De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o leite materno deve ser a única fonte de alimentação dos bebês até os seis meses de vida. Rico em anticorpos e proteínas, o alimento é um grande aliado no que diz respeito à saúde da criança, contribuindo para a sua imunidade e redução da probabilidade de contrair infecções, além de ser um estimulante para o desenvolvimento do cérebro.
Por isso, desde 1992, entre os dias 1 e 7 de agosto, comemora-se a Semana Mundial do Aleitamento Materno, que tem como objetivo ressaltar a importância desse gesto tanto para o recém-nascido quanto para a mãe e da doação de leite para filhos de mães que não podem amamentar. No Brasil, em 2017, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) criou o Agosto Dourado propondo, assim, que todos os dias do período sejam dedicados à conscientização e incentivo ao aleitamento materno.
Este ano, as datas são celebradas em um cenário atípico por conta das medidas de distanciamento social para prevenir o contágio pelo novo coronavírus. Diversas iniciativas virtuais estão sendo programadas para estimular a amamentação, passando por palestras e encontros online para debater a prática e seus benefícios para a mãe, para o bebê e para o meio ambiente. Sim, você leu certo: amamentar é um ato ecologicamente correto.
Para este ano, o lema da campanha em todo o mundo é ‘Apoie o Aleitamento Materno por um Planeta Saudável’, em consonância ao tema 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. definido pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno. O objetivo é evidenciar como a adoção de hábitos alimentares saudáveis, reduzindo o consumo de alimentos industrializados, ajuda a diminuir os danos das grandes indústrias ao meio ambiente. Mães que conseguem manter a amamentação exclusiva de seus bebês – não fazendo uso de fórmulas ou complementos -, contribuem para o desenvolvimento sustentável.
Mas por que o aleitamento está conectado às mudanças climáticas? Para termos essa visão, precisamos pensar em toda a cadeia que está envolvida no universo da alimentação infantil. Da produção dos ingredientes que compõem as fórmulas infantis, passando pelas embalagens desses produtos e chegando até as mamadeiras, a pegada hídrica é imensa: cada item utilizado para que um bebê seja alimentado consome milhares de litros de água – um recurso natural escasso – e também danificam o meio ambiente se não forem descartados corretamente.
Quando pensamos em amamentação, o que vem à cabeça é a mãe que não precisa de mais nada além dela mesma para alimentar seu filho. Nada é mais natural, simples e cômodo. Não uso de recursos naturais: basta dar o seio, acolher e oferecer a mama”, lembra Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra pela Unifesp e consultora em amamentação, da capital paulista.
O aleitamento materno, segundo Cinthia, dispensa etapas que consomem água e energia, como aquecer, lavar, esterilizar objetos. Não há recursos financeiros envolvidos. “Nada mais merecido do que termos um mês inteiro dedicado a espalhar o quanto a amamentação é benéfica para a saúde da mãe e do bebê e também do quanto é saudável para o meio ambiente. Essa conexão não é automática na cabeça das pessoas, mas ao trazermos dados embasados, elas vão conseguir compreender o quanto amamentar também é sustentável”, ressalta a especialista.
Benefícios do aleitamento materno
A amamentação materna na primeira infância é essencial à saúde dos bebês, e é recomendado que o aleitamento materno seja exclusivo até os seis meses de idade. Além de hidratar, nutrir e sustentar, o leite materno reduz em até 20% a mortalidade dos recém-nascidos.
A composição do leite materno é perfeita para o desenvolvimento sadio das crianças, além de ajudar na prevenção de doenças e infecções. Estudos afirmam, inclusive, que a ingestão do leite humano nos primeiros meses de vida tem efeitos benéficos para a nossa saúde que nos acompanham da infância à vida adulta.
O aleitamento materno traz inúmeros benefícios para a mãe e o bebê, além de ser um elemento fundamental ao desenvolvimento e vínculo da criança e da mãe. O leite materno contém todos os nutrientes necessários para o bebê e protege a criança contra diarreias, infecções respiratórias e alergias, melhorando a resposta à vacinação e diminuindo as chances de mortalidade infantil.
O leite materno contribui também para o bom desenvolvimento cognitivo da pessoa na vida adulta e, para a mãe, o processo de amamentar ainda reduz o risco de câncer de mama e do colo do útero. “Todas as mulheres são capazes de amamentar! Apesar de dificuldades iniciais, com aconselhamento correto e paciência, o ato se torna possível e prazeroso”, afirma Cínthia.
A campanha faz parte de uma história focada na sobrevivência, proteção e desenvolvimento da criança. O Agosto Dourado é o mês dedicado ao apoio ao aleitamento materno e incentivo a doação, para quem está amamentando pratique um gesto de amor e solidariedade, doe leite, você pode fazer toda a diferença na vida de pequenos que se encontram internados em leitos de UTI”, afirma a médica da família e pediatra Milen Mercaldo.
Nutrição correta deve ser prioridade, alerta Abrinq
Segundo o Observatório da Criança e do Adolescente, plataforma mantida pela Fundação Abrinq, que há 30 anos atua na defesa de direitos de crianças e adolescentes no país, a prevalência do aleitamento materno continuado, em menores de 2 anos de idade, foi de 52% no conjunto das capitais brasileiras e no Distrito Federal (dados de 2018).
A Abrinq alerta para o impacto negativo das práticas alimentares inadequadas no desenvolvimento da criança, motivo pela qual as políticas destinadas a lactantes e aos bebês devem ser priorizadas na agenda pública. A nutrição correta e o acesso a alimentos seguros são componentes cruciais e universalmente reconhecidos como direito da criança para atingir os mais altos padrões de saúde.
A Fundação Abrinq também aproveita a ocasião informar as mães e suas famílias sobre os benefícios do aleitamento materno, orientar profissionais de saúde e estimular os municípios a realizarem ações com essa temática. Além disso, no site da Fundação, foi disponibilizado um ebook gratuito.
Sobre o Agosto Dourado
Durante todo o mês de agosto, entidades de todo o mundo se juntam em uma campanha pela intensificação das ações de promoção, proteção, apoio ao aleitamento materno e incentivo à doação em 120 países. O Agosto Dourado foi criado em 1990, em um encontro da Organização Mundial de Saúde com o Unicef, momento em que foi gerado um documento conhecido como “Declaração de Innocenti”.
Para cumprir os compromissos assumidos pelos países após a assinatura deste documento, em 1991 foi fundada a Aliança Mundial de Ação pró-Amamentação (WABA). Em 1992, a WABA criou a Semana Mundial de Aleitamento Materno. No Brasil, o Ministério da Saúde coordena a semana desde 1999, desde então, são realizadas campanhas e eventos para celebrar a promoção, a proteção, o apoio ao aleitamento e incentivo à doação.
Com Assessorias