Saúde mental: trabalho aumenta a ansiedade

Como manter a mente saudável e evitar transtornos? Especialistas dão algumas dicas para ensinar você a controlar a sua mente

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O Brasil vive uma epidemia de ansiedade. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), esse transtorno já atinge mais de 260 milhões de pessoas em todo o mundo e 18,6 milhões de brasileiros sofrem com o problema. Aliás, o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população. Além disso, novos dados mostram que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão.

Um levantamento feito pela Vittude, plataforma online voltada para a saúde mental, mostrou que 37% das pessoas entrevistadas estão com estresse extremamente severo, enquanto 59% se encontram em estado extremamente severo de depressão. A ansiedade extremamente severa atinge níveis ainda mais altos: 63%.

Os transtornos mentais podem ser altamente incapacitantes. Um levantamento realizado pela Universidade Federal de São Paulo, em parceria com o Ministério da Saúde, constatou que a maior parte dos casos de licença para o tratamento da saúde no Brasil está relacionada a um diagnóstico psiquiátrico. Entre as 10 principais causas de afastamento do trabalho, cinco estão relacionadas a transtornos mentais, sendo a depressão a causa número um.

O Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro) tem como objetivo estimular a discussão sobre os transtornos mentais, para garantir que as pessoas recebam cada vez mais informações sobre a prevenção e tratamento. A data nos lembra de doenças como a depressão, ansiedade, bipolaridade e esquizofrenia, que atingem milhões de pessoas em todo o mundo e não são tão raras quanto parecem. Segundo a OMS cerca de 800 mil jovens entre 15 e 29 anos, morrem por suicídio a cada ano, a segunda causa mais comum de morte nessa faixa etária.

Pesquisa associa ansiedade ao trabalho

Autor do livro “A Jornada da Liberdade”, Fagner Borges vem questionando o papel do trabalho para desenvolver a ansiedade. O especialista rodou uma pesquisa com mais de 3 mil trabalhadores brasileiros e chegou aos seguintes dados:

  • 57,8% dos trabalhadores associam a ansiedade ao trabalho;
  • 41% sentem irritabilidade quando o tema é o emprego;
  • 59% se dizem no limite e já pensaram em desistir de tudo;
  • Pelo menos 32,6% pensam nisso diariamente.

Fagner é criador de um movimento, o Freesider, que propõe a quebra desse padrão de vida sufocante que está adoecendo as pessoas. O especialista lembra que existem vários fatores que podem fazer com que a ansiedade esteja associada à vida profissional e que muitas empresas vivem uma cultura que valoriza esse sentimento.

“A cultura do workaholic, do profissional que está sempre sobrecarregado e sem tempo para nada, que nunca para e não descansa é muito forte”, alerta. “Um profissional que vive no limite é um problema para si mesmo, para a família e no futuro para a própria empresa. Precisamos rever essas relações”.

Síndrome de Burnout leva a afastamento do trabalho

As doenças mentais estão entre as principais causas de afastamento do trabalho, além de causar queda de produtividade. As mais comuns, em casos de afastamento médico, são: depressão, estresse ocupacional e a síndrome de Burnout.

A síndrome de Burnout é causada pelo esgotamento físico, mental e estresse e pode ser tratada com terapias integrativas como acupuntura e meditação. Além disso, é importante inserir no cotidiano atividades que proporcionam prazer e tragam satisfação para a rotina.

De acordo com a gerente do Serviço de Psicologia do HCor, Silvia Cury Ismael “exaustão, esgotamento físico e emocional, sensação de incompetência e declínio da produtividade, são alguns dos sintomas que precisam ser observados”.

A doença pode, ainda, acarretar quadros mais graves como transtornos depressivos e ansiosos, quando acompanhada de forma inadequada. “A partir do momento que cuidamos da saúde mental e qualidade de vida, aprendemos novas formas de lidar com situações cotidianas e a prevenir o desenvolvimento da síndrome de Burnout”, explica a psicóloga do HCor.

Yoga e meditação para combater o estresse

Mas o que é mesmo saúde mental? Em primeiro lugar, é bom lembrar que saúde mental não significa apenas a ausência de doença mental. A própria OMS  realça que o conceito de saúde mental não se limita à ausência de doença ou enfermidade. Abrange, na verdade, o conjunto das atividades que promovem o bem-estar e permitem o equilíbrio dinâmico entre diferentes esferas da vida: social, física, espiritual, econômica, emocional.

Por isso, o Dia Mundial da Saúde Mental é uma excelente oportunidade para falarmos de prevenção, ou seja, como detectar as primeiras falhas nesse equilíbrio sutil que é a saúde mental. Existem formas simples e acessíveis de monitorar alguns aspectos no dia a dia, em particular no trabalho, garante Armelle Champetier, diretora da Yogist no Brasil, que tem como objetivo levar o yoga às empresas, com foco na saúde e bem-estar das equipes, combatendo o estresse no trabalho e os distúrbios osteomusculares.

Para a psicóloga do HCor, o primeiro passo para cuidar da saúde mental é ter autoconhecimento. “Somente podemos mudar nossos comportamentos quando nos conhecemos de fato. E uma estratégia fundamental para isso é a psicoterapia. Ela auxilia no desenvolvimento de reflexões e questionamentos que tornam o indivíduo consciente da causa de suas ações, além de permitir a possibilidade de mudanças comportamentais através de técnicas específicas para cada caso”, orienta.

Diversos estudos apontam que a combinação da atividade física, dormir aproximadamente oito horas por dia e manter a alimentação saudável, contribuem significativamente para a redução de estresse, sintomas de ansiedade e depressão, pois regula os hormônios e substâncias relacionadas ao sistema nervoso.

Dicas de como cuidar da saúde mental

Faça regularmente o check-in com você mesmo

Em um dia típico de trabalho, é comum acordar cedo, passar o dia inteiro entre uma atividade e outra e chegar em casa exausto, sem se atentar a alguns alertas que o corpo ou a mente possam estar emitindo, como uma dor na lombar, uma tensão muscular no pescoço, ou algum assunto que anda preocupando, uma sensação de baixa energia se arrastando. Somente quando sentimos algo mais intenso é que corremos ao fisioterapeuta, ou recorremos a algum remédio para ajudar a relaxar e a dormir.

Por que não agir de forma preventiva e não curativa? Tome um tempo para si mesmo, para se auto-observar e perceber esses sinais. Esse momento pode ser uma caminhada, uma meditação, ou uma simples pausa de alguns minutos para respirar profundamente. Aproveite esses minutos para avaliar os diferentes aspectos do seu equilíbrio e, num segundo tempo, elabore um plano de ação para tratar na raiz esses sintomas. Dívida com os seus colegas, amigos ou familiares a sua situação e saiba pedir ajuda.

Tenha uma estratégia de gerenciamento do estresse

O estresse é uma reação inerente ao ser humano, um elemento evolutivo central na sobrevivência da nossa espécie: não tem como eliminar completamente o estresse da nossa vida, até porque, às vezes, é um elemento positivo e ajuda em um momento específico a estar alerto e acordado. O que está dentro do nosso alcance é estabelecer uma estratégia de gerenciamento do estresse, para evitar que ele se torne uma condição crônica e vire uma verdadeira ameaça à nossa saúde.

Um pré-requisito essencial antes de tudo: saiba identificar os seus gatilhos, as situações que causam estresse em excesso. Num segundo momento, instaure uma rotina que favoreça a regularização do seu nível de estresse: uma conversa com uma pessoa atenciosa, uma caminhada. A prática da meditação e de mindfulness (conjunto de técnicas práticas, possíveis e cientificamente comprovadas que ajudam a focar no momento presente, sem deixar o passado ou o futuro te afetarem, tornando sua mente mais desperta e saudável, sendo sua aliada) são ferramentas comprovadamente eficientes para abaixar o nível de estresse, diminuir a frequência cardíaca e pressão arterial, e, de forma geral, aumentar a sensação de bem-estar.

Pratique a atenção plena

Evitar olhar os e-mails de trabalho em casa, ou cuidar de assuntos pessoais pelo celular durante uma reunião de trabalho são apenas exemplos de situações em que a nossa cabeça está em um lugar e a mente em outro. Esse comportamento, muito favorecido pela presença das tecnologias no nosso dia a dia, prejudica de várias formas a nossa saúde mental: atrapalha a nossa concentração e a nossa produtividade no trabalho, criando mais estresse e potenciais frustrações e baixo desempenho, ameaçando o pilar emocional e econômico do equilíbrio que compõe a saúde mental.

Em situações de socialização, trazer questões de trabalho, por exemplo, lendo os seus e-mails, põe em perigo a sua capacidade de criar, manter e fortalecer vínculos com amigos e familiares, escutar e ser escutado de volta, ameaçando o pilar social tão importante da sua saúde mental.

Pratique a benevolência consigo mesmo e com os seus colegas

Criar um ambiente de trabalho onde é fácil pedir ajuda, fazer uma pausa, realizar uma atividade de relaxamento é a base para fomentar a saúde mental. Aproveite as iniciativas propostas pela sua empresa (massagem, ginástica laboral, meditação, yoga corporativo…) e seja também protagonista! Não seja perfeccionista e reavalie as suas expectativas em relação aos seus colegas. Isso ajuda a evitar frustrações e estresse em excesso.

Da Redação, com Assessorias

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