mama

Vou sobreviver? Poderei voltar ao trabalho, cuidar da casa… ter uma vida normal ? Como vai ser a vida sem o seio? As tensões entre o diagnóstico do câncer de mama e a busca pela cura foram registradas no documentário ‘Amigas do Peito: rede de afetos no cuidado’, que conta um pouco da história do grupo Amigas do Peito, criado há dez anos por profissionais de saúde do Hospital Federal Cardoso Fontes, no Rio de Janeiro, e que já atendeu dezenas de mulheres mastectomizadas.

O documentário conta a história dessas mulheres que, a partir do tratamento do câncer de mama, formaram uma rede de sustentação emocional e reconstruíram suas vidas. Os relatos dessas pacientes expressam um sentido de saúde como reinvenção de si e não apenas como ausência de doença e enfermidade. Produzido pelo Ministério da Saúde (MS), o filme registrou a rotina das pacientes no hospital e no dia a dia, com interações em redes sociais e um grupo de conversação pelo aplicativo Whatsapp.

No hospital, elas são acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, composta por ginecologista, psicóloga, fisioterapeuta, nutricionista, enfermeira e assistente social. Ao longo dos encontros as mulheres trocam informações, visitam outras pacientes que vão passar por cirurgia, mostrando como fica a vida após a retirada da mama. Esta troca de experiências gera uma rede de sustentação emocional para lidar com perdas e atenuar conflitos ao longo do tratamento. O documentário também está disponível do canal do Youtube do Ministério da Saúde.

Amigas do Peito

A missão do grupo é acolher e enfrentar as emoções de pacientes que sofreram alguma intervenção cirúrgica em decorrência do câncer de mama. A psicóloga e coordenadora do projeto, Regina Valle, lembra que a iniciativa surgiu quando se observou a dificuldade das pacientes olharem o próprio seio durante os curativos. “Com o trabalho iniciado pela fisioterapia e a partir do toque e do olhar do outro, sem estranhamento, procurou-se estimular a aceitação do próprio corpo”, explica.

Os vínculos estabelecidos ao longo dos anos fortalecem o grupo, pois muitas acabam se tornando voluntárias. A auxiliar de enfermagem aposentada Maria Venina da Conceição, trabalhou 38 anos no HFCF e colabora com oficinas de arte-terapia.  “Nós fazemos artesanatos em geral e também conversamos sobre a vida”, comenta. O documentário mostra que algumas mulheres adotaram o artesanato como fonte alternativa de renda após o tratamento.

A experiência do grupo de apoio multidisciplinar será utilizada como referência de humanização no cuidado de mulheres em tratamento do câncer de mama nos hospitais federais coordenados pelo Departamento de Gestão Hospitalar (DGH), no Rio de Janeiro. O diretor do departamento, Jair Veiga, destaca que o grupo “desenvolve um trabalho de reconstrução da vida após o câncer, devendo ser um exemplo para assistência prestada no Sistema Único de Saúde (SUS)”.

A trilha sonora do documentário foi criada pelo compositor Edmundo Souto,  autor de mais de 450 canções, dentre as clássicas da MPB “Andança” e “Cantiga por Luciana”, gravadas por nomes como Elis Regina, Beth Carvalho e Maria Bethania. “A canção feita para as amigas do peito é um acalanto, que abraça a persistência pela vida dessas personagens reais”, explica Edmundo, que também é arquiteto e desde 2012 desenvolve projetos para os hospitais federais no Rio.

Da Agência Saúde, com redação

 

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