O Setembro Amarelo é um período marcado pela discussão de temas ligados à saúde mental, porém um fator bastante importante nessa equação costuma ser pouco mencionado: a saúde financeira. Os problemas financeiros, comprovadamente, são grandes fontes de preocupação e até depressão. Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que 69% das pessoas endividadas sofrem de ansiedade. Insegurança (65%), estresse (64%), angústia (61%), desânimo (58%), sentimento de culpa (57%) e baixa autoestima (56%) também aparecem no estudo.
A pesquisa revela, ainda, que o endividamento atinge até mesmo a vida profissional e social dos entrevistados, com 25% dos pesquisados afirmando terem ficado mais desatentos e menos produtivos no ambiente de trabalho. De acordo com a Investor Pulse, pesquisa realizada pela BlackRock, 71% dos brasileiros acreditam que sua saúde financeira afeta diretamente seu bem-estar. Além disso, quase 60% afirmam que é o dinheiro – no caso, a falta dele – o que mais causa estresse em suas vidas.
As taxas de suicídio vêm crescendo ano após ano, em quase todas as faixas etárias, inclusive no Brasil. Ainda assim, pouco se fala sobre o assunto em ambientes de trabalho. Com a era de cumprir metas, prazos e gerar lucros, muitas empresas acabam esquecendo da importância de manter e garantir a saúde mental e bem-estar de seus colaboradores.
De acordo com a psiquiatra do Santa Genoveva Complexo Hospitalar, Ana Carolina Chaves Alucio, é importante que as empresas e funcionários estejam preparados para lidar com a saúde mental das pessoas. “As empresas têm que criar ambientes mais saudáveis, com comunicação efetiva, gerando sentimento de pertencimento ao grupo de trabalho, e evitar marginalizar pessoas que estão passando por algum problema ou momento de dor. É preciso pregar empatia à dor humana”, afirma.
“Mesmo que o ambiente de trabalho esteja associado à pressão, quando estão diante de uma situação de desequilíbrio da saúde mental ou risco de suicídio, as empresas devem assegurar que o funcionário seja assistido por um médico ou psicólogo. É importante, também, criar conexão empática, com laços, para que seja um ambiente de apoio e não apenas associado como ambiente de risco. Nesses momentos, é importante que a empresa seja suporte e não a causa de mais estresse aos funcionários em situação de alerta”, completa a médica.
Para a psiquiatra, ter pensamentos de morte como única saída frente a algumas situações de dor ou impotência extrema, é comum ao ser humano e envolvem uma série de fatores biológicos, emocionais, culturais, filosóficos e religiosos. “É difícil definir o que leva uma pessoa a se matar. Acredito que não haja uma única causa, mas um conjunto de fatores que levam o indivíduo ao extremo. Estudos sugerem que 90% das vítimas de suicídio tinham alguma doença mental, o que pode não ser determinante, mas expõe a pessoa a uma vulnerabilidade maior ao ato”, avalia.
Segundo a gestora de recursos humanos do Santa Genoveva Complexo Hospitalar, Giselle do Carmo, o hospital está empenhado em realizar eventos e ações que contribuam positivamente na vida e realidade de seus colaboradores. “Este é um tema de saúde pública grave, que demonstra o maior grau do sofrimento humano. É importante cada vez mais falarmos sobre isso para levarmos informação e, principalmente, solidariedade às pessoas”, finaliza Ana Carolina Chaves Alucio.
Ela ressalta a importância de a empresa desenvolver programas e projetos que promovam a qualidade de vida e que sejam voltados para a saúde física, social e emocional dos colaboradores. No hospital, por exemplo, o Programa de Qualidade de Vida contempla ações como palestras temáticas, massoterapia, yoga laboral, ginástica laboral, liberação do Gympass, Diálogo de Saúde e Segurança, acompanhamento nutricional e acompanhamento psicológico.
Empresas oferecem solução em educação financeira
Algumas empresas já começam a se preocupar com o estresse financeiro de seus funcionários e seus impactos sobre sua produtividade e saúde mental. A fintech Magnetis, primeira gestora de investimentos digital, oferece o primeiro benefício corporativo de bem-estar e educação financeira do país, chamado Magnetis Para Empresas.
O programa tem duração mínima de 12 meses e a dinâmica é muito parecida com a dos planos de saúde, em que as empresas pagam por vida. O serviço começa com palestras para a equipe, com o objetivo de despertar o interesse em educação financeira. Através de um questionário, cada colaborador identifica seu perfil e recebe recomendações para planejar melhor sua vida financeira. O programa ainda inclui uma plataforma digital de educação financeira, em que o colaborador vai aprender os ensinamentos essenciais de acordo com seu perfil financeiro, e diferentes tipos de consultoria individualizada.
ESTATÍSTICAS ASSUSTAM
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. Desse número, aproximadamente 65 mil casos acontecem anualmente em todo o continente americano. No Brasil, de acordo com a cartilha do Ministério da Saúde, cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida por ano. Confirmando essa estatística, o Santa Genoveva Complexo Hospitalar atendeu, de janeiro até o início de setembro desse ano, 27 tentativas de autoextermínio. Estes números foram apurados por meio dos registros do Serviço Social e da Psicologia do Hospital.
O mês de setembro marca a luta contra um problema de saúde mundial considerado grave: o suicídio. Por vários anos evitava-se falar sobre isso. Era um assunto rodeado de tabus, o que não permitia enxergar quem estava mais vulnerável. A Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) alerta que o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo e é a segunda principal causa de morte entre as pessoas de 15 a 29 anos de idade.
Da Redação, com Assessorias