Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou no começo de junho a comercialização da insulina inalável no Brasil. Essa nova forma de ingerir o hormônio promete acabar com as picadas diárias que tanto incomodam os diabéticos de tipo 1 e 2. Porém, o medicamento ainda não tem data para o consumo no Brasil, pois está em fase de testes.

Em entrevista ao ViDA & Ação, Andressa Heimbecher, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), explica que o processo para a comercialização da insulina é demorado. Além da pesquisa em animais, que ainda não foi iniciado, existe um longo caminho para que a medicação chegue de forma segura às pessoas que vão fazer uso do medicamento.

Até o momento e de acordo com o que foi divulgado, as pesquisas em animais ainda não se iniciaram. E há um longo caminho para que um medicamento em testes em animais chegue ao mercado. Esse processo deve ser cauteloso e detalhado, para que não se coloque em risco as pessoas que irão fazer uso do medicamento”, afirma a médica.

Segundo ela, estima-se que nos Estados Unidos um medicamento experimental demore cerca de 12 anos para chegar às prateleiras, isso se ele se provar eficaz nos testes.

Esse tipo de insulina é confiável?

Para a especialista, tendo em vista que o processo de pesquisa ainda está no inicio, é difícil de dizer se esse tipo de insulina é eficaz ou não. Mas certamente essa é uma evolução do medicamento e uma esperança para as crianças e adultos com diabetes tipo 1 e 2 que esperam se livrar das picadas.

Pelo que foi divulgado, a insulina em pílulas deverá ser ingerida junto aos alimentos e, portanto, deverá simular a ação das insulinas rápidas e ultrarrápidas disponíveis no mercado”, esclarece a endocrinologista.

NÃO SUBSTITUI A INJETÁVEL

Embora seja mais uma alternativa terapêutica para os pacientes diabéticos, é importante salientar que a insulina inalável não substitui a insulina injetável e há restrições para alguns pacientes”, comenta o endocrinologista Marcio Krakauer, diretor da Sbem-SP.

Para ajudar a entender um pouco mais sobre essa novidade, o especialista listou alguns prós e contras sobre a insulina inalável:

  • Prós

    • Reduz número de injeções;
    • Mais fácil de armazenar e transportar (não exige refrigeração);
    • Fácil manuseio: basta inserir cartucho com insulina em pós em um inalador;
    • Formato que cabe na palma da mão;
    • Ganho na qualidade de vida: favorece a aplicação numa ocasião social, por exemplo, além de reduzir número de picadas.

    Contras

    • Não substitui todas as aplicações diárias;
    • Não é recomendada para menores de 18 anos;
    • Há restrições para pacientes com problemas pulmonares (fumantes, asmáticos);
    • Há menos opções para titulação da dosagem

  • Nos EUA, insulina injetável foi retirada do mercado

  • A busca por uma insulina inalável não é uma novidade. A primeira a ser comercializada foi a Exubera, lançada no mercado em 2006 com a aprovação do FDA americano, e foi retirada em 2007.

    O grande desafio da insulina ingerida está no fato de o estômago ser extremamente ácido e, portanto, desativar os efeitos do hormônio. Isso evita qualquer tentativa de se colocar uma certa quantidade de insulina dentro de um comprimido.

    Porém , especialistas da Harvard John A. Paulson School de Engenharia e Ciências Aplicadas, em Cambridge, nos Estados Unidos, descreveram uma estratégia para blindar a passagem da pílula de insulina pelo estômago. Eles projetaram um comprimido que protege a insulina do ácido gástrico e das enzimas do intestino delgado e também para ser capaz de penetrar as barreiras protetoras do intestino.

Fonte: Sbem-SP,  com reportagem da estagiária Vanessa Silva, sob supervisão da jornalista Rosayne Macedo

 

 

 

 

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