Até esta segunda-feira (15), foram registrados 205.187 casos prováveis de dengue e 109 óbitos confirmados em todo o Estado do Rio de Janeiro. A taxa de incidência acumulada está em 1.278 casos/100 mil habitantes. O boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) aponta queda de quase 50% nos casos prováveis nas últimas duas semanas de março. Os números passaram de 14.782 da semana entre os dias 17 a 23 para 7.406 na semana de 24 a 30 de março.
O Panorama da Dengue mostra também que os atendimentos de casos suspeitos da doença apresentaram queda de 15% nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estaduais entre as semanas epidemiológicas, com 9.468 atendimentos e 8.044 respectivamente.
De acordo com o cenário epidemiológico, o estado do Rio saiu do nível 3 do plano de contingência da secretaria (quando o número de casos prováveis é dez vezes acima do limite endêmico) para o nível 2 (entre cinco e dez vezes). Quatro regiões do estado – Serrana, Metropolitana I, que engloba a Baixada Fluminense e a capital do estado, Baixadas Litorâneas e Norte Fluminense – ainda apresentam número de casos acima do esperado.
Com base nos dados, a secretaria decidiu manter o decreto de epidemia e continuar analisando a situação por pelo menos mais duas semanas. Também prorrogou por mais 30 dias a atuação do Comitê de Emergência em Saúde específico da dengue, que reúne técnicos de vários setores da saúde estadual e também da Fundação Saúde.
“Apesar da melhora no cenário epidemiológico, os indicadores ainda nos mostram que é preciso manter toda a atenção nas medidas de controle dos focos do mosquito, assim como na observação dos sintomas e no manejo clínico desses pacientes. Ainda temos números acima do esperado para o momento, e a Região Norte, que foi a última a apresentar piora do cenário, segue com tendência de alta nos casos”, alertou a secretária de Saúde, Claudia Mello.
São Paulo registra 285 mortes e 573 mil casos de dengue
A dengue já matou 285 pessoas desde o início do ano no Estado de São Paulo. Já os casos registrados da casos da doença ultrapassam 573 mil. O maior número de óbitos está na capital paulista, com 39, seguida de Guarulhos, na Região Metropolitana, com 26 casos – as duas cidades mais populosas do estado.
As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (15) pela Secretaria Estadual de Saúde, que aponta esses números como os maiores em duas décadas. Na capital paulista, apenas nove dos 99 bairros não entraram em epidemia de dengue, que acontece quando a taxa de incidência é de mais de 300 casos da doença por 100 mil habitantes.
A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, e causa dores no corpo, na cabeça e atrás dos olhos; febre alta, fraqueza, náuseas e vômitos.
Para o infectologista da Fiocruz, Rivaldo Venâncio da Cunha, as mortes por dengue poderiam ser evitadas. Segundo o médico, a simples hidratação, com ingestão de líquidos, resolveria boa parte dos casos.
A boa notícia para os paulistanos é que, desde a última quinta-feira (11), a vacina contra dengue está disponível em todas as unidades básicas de saúde da capital para a faixa etária dos 10 aos 14 anos. A cidade recebeu 185 mil doses do Ministério da Saúde.
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8 entre 10 casos de dengue ocorrem no DF e 6 estados
MG, SP, PR, RJ, GO, SC e DF concentram 86% das ocorrências da doença
Seis estados e Distrito Federal concentram 86% de casos da dengue no país. Já são mais de 3,3 milhões de ocorrências apenas neste ano. É o dobro de todo o ano passado. Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Goiás e Santa Catarina estão na liderança. Após três meses e meio, o cenário é de estabilidade para queda em 21 estados e DF. Bahia, Ceará, Maranhão, Paraná e Sergipe seguem com tendência de crescimento.
A coordenadora-geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde, Lívia Vinhal, detalha a situação do momento. Além disso, 81% das mortes estão concentradas em cinco estados e no Distrito Federal. Foram 1385 mortes por causa da doença, contra 1.169 em 2023.
O DF tem a maior incidência da doença, com mais de 7.800 casos para cada 100 mil habitantes. Atualmente são 220 mil casos prováveis e 270 mortes. A secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio, conta que os dados já foram mais alarmantes Nove estados, Distrito Federal e 565 municípios continuam em situação de emergência para dengue.
OMS: quase 4 bilhões de pessoas correm risco de infecção pelo Aedes
Quase quatro bilhões de pessoas em todo o mundo estão sob risco de infecções transmitidas por mosquitos do tipo Aedes – seja o Aedes aegypi ou o Aedes albopictus que, juntos, respondem por doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. O alerta é da líder da equipe sobre arbovírus da Organização Mundial da Saúde (OMS), Diana Rojas Alvarez.
Ao participar – por videoconferência – de encontro na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em Brasília, Diana destacou que a estimativa é que esse número – quatro bilhões – aumente em mais um bilhão ao longo das próximas décadas, sobretudo, por conta de fatores como o aquecimento global e a adaptação do Aedes a grandes altitudes. O mosquito, segundo ela, já pode ser encontrado, por exemplo, em montanhas do Nepal e da Colômbia, além de países da região andina.
A OMS monitora ativamente surtos e epidemias de dengue em pelo menos 23 países, sendo 17 nas Américas – incluindo o Brasil. Segundo Diana, os casos da doença aumentaram consistentemente ao longo das últimas quatro décadas. Em 2023, entretanto, houve o que ela chamou de aumento muito significativo tanto de casos como de mortes pela doença.
“Um novo recorde”, disse, ao citar mais de seis milhões de casos reportados e mais de sete mil mortes por dengue em 80 países. Para Diana, a expansão de casos se deve a fatores ambientais como o aumento das chuvas e, consequentemente, da umidade, o que favorece a proliferação do mosquito, além da alta das temperaturas globais, ambos fenômenos provocados pelas chamadas mudanças climáticas.
Ela disse, ainda, que é imprescindível melhorar a comunicação de casos e os sistemas de vigilância dos países em relação a arboviroses para ampliar ações de prevenção e combate em saúde pública.
Com informações da SES-RJ e da Agência Brasil (atualizado em 17/04/24)