- “A escoliose idiopática ainda afeta a qualidade de vida e a autoestima dos pacientes. Infelizmente, adolescentes sofrem bullying pela doença, situação inadmissível, mas comum”, relata Carlos Romeiro, cirurgião de coluna e integrante do Mude a Curva, projeto que reúne médicos voluntários e realiza cirurgias pelo país para desafogar o sistema público de saúde.
O que causa escoliose?
Conjunto de ossos articulados que formam o eixo de sustentação do corpo, a coluna vertebral não tem como função apenas a proteção da medula espinhal, do sistema nervoso central, como possibilita agilidade e movimento dos membros, viabilidade e manutenção da postura ereta, proteção aos órgãos internos, além de absorção e dissipação de choques mecânicos e pressão gravitacional. Com tantas funcionalidades, é possível compreender o que uma deformidade nessa estrutura pode significar a longo prazo para a saúde do paciente.
A escoliose pode ter origem congênita, ou seja, desde o nascimento. Devido à malformação da própria vértebra, podendo ter origem neuromuscular, desta forma problemas de saúde como a paralisia cerebral, lesões medulares e algumas distrofias musculares podem levar ao aparecimento desta curvatura exagerada da coluna vertebral.
Tipos de escoliose
“Mais comum na população é a escoliose idiopática do adolescente. Recebe este nome por ser mais comum de acontecer na adolescência, durante a fase de crescimento do esqueleto, a coluna nasce normal e vai curvando ao longo do crescimento. Ainda não apresenta uma causa conhecida para sua origem. De uma maneira geral é percebido pelos pais ou pelo próprio adolescente através da diferença de altura dos ombros, ou do mesmo do quadril, quando olhado de frente” , ressalta Mourão.
Segundo Romeiro, a escoliose idiopática pode ser identificada pela alteração do contorno das costas e coluna, além de um desalinhamento dos ombros, diferenças entre os lados na cintura e nos quadris e queixas de desconforto e dores. “O desafio é que muitas vezes essas adolescentes não expõem o próprio corpo, utilizando roupas largas, o que retarda tanto a percepção do problema por parte da família como a procura por ajuda médica”, esclarece.
Sintomas da escoliose
“Pais ou cuidadores e até mesmo a própria pessoa percebe o desalinhamento dos ombros ou do quadril (cintura). Esta é a forma mais fácil de perceber a escoliose, percebendo a alteração faz-se necessário a avaliação do especialista em coluna”.
Como diagnosticar?
Como tratar escoliose?
“Cirurgias são feitas em situações de curvas elevadas, aquelas superiores a 40 graus ou em progressão apesar do tratamento conservador. O pós-operatório é variável e depende da extensão da cirurgia”, esclarece Mourão.
Fila para tratamento da escoliose no SUS
O SUS (Sistema Única de Saúde) oferece serviços de apoio e atendimento aos pacientes, mas há uma fila de espera para quem necessita de procedimento cirúrgico. Esta necessidade, inclusive, move o projeto Mude a Curva, movimento filantrópico, conduzido pelo Brazilian Spine Study Group (BSSG), uma organização sem fins lucrativos fundada por seis cirurgiões de coluna de diferentes localidades do Brasil, que objetiva operar pacientes regulados pelo SUS com deformidades vertebrais via mutirões.
Recentemente, o projeto beneficiou pacientes que aguardavam na fila do SUS em um mutirão que operou 20 pacientes com escoliose em Goiânia, em parceria com a Medtronic, multinacional referência em tecnologia em saúde, e responsável pelos equipamentos necessários para o procedimento cirúrgico. Mas o projeto já passou por outras regiões do país e deve continuar com a ação no ano de 2023.