Doar órgãos para transplante é gesto de grandeza. E foram gestos como esses que salvaram as vidas de José Víctor de Sousa Germano e Giulianna Lira Cortes, pacientes com problemas cardíacos que receberam órgãos captados pelo Programa Estadual de Transplantes (PET), criado há 12 anos no Estado do Rio de Janeiro. A nova vida dos dois jovens só foi possível porque famílias, mesmo em momento de dor, responderam “sim” à doação e deram uma segunda chance a eles e outros 19 mil pacientes transplantados pelo PET na última década.
A vida de José Victor (foto), de 25 anos, pode ser dividida entre antes e depois do transplante. Com miocardite viral, ele viu seu estado de saúde piorar de forma progressiva. Tarefas simples, como caminhar ou tomar banho, o deixavam exausto. O rapaz sofria limitações até na ingestão de líquidos.
“Tinha uma vida restrita. Não podia andar cinco minutos que ficava ofegante. Só conseguia dormir sentado, pois ao deitar sentia falta de ar. Tomar banho, somente sentado na cadeira, porque não conseguia ficar de pé devido ao cansaço extremo. Outra limitação era a ingestão de apenas 800 ml de líquido por dia. Depois da cirurgia, ganhei qualidade de vida e estou ótimo. Tenho sono regular, bebo dois litros de água por dia e consigo fazer caminhadas de até sete quilômetros”, conta José Victor, que fez o transplante de coração em fevereiro de 2019.
O ganho na qualidade de vida fez com que o rapaz também se tornasse um doador de órgãos: “Quando se toma essa atitude, além de contribuir com a doação, você consegue influenciar outras pessoas a seu redor. A doação é a continuidade de vida, florescendo em outra pessoa”, afirma o morador de Alcântara, em São Gonçalo, que pretende fazer, em 2021, faculdade de Artes ou de alguma área ligada à Saúde.

O fim da febre e das dores crônicas

A doença cardíaca de Giulianna Cortes (foto), de 26 anos, moradora de Copacabana, começou com uma gripe. Os vírus passaram para o pulmão e chegaram ao coração. As consequências foram sintomas gripais, dores de cabeça e febres que não cessavam. Ela só melhorou com o transplante de coração, feito em janeiro deste ano no Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras.
“Tive um período de adaptação de dois meses no procedimento pós-operatório, e depois não apresentei mais nenhum dos sintomas anteriores. Hoje, tenho vida normal, trabalho e tenho como propósito terminar o curso de Engenharia Civil”, diz a assistente executiva.

Objetivo é aumentar a captação de órgãos no RJ

O PET vem se empenhando em receber respostas positivas dos parentes de possíveis doadores, e tem obtido sucesso. O programa do Estado do Rio deixou as últimas posições no ranking nacional das doações de órgãos para alcançar, em 2020, o terceiro lugar, atrás apenas de São Paulo e Paraná. São feitos transplantes de coração, fígado, rim, pâncreas, osso, pele, córnea, entre outros.
Mesmo com o sucesso já alcançado, está sendo feito um trabalho para ampliar ainda mais a captação de órgãos. Para o coordenador do PET-RJ, Sidney Pacheco, o foco do programa é ampliar as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTTs) nas unidades hospitalares. Atualmente, o estado tem quatro dessas comissões e está investindo no aumento da estrutura.
“O PET vem crescendo de maneira substancial nos últimos anos, e isso é resultado do excelente trabalho das equipes. Para manter esses bons resultados, atualmente estamos investindo na criação de mais 16 comissões. São profissionais capacitados para acolher as famílias com um atendimento humanizado, tornando o processo da doação de órgãos mais confiável e transparente. A missão primordial do PET é obter o “sim” das famílias para salvar vidas por meio da doação de órgãos”, reforça Sidney.
As Comissões Intra-hospitalares são formadas por equipes multiprofissionais da área de Saúde, que têm a finalidade de organizar, nas unidades hospitalares, rotinas e protocolos que possibilitem o processo de doação de órgãos e tecidos para transplantes. Atualmente, as quatro comissões exclusivas estão nos hospitais estaduais Getúlio Vargas, Adão Pereira Nunes e Alberto Torres e no Hospital Municipal Albert Schweitzer.

PET é referência na captação de órgãos no Brasil

Criado em 2010, o Programa Estadual de Transplantes (PET) realiza a captação de coração, fígado, rim, pâncreas, pulmão, pele, córnea, etc. Em 11 anos, o programa foi responsável pela renovação da vida de mais de 6.900 pessoas por meio de transplantes de órgãos sólidos (categoria que engloba os transplantes de fígado, pulmão, intestino, rim, pâncreas e coração) e recuperou a saúde de inúmeros pacientes com transplantes de ossos, ligamentos e pele.

Em 2020, foi registrado o melhor primeiro trimestre da história do programa, com 254 transplantes de órgãos sólidos. A marca supera em quase 54% o mesmo período do ano passado. Em 2019, o programa recebia, em média, 5,1 doações de órgãos por milhão de habitantes. No primeiro trimestre de 2020, a média subiu para 22 por milhão

Em 2020,  foram efetuados 1074 transplantes, sendo 376 córneas e 698 de órgãos sólidos, sendo 22 de coração; 270 de fígado; 384 de rins; além de um transplante simultâneo de coração e rim; 10 de rim e fígado; e 12 de rim e pâncreas.  O Estado do Rio ocupa o 3º lugar em número absoluto de doadores no ranking do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Em 2021, a Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro faz concerto em homenagem ao Setembro Verde no Centro da capital (Foto: Divulgação SES)

De janeiro a julho de 2021, foram realizados 748 transplantes de órgãos, sendo 346 córneas transplantadas, 14 corações transplantados, 157 fígados, 220 rins; além de 9 cirurgias simultâneas de rins e pâncreas, 1 simultânea rim e coração, 2 simultâneas rim e fígado, 1 transplante triplo de rim, fígado e coração e uma multivisceral (fígado, pâncreas e intestino transplantados simultaneamente) e um transplante paratireóide.

Depois de 15 anos o Estado do Rio de Janeiro voltou a realizar transplante de pulmão. A Secretaria de Estado de Saúde habilitou a equipe do Instituto Nacional de Cardiologia para a cirurgia, possibilitando que o Rio de Janeiro passasse a ser o terceiro estado do país a realizar esse tipo de transplante.

 

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