada pelo sindicato de trabalhadores da saúde

O Hospital Federal de Bonsucesso é administrado desde outubro de 2024 pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC), empresa pública 100% SUS.  Em discurso, o presidente lembrou as dificuldades que teve para retomar os serviços do hospital, após o governo federal decidir passar sua administração para o GHC. Na época, a medida foi criticada por entidades como o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio de Janeiro.

A categoria chegou a fazer um movimento que impediu a entrada nos novos gestores no hospital. “Muita gente não queria que a gente fizesse uma intervenção democrática para administrá-lo. Muita gente não queria que a gente fizesse o convênio com a prefeitura para administrá-lo. Mas ninguém é dono de hospital. Nem médico, nem enfermeiro, nem sindicalistas são donos do hospital”, afirmou o presidente.

Ao todo, as unidades federais possuem 7 mil servidores efetivos e 4 mil temporários. De acordo com o Ministério da Saúde, a reestruturação em curso garante todos os direitos dos servidores dessas unidades hospitalares, mesmo prevendo um “processo de movimentação voluntária dos profissionais”, que respeite a opção deles por outros locais de trabalho.

O Ministério da Saúde criou um canal de atendimento para tirar dúvidas dos servidores sobre o plano de movimentação. Os questionamentos são recebidos por e-mail e respondidos pela Coordenação de Gestão de Pessoas do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH).

Investimentos do governo federal

Para garantir a reabertura da emergência, a gestão realizou reformas de modernização e ampliação, contratou cerca de 2 mil profissionais e adquiriu equipamentos clínicos modernos, somando mais de R$ 30 milhões eminvestimentos.  Ao todo, o Ministério da Saúde vai investir R$ 263,7 milhões no HFB, sendo R$ 45,5 milhões em 2024 e mais R$ 218,29 milhões em 2025.

Os recursos garantem avanços na gestão de melhorias da infraestrutura da unidade.  Como resultado de todo esse investimento, a unidade amplia a capacidade mensal de 700 para 1,4 mil internações, de 400 para 800 cirurgias e de 12 mil para 20 mil consultas ambulatoriais. De acordo com o ministério, o aumento na assistência reflete diretamente na redução das filas, permitindo atendimento de forma mais eficaz a mais pacientes e com maior rapidez.

Essa é uma grande conquista para o Rio de Janeiro. Com o Hospital Federal de Bonsucesso, chegamos a três emergências reativadas na cidade. Esse é o nosso compromisso: entregar serviços de qualidade e ampliar atendimentos”, destaca a ministra Nísia Trindade.

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Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro

Esta semana, também foram reabertas as emergências dos hospitais federais do Andaraí, na Zona Norte do Rio, e Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Ambos passaram a ser administrados pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O Ministério da Saúde repassou R$ 150 milhões à prefeitura. Além desse pagamento, está prevista a incorporação de R$ 610 milhões de teto MAC (atendimento de média e alta complexidade) para a cidade do Rio de Janeiro.

O HFA e o HFCF tiveram a gestão descentralizada em dezembro de 2024 em ato assinado pelo presidente Lula e pela ministra Nísia Trindade, no Palácio do Planalto, em Brasília. A meta é dobrar o número de atendimentos. Já o HFSE iniciou estudos para a fusão com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle. Com a integração, serão 500 leitos à disposição do sistema de saúde. Além disso, haverá maior capacidade de qualificação para os profissionais com a abertura de novas vagas de residência médica.

No caso da unidade da Lagoa, há uma proposta em andamento com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para integração do Instituto Fernandes Figueira (IFF) com o hospital. A unidade de Ipanema passa por ações de construção para modernização e melhorias nos próximos meses.

Com informações da Secom e Ministério da Saúde

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