Durante muitos anos, a mídia estipulou um padrão de beleza e, com o passar do tempo, as redes sociais passaram a ocupar esse papel com a exaltação de corpos perfeitos, despertando o desejo de se encaixar em um modelo irreal a qualquer custo. Não é difícil perceber a influência da internet na vida das pessoas, seja na forma de se portar, falar, se vestir e, principalmente, no modo como enxergam a si mesmas. Uma das consequências que já pode ser notada é o aumento da busca por procedimentos estéticos.
De acordo com a pesquisa realizada pela Academia Americana de Cirurgiões Plásticos Faciais e Reconstrutores, 55% das cirurgias plásticas no nariz realizadas em 2022 em todo o mundo foram motivadas pelo desejo de sair com uma boa aparência nas famosas “selfies” para o Instagram. A busca pela perfeição afeta públicos cada vez mais jovens. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica realizou um levantamento apontando que, nos últimos 10 anos, houve um aumento de 141% no número de procedimentos estéticos feitos por adolescentes entre 13 e 18 anos.
De acordo com William Sanches, terapeuta, escritor e especialista em comportamento humano e programação neurolinguística, os impactos causados pelas redes sociais são cada vez mais preocupantes.
“Plataformas como o Instagram têm um peso muito grande no padrão de beleza e de felicidade que as pessoas buscam. Elas acompanham o estilo de vida de alguns influenciadores e, em muitos casos, fazem de tudo para alcançar esse status, mesmo que seja apenas por uma noite. Não é só o modelo estético, mas todo o contexto que envolve a rotina desses indivíduos que contam com milhares de seguidores”, relata.
Para o escritor, a internet só vende o que as pessoas querem comprar. “O conteúdo das redes sociais é democrático. Existem aqueles que ensinam a se amar e se aceitar, enquanto outros vendem um padrão de vida afirmando que, só assim, a felicidade poderá ser alcançada. Muitos influenciadores focam nos desejos, sonhos, ambições e na vaidade, impactando diretamente a autoestima dos usuários que consomem esses conteúdos”, declara.
“A naturalidade com que pessoas famosas tratam de processos clínicos nos stories, por exemplo, é um dos principais fatores que colaboraram com esses números. Com isso, redes como o Instagram e o Facebook começaram a restringir publicações sobre cirurgias e emagrecimento para usuários menores de idade. Se antes o desejo era se sentir bonito, na realidade, hoje é ter a aparência que os filtros embelezadores nos proporcionam”, lamenta o terapeuta.
Filtros faciais manipulam realidade e criam padrão inalcançável
“Esses efeitos começaram com intuito de divertir e entreter, mas tomaram outros rumos. Alguns desses filtros mexem diretamente com a fisionomia do usuário, aumentando a boca, afinando o rosto, o nariz e transformando completamente o semblante de alguém. A ideia de beleza que esses artifícios oferecem é completamente falsa e age diretamente na imagem que o público têm de si mesmo”, declara.
Para o especialista em comportamento humano, quando alguém não se encaixa nesse padrão estipulado pela sociedade e pelas redes sociais, avaliar a opinião que temos sobre nós mesmos é o primeiro passo para identificar a falta de autoestima.
“Muitas vezes, distorcemos nossa própria imagem por conta de tudo o que vemos e ouvimos ao longo da vida. Uma pessoa que olha no espelho todos os dias e diz para si mesmo que é feia, está se convencendo dessa sugestão o tempo todo. Infelizmente, esse indivíduo se compara a um padrão que é amplamente divulgado na internet, tendo a crença de que, realmente, não possui beleza”, relata.
Influenciadora lança seu próprio filtro
Alertando sobre os padrões físicos das redes socais e exaltando a beleza real, Ju Ferraz decidiu lançar seu primeiro filtro facial no Instagram. Ela entendeu que a plataforma necessitava de mais efeitos que incentivem os usuários a contemplarem a beleza real e que não sejam nocivos a autoimagem, e apresentou seu primeiro filtro, chamado “Beleza Real”.
“Os filtros embelezadores são capazes de mudar a estética de quem o usa, criando assim, um padrão de beleza inalcançável, que ilude os que assistem à acreditarem na perfeição”, aponta Ju, que lançou a novidade em janeiro de 2021.
“Redes sociais podem ser lugares tóxicos, por isso, criar esse filtro tem o objetivo de reforçar a minha batalha e de tantas outras mulheres inspiradoras de que devemos nos cuidar antes de qualquer coisa mas, principalmente, sermos os mais reais possíveis, além de exaltarmos pessoas reais e belezas reais “, conclui Ju.
Como não se deixar influenciar pela internet?
- Não se comparar a outras pessoas;
- Focar nas próprias qualidades, deixando de lado pensamentos negativos sobre qualquer particularidade;
- Se livrar de amizades tóxicas, mantendo ao seu redor pessoas que nos incentivam a ser quem realmente somos;
- Deixar de seguir perfis que exibem o padrão vigente, minimizando os danos causados à autoestima.
O movimento “Body Positive” (positividade corporal), também em alta nas redes sociais, tenta convencer as pessoas a se aceitarem e publicarem fotos reais, contra o padrão de beleza imposto à sociedade.
“É preciso iniciar um processo de cura interior, aceitando e entendendo que cada indivíduo tem a sua própria beleza. Pode parecer simples, mas a aceitação oferece um grande alívio interno e nos livra de qualquer cobrança”, finaliza Sanches.
Com Assessorias