“A maconha fez uma revolução na vida dos meus filhos e hoje eles conseguem se comportar como crianças normais”. A declaração é de Bruna Fernanda, mãe de três filhos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que fundou e preside a Associação Humanitária Cannábica do Brasil,
“É uma planta que está presente no nosso organismo através do sistema endocanabinóide. Então nada mais é do que uma reposição de endógenos no nosso corpo. Não vejo uma guerra contra as drogas, o que temos é uma guerra contra a ciência e contra a humanidade”, disse.
Bruna participou da última sexta-feira (6/5) audiência pública realizada pela Comissão de Representação para Acompanhar o Cumprimento das Leis (Cumpra-se), da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), para discutir o uso medicinal da maconha e política proibicionista de drogas. A reunião marca os 20 anos da luta por uma política democrática de drogas no Brasil.
O defensor público Daniel Lozoya apontou que recursos arrecadados com o mercado ilegal de drogas poderiam ser revertidos em políticas públicas no estado. “É preciso pensar uma política que seja mais racional e democrática. Hoje, vemos os Estados Unidos e países latinoamericanos revendo essa política proibicionista. São bilhões de recursos despejados na criminalidade e que poderiam estar vindo para o estado em forma de receita tributária, gerando empregos, renda e facilitando o acesso à saúde com o uso medicinal”, disse.
Segundo o presidente do Cumpra-Se, deputado Carlos Minc (PSB), diversas leis já surgiram das audiências do Cumpra-se, como por exemplo a lei que obriga o uso de câmeras nos uniformes policiais, recentemente aprovada pela Casa. “Hoje surgiu uma nova ideia que iremos apresentar: câmeras nas delegacias para tornar mais transparente e legal o procedimento dos interrogatórios. Em São Paulo, as câmeras nos uniformes reduziram em 80% a letalidade policial”, comentou.
Uso de Cannabis para combater estresse
Dor de cabeça, cansaço mental, noites sem dormir, dificuldade de concentração, fadiga e pensamentos perturbadores e recorrentes. Esses são alguns dos relatos de pessoas com sintomas relacionados a saúde mental. Para muitos especialistas, são sintomas de estresse e o consideram o mal do século.
Estudos recentes revelam substancias extraídas da maconha/Cannabis Sativa, como o canabidiol (CBD), podem aliviar o estresse, angústia e sofrimento. O CBD já vem sendo utilizado com finalidade terapêutica em contextos diversos.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelam que 60% dos participantes de um estudo em pacientes tratados com CBD/ canabidiol apresentaram menor incidência de ansiedade; 50% a redução dos sintomas de depressão e 25% de burnout. A pesquisa foi publicada no Journal of the American Medical Association (Jama), em 2021.
Os dados analisados indicaram diminuição significativa após 14 e 28 dias de uso do fármaco. O estudo também demonstrou que o CBD tem bom potencial para reduzir a exaustão mental e burnout de quem está na linha de frente da pandemia
Segundo fabricantes, o canabidiol, de modo isolado, não possui as propriedades psicoativas que são típicas da planta Cannabis sativa. No contexto científico, o uso medicinal desta substância já foi avaliado com resultados positivos em doenças como epilepsia, transtornos de ansiedade, distúrbios do sono e autismo.
Fontes: Alerj e HempMeds