água

Além de nos fazer suar menos, as baixas temperaturas típicas do inverno provocam alterações no organismo que diminuem a sensação de sede e fazem com que muitas pessoas acabem reduzindo o consumo diário de líquido em relação ao verão, quando suamos frequentemente e sentimos mais sede. Por isso, é natural que tenhamos uma preocupação maior com a hidratação na estação mais quente do ano. Porém, o que pouca gente sabe é que o risco de desidratação também existe no inverno. Além disso, há maior incidência de infecções urinárias e problemas renais pela falta do consumo de água e a ingestão excessiva de açúcares.

Mas quais cuidados devemos ter nesta temporada? Para o endocrinologista Pedro Assed, mestre em endocrinologia pela UFRJ, e pesquisador do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares -GOTA-PUC-Rio-IEDE, nesta época de frio e diminuição da temperatura corporal é fundamental, para que não haja prejuízo da hidratação corporal, que se beba água com mais frequência. No verão devido à transpiração e sudorese e a umidade do ar, tendemos a sentir mais os efeitos da desidratação e por lembramos mais vezes de beber água.

“Os riscos para a saúde de uma baixa ingestão hídrica vão desde aumento da incidência da formação de cálculos renais, descompensação de doenças crônicas que dependem do volume de sangue circulante como anemias e hipertensão arterial sistêmica. Sintomas de desidratação, insuficiência renal aguda, ressecamento de mucosas, também podem aparecer em casos de restrição hídrica mais intensa”, explica.

Uma dica da nutricionista funcional Haline Dalsgaard, em quem precisa se hidratar é a água de coco, rica em carboidratos, vitaminas (A, C, complexo B) e minerais, como: sódio, potássio, cálcio, magnésio e fósforo. “ Ela ajuda na absorção mais rápida dos eletrólitos, auxiliando a hidratação; ajuda na reposição de minerais perdidos durante a prática de atividade física; ajuda a melhorar a digestão e a regular o intestino e fortalece o sistema imunológico. Por ser rico em sódio e potássio, o seu consumo ajuda na hidratação. Mas, devemos lembrar que o uso da água de coco não substitui a necessidade de ingestão de água. A água de coco é um alimento e, portanto fornece nutrientes e calorias, o que não acontece com a água”, explica Haline.

Quatro dúvidas sobre infecção urinária

O médico Mauricio Rubinstein, urologista-chefe dos Departamentos de Cirurgia Minimamente Invasiva e Laparoscopia Urológica da UFRJ, destaca que as infecções urinárias e os problemas renais são muito comuns nessa época do ano. Os sintomas mais comuns da infecção urinária são: dor e ardência ao urinar; necessidade urgente de urinar e aumento da freqüência, embora o volume de urina geralmente seja pequeno; necessidade de se levantar freqüentemente à noite para urinar; e uma urina turva, sanguinolenta ou com odor fétido.

Em alguns casos, pode haver o aparecimento súbito de febre e calafrios. Já no caso dos cálculos renais, os sintomas mais comuns são forte dor lombar de inicio súbito, que pode irradiar para a parte anterior do abdômen e até mesmo para os genitais e parte interna da coxa. O quadro em sua maioria pode ser acompanhado de náuseas e vômitos”, esclarece. Ele responde quatro dúvidas comuns sobre o tema:

1 – Além do consumo reduzido de água, por que a infecção urinária acontece?

As mulheres são mais suscetíveis a infecções urinárias do que os homens, porque a uretra da mulher é mais curta do que a do homem e as bactérias têm, portanto uma distância menor a percorrer. Outras causas de maior suscetibilidade são: a gravidez e a diminuição de hormônios após a menopausa.

Nos homens, as infecções urinárias ocorrem em menor frequência quando comparados as mulheres. Em homens jovens, podem acontecer devido a uma infecção da próstata (prostatite). Em homens mais idosos, a infecção urinária é freqüentemente resultado do aumento de tamanho da próstata (hiperplasia benigna) , diminuindo o fluxo de urina, fazendo com que ocorra um resíduo de urina na bexiga.

2 – Quais são os sintomas mais comuns desse problema?

Os sintomas mais comuns são: dor e ardência ao urinar; necessidade urgente de urinar e aumento da freqüência, embora o volume de urina geralmente seja pequeno; necessidade de se levantar freqüentemente à noite para urinar; e uma urina turva, sanguinolenta ou com odor fétido. Em alguns casos, pode haver o aparecimento súbito de febre e calafrios.

3 – Quais os possíveis tratamentos?

Os quadros diagnosticados como infecção urinária devem ser tratados com a administração de antibióticos, repouso e uso de analgésicos.

4 – Quais os riscos à saúde a longo prazo se não tratado imediatamente?

Caso não tratada, a infecção pode acometer os rins também (chamada de Pielonefrite), onde o quadro clínico pode ser mais sério e apresentar queda do estado geral e febre alta. Às vezes, há necessidade de tratamento em unidade semi-intensiva, quando pacientes apresentam um quadro séptico (infecção generalizada).

Aumento de casos de cistite

É comum também no inverno as pessoas “segurarem” a urina por mais tempo, devido ao frio, e o que muitos não sabem é que essa atitude pode evoluir tanto para inflamação quanto infecção. O alerta é do médico nefrologista Paulo Cicogna, da Fundação Pró-Rim, referência nacional em tratamento e transplantes renais. Ele explica que cistite é a inflamação da bexiga, órgão que armazena a urina. Afeta mais as mulheres por questões anatômicas, mas os homens também não estão livres da doença. Esta inflamação, segundo o médico, também pode ser causada por alguns medicamentos, principalmente os que são utilizados no tratamento do câncer.

A cistite provoca dor intensa porque a bexiga é um órgão muito sensível e o mecanismo de encher e esvaziar ao urinar, provoca distensão e contração de um órgão doente. “É uma reação involuntária e por isso mesmo, durante um episódio de cistite, aumenta o número de vezes que a pessoa sente necessidade de urinar, justamente para evitar estas distensões e contrações”, explica o médico.

O médico esclarece que a suspeita da doença pode ser detectada pelo forte odor e a coloração, mas o diagnóstico é sempre feito através do exame de urina com cultura e acrescenta que a cistite simples não provoca febre. “Caso ela ocorra, há o comprometimento sistêmico, ou seja, a infecção é agressiva”.

Ele ainda enumera alguns sintomas importantes da cistite como dor no baixo ventre, dor ou ardência para urinar e aumento do número de micções. No entanto, descarta alguma relação entre cistite e corrimento vaginal, que sempre será um sintoma de doença ginecológica. Também define como reduzida a relação com a doença renal, a não ser que os antibióticos utilizados para o seu tratamento causem lesão renal ou em casos específicos, de infecções de repetição. Diante destes sintomas, alerta para a necessidade de procurar atendimento médico.

Existem maneiras de prevenir a cistite? O médico garante que algumas medidas podem ajudar. Entre elas: ingerir bastante líquido, de preferência água e procurar urinar a cada três horas, principalmente as mulheres.

As baixas temperaturas típicas do inverno provocam alterações no organismo que diminuem a sensação de sede e fazem com que muitas pessoas acabem reduzindo o consumo diário de líquido. No verão, suamos frequentemente e sentimos mais sede. Por isso, é natural que tenhamos uma preocupação maior com a hidratação. Porém, o que pouca gente sabe é que o risco de desidratação também existe no inverno.

Fontes: Pedro Assed, Haline Dalsgaard, Mauricio Rubinstein e Fundação Pró-Rim

 

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