Na última semana, o problema de saúde do presidente Lula chamou a atenção para a artrose do quadril, um problema que vem crescendo no país. Um estudo global da Universidade de Harvard mostra que o Brasil terá quatro vezes mais fraturas de quadril em 2050. A artroplastia total do quadril – procedimento ao qual o presidente Lula, possivelmente, deverá passar no final do ano – deve se tornar ainda mais frequente, como mostrou um estudo recente que indica o aumento do número de cirurgias de quadril no Brasil.
Por isso, há a necessidade de abordagens cirúrgicas mais tecnológicas. Uma delas já vem sendo usada com sucesso no Hospital São Marcelino Champagnat, em Curitiba/PR, onde quase 500 procedimentos desse tipo foram realizados somente em 2022. É a intervenção com o auxílio do navegador Velys, que garante maior precisão no posicionamento e implantação da prótese e tem devolvido mobilidade e qualidade de vida a essas pessoas.
Há um mês, Samanta Pinto dos Santos, de 38 anos, se submeteu a uma cirurgia com o auxílio do navegador Velys e relata que a recuperação está mais rápida se comparada ao primeiro procedimento, realizado há 6 anos para diminuir as dores no quadril, causadas por um um caso atípico de necrose na cabeça do fêmur.
“Hoje em dia, sou uma pessoa feliz. Aquele drama que eu vivia antes de sentir dor e tomar muitos remédios, não existe mais. Fiz a segunda cirurgia e recebi alta no terceiro dia de hospital. Passei mais três dias descansando em casa, mas no quarto dia já me sentia bem e comecei a andar de muletas. Falei para o médico que já estava andando quase normalmente, mas ele me orientou a ter mais cuidado, porque o resultado completo leva, em média, três meses. A melhor decisão que eu poderia ter tomado foi ter feito esse procedimento”, comemora.
“O drama de sentir dor e tomar muitos remédios não existe mais”
Samanta Pinto dos Santos teve sua vida transformada há quase seis anos, quando começou a sentir fortes dores no quadril durante as caminhadas que fazia com o marido. Ao ser diagnosticada com necrose na cabeça do fêmur, não imaginava que entraria para uma estatística que mostra um aumento crescente no número de pessoas que precisam se submeter a uma cirurgia de quadril.
Ela conta que, durante algum tempo, tentou um tratamento medicamentoso intensivo, mas que não surtiu o efeito esperado. Com isso, ela passou por uma cirurgia convencional no quadril do lado direito, em Joinville, onde morava. “A primeira cirurgia foi um sucesso, a prótese nunca deu problema. Passei a fazer quase tudo com bastante cuidado, inclusive, caminhar e andar de bicicleta”, diz.
Durante o período pós-cirúrgico, Samanta ficou sem dores, mas percebeu que sua qualidade de vida diminuiu novamente no ano passado, quando os mesmos sintomas surgiram no quadril do lado esquerdo.
“Eu não podia pegar minha filha no colo, trocar fraldas ou dar banho nela, assim como cuidar dos afazeres dentro de casa, nem me abaixar, levantar ou pegar coisas que estavam debaixo da cama. Até para passear com a minha família era bem complicado. Eu ficava desanimada porque sabia que eu ia sentir dor e mancaria”, relembra.
Desta vez, no entanto, o processo cirúrgico seria diferente, com a utilização de uma tecnologia que auxilia na amplitude dos movimentos e permite aperfeiçoar o resultado funcional. Segundo a equipe médica do hospital, o uso do aparelho de radioscopia junto com o Velys possibilita um planejamento cirúrgico preciso antes da operação, tornando o procedimento de colocação da prótese mais assertivo.
Crescimento dos casos demanda novas abordagens cirúrgicas
Em 2022, foram realizadas 466 cirurgias de quadril no Hospital São Marcelino Champagnat. Com o número de casos em crescimento, o apoio para esses procedimentos chegou no início de 2023, quando as equipes passaram a contar com um grande aliado: o navegador Velys.
“A combinação da inovação tecnológica com a experiência da equipe oferece grandes benefícios aos pacientes, como no caso de Samanta”, explica o médico ortopedista Josiano Valério. “O navegador permite ao cirurgião observar a posição correta da prótese durante o procedimento e realizar ajustes, se for o caso, em tempo real”.
Segundo ele, isso traz melhores resultados para essa cirurgia, que já é reconhecida mundialmente, aumentando durabilidade, melhorando a funcionalidade da prótese e prevenindo possíveis complicações. Esse tipo de procedimento é indicado para pacientes que apresentam artrose na articulação do quadril ou que sofreram fratura do colo do fêmur.
“Geralmente, os pacientes necessitam de tratamento cirúrgico para colocação de uma prótese por apresentarem queixas de dores constantes e intensas, associadas à perda de movimento no quadril, o que resulta em uma perda considerável da qualidade de vida”, explica o médico.
Osteoporose como causa das fraturas de quadril
Entre as causas relacionadas a este aumento estão o envelhecimento acelerado da população e a falta de tratamento adequado da osteoporose, doença que provoca a perda de massa óssea, pela diminuição da formação e absorção de minerais e de cálcio. A doença se agrava com o envelhecimento e dados apontam que cerca de 33% das mulheres e 15% dos homens com mais de 65 anos terão osteoporose.
“A densitometria óssea é o principal exame para detectar precocemente a osteoporose. Toda mulher com mais de 65 anos e homens acima de 70 devem fazer esse exame. Adultos com mais de 50 anos, que tenham doenças que possam trazer fatores de risco, também devem ser avaliados”, informa a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).