Com o avanço da pandemia do novo coronavírus no Brasil, a preocupação maior é com a falta de infraestrutura das favelas onde é comum ter muitas pessoas convivendo em um mesmo cômodo, impossibilitando uma ação de isolamento social. Parcerias são importantes para garantir a sobrevivência dos mais afetados e empresas do setor privado podem ajudar a dar assistência para quem necessita nas comunidades onde, muitas vezes, falta até saneamento básico, o que dificulta as medidas de prevenção às doenças e facilita a disseminação do vírus.

Nascido em favela, o carioca Pedro Berto, estudante de Administração Pública na Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, conhece bem a realidade desses lugares. Atualmente na Redpoint Eventures, ele conseguiu, em tempo recorde, mobilizar 12 voluntários, fazer parcerias e arrecadar doações para a compra do primeiro lote de testes rápidos para detecção do novo coronavírus.

Por meio de um aplicativo, já é possível fazer as doações de testes rápidos de Covid-19 para instituições que atuam nas favelas cariocas. O mais interessante é que essa doação pode ser feita sem desembolsar nenhum real. Essa ideia é possível graças à união da recém-criada Favela Sem Corona e a Ribon (uma plataforma de experiência de doação onde usuários doam diariamente até mesmo de graça). A chegada do primeiro lote com 100 testes adquiridos com esta ação está prevista para o dia 6 de abril.

Para fazer a doação, é necessário baixar o aplicativo da Ribon. Dentro do app o processo de doação é bem simples: todo dia a plataforma envia uma boa notícia sobre algo relevante que está acontecendo no mundo. Essas notícias vêm sempre acompanhadas de 100 ribons (moeda usada no aplicativo) para serem coletadas gratuitamente e doadas depois.

As doações podem ser feitas para qualquer uma das cinco causas do app, que atualmente são: nutrição infantil, saúde básica, água potável, medicamentos, e agora, testes de Covid-19. Caso o usuário queira aumentar o seu impacto, a plataforma disponibiliza um serviço de assinatura de doações, no qual é possível escolher um pacote de ribons para assinar e então receber uma quantia bem maior da moeda semanalmente.

Todas as ONGs disponíveis no app trabalham em regiões de extrema pobreza na África e Ásia. O Favela Sem Corona é a primeira com sede no Brasil a receber ajuda dentro da plataforma. A iniciativa se inspirou em países como a Coreia do Sul para desenvolver um plano de prevenção da doença em favelas, partindo do princípio de que, quanto mais cedo forem detectados os casos de pessoas infectadas com o Covid-19, maiores as chances de evitar que o vírus se espalhe nessas regiões.

Mapa do Corona – Além do trabalho de distribuição de testes rápidos, o projeto vai ajudar no mapeamento de casos com o “Mapa do Corona”, mostrando os casos confirmados em cada bairro do Rio de Janeiro. O mapa também mostra a faixa etária dos infectados e vários outros dados úteis para embasar tomadas de decisão de quem está trabalhando com essa causa.

No site do Favela Sem Corona também está operando um chatbot em que qualquer morador dessas comunidades consegue fazer denúncias de violação de direitos humanos, violência contra a mulher, problemas de saúde pública e até questões trabalhistas. O projeto faz o encaminhamento dos casos para os órgãos e entidades competentes resolverem essas questões em época de quarentena.

O uso da tecnologia para campanhas e causas sociais como o Favela Sem Corona faz parte do DNA de socialtechs (startups com foco social) como a Ribon. Para baixar o app Ribon: https://rib.app.link/baixaragora  Favela Sem Corona: http://www.favelasemcorona.com/ / Ribon: www.ribon.io

#BoraDoar: plataforma direciona doações

Inspirada em um marketplace, a plataforma #Boradoar divulga possibilidades de doar para projetos em comunidades e serviços de saúde, e o valor doado cai direto na conta do projeto selecionado pelo doador. No site, é possível doar para ONGs como a Casa do Rio, que está distribuindo kits de higiene pessoal e doméstica no estado do Amazonas, ou a Abraço Campeão, que doará cestas básicas para moradores do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. A plataforma também permite doar paras Santas Casas de São Paulo e Belo Horizonte, ajudando na compra de itens como equipamentos de proteção individual para profissionais de saúde.

A distribuição de cartões alimentação também está nos planos da ONG Gerando Falcões, que pretende atingir 1 milhão de “cestas básicas digitais”, cada uma com a doação de R$ 50. O projeto quer entregar seis dessas cestas para cada família atravessar até três meses de crise do novo coronavírus abastecida com o básico. Os recursos serão carregados em cartões alimentação e entregues a líderes conveniados ao projeto em comunidades do país, que vão distribuí-los a famílias em situação de vulnerabilidade.

Uma mão lava a outra: campanha da Saúde Criança

A Saúde Criança, organização social, que há 28 anos trabalha na promoção da saúde e do desenvolvimento humano e no combate à pobreza e já atendeu mais de 75 mil pessoas, lança a campanha #UmaMãoLavaAOutra. A ideia é fazer com que as 250 famílias vulneráveis continuem a ter acesso a alimentação e higiene pessoal durante o período de isolamento, o que vai possibilitar também que pequenos mercados e farmácias nessas comunidades continuem a ter fluxo de caixa.

Para fazer famílias de comunidades no Rio de Janeiro terem acesso a bens essenciais, a ONG vai receber doações por cartão de crédito ou transferência bancária de pessoas físicas e depositá-las em um cartão alimentação de pais e mães cadastrados no projeto. Além de garantir itens básicos de alimentação, higiene pessoal, medicamentos e outras necessidades para famílias inteiras, a ação também vai movimentar a economia local, sem colocar suas vidas em risco.

Para estimular as doações, a organização fez um apelo para que artistas, influenciadores, jornalistas e toda a sociedade civil se juntem à campanha. Faça sua doação, poste um vídeo em suas redes sociais usando as hashtags #SaúdeCriança e #UmaMãoLavaAOutra e convide amigos e família para participarem.

Movimento Rio contra o Corona

Outra iniciativa que pretende reunir um grande volume de doações a famílias vulneráveis é o Movimento Rio Contra o Corona, que já arrecadou um milhão de reais. A ação é uma união das ONGs Banco da Providência, Instituto Ekloos e Instituto Phi, que dividem as tarefas de arrecadar recursos online, comprar e distribuir os suprimentos básicos a instituições da capital e da Baixada Fluminense. Entre as metas, está entregar 100 mil litros de álcool gel para as famílias.

A ONG Viva Rio também está reunindo doações para a compra de cestas básicas, mas a entrega se dará de forma diferente. O dinheiro será depositado para pequenos mercados nas comunidades, e as famílias cadastradas poderão retirar as cestas básicas nesses estabelecimentos, que terão o CPF dos beneficiados para garantir que elas cheguem às mãos certas. A meta é fazer com que 60 mil cestas básicas cheguem a 15 mil famílias do Rio de Janeiro.

A organização não governamental Ação da Cidadania iniciou no fim de março a entrega de 40 toneladas de cestas de alimentos não perecíveis que chegarão a moradores de comunidades do Rio de Janeiro que vem sofrendo com a falta de recursos financeiros em meio à crise provocada pela disseminação do novo coronavírus. A campanha tem a parceria do Movimento Bem Maior e da plataforma de financiamento coletivo Benfeitoria.

Doadores interessados em ajudar minorias e populações vulneráveis a se prevenir contra o coronavírus também podem marcar com o Grupo pela Vidda, no Rio de Janeiro, para entregar sua doação diretamente na sede da instituição, no centro da cidade, ou em pontos de coleta a serem combinados. A entidade recolhe doações de alimentos e produtos de higiene para LGBTIs e pessoas vivendo com HIV e Aids em situação de vulnerabilidade

Como grandes empresas podem ajudar famílias vulneráveis?

  • Parcerias são importantes para garantir a sobrevivência dos mais afetados. Empresas do setor privado podem ajudar a dar assistência para quem necessita nas comunidades onde, muitas vezes, falta até saneamento básico, o que dificulta as medidas de prevenção às doenças e facilita a disseminação do vírus. Para ajudar famílias que tiveram seu sustento impactado por medidas de quarentena e afastamento social, a XP  divulgou um investimento de R$ 25 milhões em cestas básicas para três ONG’s parceiras: Gerando Falcões, Amigos do BemVisão Mundial.
  • A Visão Mundial, quese dedica integralmente à missão de ajuda humanitária em todos os países onde atua, pretende alcançar cerca de 65 mil pessoas em nove municípios: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Maceió, Recife, João Pessoa e Fortaleza. Outra organização que une esforços com a Visão Mundial é a AME Digital, uma plataforma de pagamento digital e cashback do grupo B2W. A AME concederá 50% de dinheiro de volta para quem fizer doações a entidades usando a plataforma, com o limite máximo de R$ 15 de cashback. Os valores serão destinados a ações emergenciais, compra de cestas básicas e atendimento preventivo nas comunidades impactadas pela COVID-19 nas quais a ONG atua. A iniciativa faz parte da campanha #AmeFazerSuaParte, que visa a doação e conscientização de boas práticas em tempos de quarentena.

Pandemia com Empatia – Redes da Maré e Cufa recebem doações

Instituições de dentro das favelas também estão realizando campanhas para a doação de bens essenciais. Com capilaridade nas comunidades do Complexo da Maré, a Redes da Maré está pedindo alimentos não perecíveis, itens de higiene pessoal e de limpeza e água mineral para atender famílias já mapeadas. As doações podem ser realizadas pessoalmente, no Centro de Artes da Maré, e também por transferências para a conta bancária da Redes da Maré, disponível no site da instituição.

A Central Únicas das Favelas (Cufa) também lançou uma campanha própria, a Favela Contra o Vírus, que está reunindo alimentos e álcool em gel para moradores de comunidades de todo o Brasil. A ONG também tem trabalhado na divulgação de mensagens pelas redes sociais, reforçando a importância do isolamento social e explicando as formas de prevenção da doença.

O jornal Voz das Comunidades, fundado por moradores do Complexo do Alemão, organizou a ação Pandemia com Empatia, para arrecadar e distribuir materiais de higiene e água, já que a falta de abastecimento é uma queixa recorrente dos moradores do complexo. Para evitar que as pessoas precisem se deslocar para deixar as doações, a ONG também está recebendo depósitos e transferências bancárias, e as informações estão disponíveis no perfil da Voz das Comunidades no Facebook.

Além de produtos essenciais, ONGs têm buscado ajuda para reforçar suas ações de comunicação e conscientização sobre as medidas de prevenção. Os coletivos MARÉ Vive, MARÉ 0800 e AmarÉvê lançaram uma vaquinha virtual para arrecadar R$ 6 mil por mês nos próximos 4 meses, totalizando R$ 24 mil, para manter ações como carro de som, cartazes, faixas e distribuição de áudios informativos sobre a pandemia no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro.

Ação de mulheres em São Gonçalo – A necessidade de socorrer famílias em situação de vulnerabilidade também fez novas organizações surgirem por meio da mobilização de moradores. Em São Gonçalo, segunda cidade mais populosa do estado do Rio, um grupo de mulheres formou um comitê para recolher doações e levar até famílias pobres que terão sua rotina ainda mais fragilizada pelo isolamento social.

A iniciativa cresceu e já conta com quatro postos de coleta e distribuição de doações, com a meta de entregar cestas básicas a 100 famílias por semana. O grupo cadastra moradores e faz uma triagem com assistentes sociais para formar uma fila de doações, que também são recolhidas na casa dos doadores por meio de uma frota de veículos que voluntários disponibilizaram para o projeto.

Da Agência Brasil e Assessorias

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