Novembro é o mês de conscientizar as pessoas para um perigo que muitos ainda desconhecem: o zumbido nas orelhas, um sintoma de que algo não vai bem e que pode estar relacionado à perda auditiva. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 20% da população mundial têm zumbido ou algum grau de perda auditiva.
Com o dia a dia cada vez mais barulhento, as dificuldades de audição não atingem mais apenas os idosos. A perda auditiva está se tornando também um problema de gente jovem.
A comprovação está no aumento do índice de zumbido entre os adolescentes, como mostrou a pesquisa “Prevalência e causas de zumbido em adolescentes de classe média/alta”, realizada pela Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
A pesquisa revelou que 28,8% desses adolescentes sentiram zumbido em níveis comparados aos de adultos. E o mais alarmante é que esses jovens disseram não se incomodar com o ruído e, por conta disso, não falaram sobre o zumbido com seus pais nem procuraram ajuda médica.
Fone de ouvido é a principal causa
Neste mês da Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido, a constatação de que o índice de jovens com zumbido vem crescendo acende o alerta, em razão do uso cada vez mais frequente dos fones de ouvido, principalmente durante esta pandemia, um hábito que foi incorporado ao nosso dia a dia, seja para acompanhar as aulas online, participar de lives ou realizar trabalho remoto.
Durante o estudo da USP, foram realizados testes auditivos em 170 adolescentes, de 11 a 17 anos. Cerca de 95% deles relataram ouvir música com fones. Desses, 77% assumiram que colocam o volume alto. Ao serem questionados se já tinham tido zumbido nos últimos 12 meses, 54,7% disseram que sim e destes, 51% relataram que sentiram zumbido logo após usar fones por muito tempo ou ao saírem de um ambiente muito barulhento.
Muitos ainda escutam música em alto volume, o que piora o quadro. Há uma relação direta entre o excesso do uso de fones e zumbido porque, com os fones, o som penetra diretamente no canal auditivo. Os males à audição podem variar, dependendo o tempo de uso e do volume do áudio. Por isso, a prevenção é essencial.
Diagnóstico precoce do zumbido reduz danos à audição
De acordo com a fonoaudióloga Marcella Vidal, gerente de Audiologia Corporativo da Telex Soluções Auditivas, a perda auditiva pode ter efeito cumulativo e pode se agravar ao longo do tempo. “Dependendo da frequência, do tempo de exposição ao som elevado e da predisposição genética, o indivíduo pode sofrer danos auditivos cada vez mais severos, de forma contínua e elevada ao longo da vida”, afirma.
“Quanto mais cedo for detectada a perda auditiva, melhor. Recomendo a todos que usam fones com frequência que façam uma avaliação chamada audiometria. É o exame que revela se já existem danos à audição e como proceder, a partir daí, para evitar o agravamento da deficiência. Além disso, o repouso/descanso auditivo é fundamental, após a exposição ao som”, aconselha a especialista.
A exposição ao som intenso e frequente, acima de 85 decibéis, pode provocar danos irreversíveis à audição com o passar do tempo. Se as pessoas continuarem se expondo a níveis elevados de ruído desde o início da vida podem começar a perder a audição muito cedo, a partir dos 30 ou 40 anos. Intensidades de 80 a 90 decibéis já aumentam o risco de uma lesão na cóclea, que é o órgão dentro da orelha responsável pela audição.
Fones mais confortáveis e aparelhos auditivos
Fones mais confortáveis, os headphones promovem maior isolamento dos sons externos por meio de almofadas extras confortáveis. É necessário investir nessa tecnologia. Assim, é possível escutar música em volume mais baixo, o que reduz os riscos de danos à audição.
A tecnologia também pode ajudar quem já sente um incômodo barulho nas orelhas. Tanto o zumbido quanto a perda auditiva, leve à severa, podem ser amenizados com o uso de modernos e discretos aparelhos auditivos. Eles estão ajudando a derrubar preconceitos e preservando a vaidade tão acentuada entre os jovens.
Surdez também pode começar na gestação
Pelo menos 800 milhões de pessoas sofrem alguma perda auditiva no mundo, entre as quais mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas auditivos, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo dados da Sociedade Brasileira de Otologia, de cada mil crianças nascidas no país, três a cinco já nascem com deficiência auditiva.
Alexandre Colombini, médico otorrinolaringologista, ressalta que todo o sintoma que impossibilita a pessoa de escutar direito é considerado surdez ( pode ser total ou parcial). A doença pode começar desde o ventre materno com problemas de má-formação na orelha interna do bebê ou com problemas de infecção gestacional, por exemplo, que também pode comprometer essa audição. A surdez também pode ser adquirida ao longo da vida, infelizmente.
Dessa forma, é fundamental que o paciente procure um especialista na área caso pare de escutar, pois quanto mais cedo tratar melhores serão os resultados. Entre o diagnóstico, pode ser desde um cerumin (rolha de cera) que está atrapalhando a audição até uma perda induzida por ruídos excessivos ou induzida por medicações fortes, tumores, acidentes ou traumas.
9 medidas simples para a saúde auditiva
A prevenção é a palavra chave do dr. Alexandre para cuidar da sua saúde auditiva. Ele lista nove dicas que podem ajudar a garantir a saúde auditiva. Confira:
1- Nunca manipule o seu ouvido com haste flexível, com grampo de caneta, pois pode levar a traumas no tímpano e ouvido que pode causar perda da audição;
2- Automedicação sem orientação médica ou receita caseira como azeite quente;
3- Evitar ficar próximo de caixas de sim e moderação no uso de fones de ouvidos sempre com o volume até a altura indicada.
4- Para garotada uma alerta e cuidado com o som auto no carro e lugares fechados ( que não vaza). Acima de 85 decibéis ainda são piores.
5- Após o nascimento do bebê faça o teste da orelhinha e fique atento na fase da alfabetização da criança.
6- Atenção às doenças do ouvido, como as otites; qualquer sensação incômoda, procure logo um otorrinolaringologista.
7- Assoe o nariz, de forma suave, duas vezes por dia. A medida evita a entrada de secreções que podem causar perda auditiva, dor, pressão nos ouvidos e zumbido.
8- SOS alimentação saudável ajuda na audição, sabia? Em um estudo realizado foi evidenciado a associação de alto consumo de carboidratos a maior predisposição de desenvolvimento de perda auditiva relacionada a idade (2).
9- Já atividades físicas regularmente aliadas a uma alimentação saudável diminui o risco de perda auditiva. Um estudo realizado em Boston mostrou que um Índice de Massa Corporal maior (IMC maior ou igual a 25) e maior circunferência da cintura estão relacionados com um aumento do risco de perda auditiva. Essa pesquisa realizada com mulheres mostrou que as que caminhavam por duas ou mais horas por semana tinham menor probabilidade de sofrer perda auditiva.
Com Assessorias