No Brasil, quase um quarto dos adolescentes está acima do peso, segundo dados do IBGE (Foto: Ministério da Saúde)
No Brasil, quase um quarto dos adolescentes está acima do peso, segundo dados do IBGE (Foto: Ministério da Saúde)

Geração hambúrguer, sorvete, batata frita, pão de queijo, refrigerante, biscoito recheado… E atividade física cada vez menor, graças aos hábitos sedentários da internet, da TV, do celular… No Brasil mais de 3,1 milhões de adolescentes entre 13 e 17 anos de idade estão com excesso de peso (quase um quarto – 23,7%). Desse total, 1 milhão são obesos, sendo 8,3% do sexo masculino e 7,3% do sexo feminino, de acordo com recente levantamento do IBGE.

“São números preocupantes não só no Brasil, mas em todo mundo. Se nada for feito, os jovens que estão hoje na faixa do sobre peso provavelmente estarão obesos num futuro não muito distante”, destaca Josemberg Campos, presidente da  Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

Dados da SBCBM revelam ainda que as cirurgias de redução de estômago cresceram 6,25% em 2015, em relação a 2014. No ano passado, 93,5 mil pessoas foram submetidas ao procedimento e 88 mil em 2014. Mas, afinal, adolescentes podem se submeter  ao procedimento?

Segundo Fábio Viegas, presidente da SBCBM-RJ, “o adolescente pode ser operado a partir de 16 anos.É necessário ter a concordância dos pais e um parecer de um segundo cirurgião bariátrico. Com relação aos riscos são inerentes a qualquer cirurgia”.

Sobre o impacto psicológico, ela afirma que todo paciente, independente de idade, necessita de avaliação da equipe de saúde mental. “No caso do menor de idade, isso deve ser extensivo à família do paciente. Caso haja concordância em relação à indicação, o paciente e a família são liberados para prosseguir no processo” ressalta.

O tema é discutido em um simpósio nesta sexta-feira (30), no Rio, sobre o tema “A cirurgia bariátrica/metabólica em adolescentes: por que, quando e como? Dissecando o problema”. O evento reunirá os principais especialistas no assunto e faz parte do Congresso Mundial da IFSO (International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders), realizado com apoio da SBCBM.

Além de discutir por que, quando e como fazer a cirurgia, procedimentos indicados, padrões éticos e de direito a respeito da cirurgia bariátrica em adolescentes e também o impacto psicológico, o simpósio vai apresentar a posição da SBCBM sobre o tema e um estudo sobre adolescentes obesos mórbidos (AMOS – Adolescent Morbid Obese Study). O congresso da IFSO acontece no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca, entre os dias 28 de setembro e 1° de outubro. Esta é a segunda vez que o país recebe o evento. A primeira foi em 2002 na cidade de São Paulo.

Normas SBCBM sobre idade

– Abaixo de 16 anos: não há estudos suficientes que corroborem essa indicação, com exceção aos casos de Prader-Wille ou outras síndromes genéticas similares. Nessas situações excepcionais, o paciente deve ser operado com o consentimento da família.

– Não há dados seguros também que contraindiquem os procedimentos ou comprovem haver prejuízos para paciente dessa faixa etária submetido a cirurgias da obesidade.

– Recomendação: avaliação de riscos pelo cirurgião e respectiva equipe multidisciplinar, registro e documentação detalhada, aprovação expressa dos pais ou responsáveis pelo paciente.

– Entre 16 e 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família e a equipe multidisciplinar

– Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade.

Mais sobre a pesquisa

A Pense – Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, divulgada recentemente pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foi realizada em 2015 com 16.608 alunos de 13 a 17 anos do 5º ano fundamental até o 3º ano do ensino médio, de um total de 13,2 milhões de estudantes nessa faixa etária em todo País. Além de responderem a uma série de perguntas, os alunos foram medidos e pesados pelos técnicos do IBGE.

Foi feito também um levantamento apenas com os alunos do 9º ano fundamental. Os questionários aplicados mostraram que a maior parte dos jovens está contente com o próprio corpo, porém, as meninas revelaram maior preocupação e insatisfação com a aparência e 21,8% responderam que se acham gordas ou muito gordas.

“No país dos Jogos Olímpicos continuamos a bater recordes no número de jovens obesos.  Os números exorbitantemente crescentes da obesidade infantil demonstram que os hábitos de vida, tanto alimentares quanto relacionados à prática de atividade física pioram a cada ano, além da absoluta ausência de um tratamento clínico eficaz”, comenta Marcos Leão Vilas Boas, membro da diretoria atual e autor de estudos sobre obesidade infantil.

Fonte: SBCBM

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