O clima brasileiro vem sendo impactado pelo fenômeno El Niño desde julho deste ano, levando seca extrema para estados do norte e nordeste do país e chuvas torrenciais para sul e sudeste. A previsão para o início de 2024, realizada pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), indica que a expansão do El Niño pelo Pacífico Tropical deve causar um verão de altas temperaturas no Hemisfério Sul, chegando a atingir uma média de 4º C acima do normal.

Durante o verão, é muito comum um aumento substancial de chuva e, consequentemente, de enchentes em várias partes do Brasil e isso pode trazer sérios riscos à população, especialmente, para quem vive próximo a rios e áreas com pouco saneamento.

Além de todos os estragos nas cidades, como queda de árvores, interrupção de energia elétrica e no abastecimento de água, o excesso de chuva – quando combinado com as temperaturas de verão – contribui para a reprodução do mosquito Aedes Aegypti, que transmite doenças como dengue, chikungunya e zika.

Um estudo conduzido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP) revelou que o uso de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) é 100% eficaz na eliminação de larvas do mosquito Aedes aegypti. Basta diluir 10 ml de água sanitária em um litro de água corrente e passar no chão e em superfícies que atraem moscas e mosquitos para acabar com todas as larvas depositadas em 24 horas, evitando sua propagação.

“O uso da água sanitária é um importante trunfo na prevenção de doenças que se intensificam com as chuvas de verão e deveria ser mais divulgado, principalmente em comunidades com alta densidade populacional – em que um único mosquito pode fazer várias vítimas”, afirma João César de Freitas, diretor da Katrium Indústrias Químicas, fornecedora exclusiva do cloro empregado no tratamento de água do Estado do Rio de Janeiro.

Freitas diz que, além de ajudar a prevenir a população contra as doenças provocadas pelo Aedes aegypti, o uso de água sanitária previne a leptospirose – doença transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais, especialmente de ratos, e cuja incidência de casos costuma aumentar em  período de chuvas, enchentes e alagamentos.

Cartilha do CFQ também orienta a usar água sanitária

A cartilha do  Conselho Federal de Química (CFQ), elaborada para auxiliar a população atingida por enchentes, também aborda sobre a água segura para consumo. Neste caso, a orientação é para que esta seja fervida por ao menos um minuto, ou, então, que sejam adicionadas duas gotas de hipoclorito de sódio com concentração de 2,5% (água sanitária) para cada litro de água.

“A solução na proporção de uma tampinha de água sanitária para um litro de água deveria fazer parte da rotina diária na limpeza de todas as casas, especialmente em ambientes como cozinhas e banheiros”, diz o executivo da Katrium.

Segundo ele, para reforçar a limpeza nos lares, essa solução também pode ser empregada na rega de plantas (já que nessa proporção é inofensiva ao meio ambiente), bancadas, mesas de bar etc.

“Esse hábito deveria se estender permanentemente, já que é tão importante manter a higiene dos lares, escolas, clubes, instituições de saúde e todo negócio voltado para o atendimento público”, ressalta.

Vistoria frequente para evitar água parada em casa

Para conter o aumento de casos na cidade, o poder público e a população devem trabalhar juntos na prevenção. De acordo com o site da prefeitura de São Paulo, o único jeito de prevenir a dengue é o combate ao mosquito aliado à manutenção dos domicílios, que devem estar sempre limpos e sem acúmulo de água em locais abertos.

No Rio de Janeiro, os números na capital fluminense também chamam a atenção, já tendo sido registrados 18.120 casos de dengue, com uma taxa de 267 casos por 100 mil habitantes. É o mais elevado registro anual desde 2016. Por isso, o Ministério da Saúde insiste em conscientizar a população brasileira sobre os perigos do inseto e a importância de combate aos criadouros do mosquito.

Uma das principais recomendações é para que os cidadãos vistoriem e façam limpeza frequente em suas casas, não deixando água parada em pneus, vasos de plantas, calhas, garrafas, caixas d’água ou outros recipientes que facilitem o acúmulo de água de chuva e contribuam com a reprodução do mosquito. Manter lixeiras bem tampadas, ralos limpos, e usar lonas esticadas para cobrir materiais de construção são outros cuidados para evitar o acúmulo de água.

Cartilha orienta sobre como minimizar as consequências das enchentes

Para minimizar as consequências de inundações e visando promover a saúde, o Conselho Federal de Química (CFQ) elaborou uma cartilha com o objetivo de auxiliar a população atingida por enchentes. Elaborada em parceria com a Aprag, Sindprag e Abipla, a cartilha tem uma linguagem simples, de fácil entendimento, e está disponível em formato digital e on-line.

O material traz orientações sobre como evitar o aparecimento de vetores e pragas urbanas, e melhores processos de sanitização dos ambientes e utensílios expostos pela água e lama contaminadas.

Outro alerta que o encarte faz é sobre onde buscar informações. Em casos de enxurradas ou enchentes, é importante entrar em contato com as autoridades públicas da localidade atingida para obter orientações, principalmente em relação ao abastecimento de água e os cuidados com o aparecimento de agentes vetores de doenças, como leptospirose e hepatite.

No material, também podem ser encontradas dicas de como realizar a limpeza correta da casa e a higiene dos objetos, inclusive com lembretes para a importância da utilização de luvas de borracha, botas tipo galocha, calças plásticas e óculos de proteção, principalmente, para limpar o quadro de luz ou partes elétricas.

Essa cartilha é mais uma ação do CFQ em mostrar a importância do profissional da Química na educação e promoção da saúde, levando o conhecimento necessário para ensinar à população sobre como agir em casos de enchentes.

Com Assessorias

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