Entre 2006 e 2017, foram registradas 106.374 mortes por suicídio no Brasil, sendo que a taxa chegou a 5,8 por 100 mil habitantes em 2016, com a notificação de 11.433 óbitos por essa causa. Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira, 20, sobre tentativas e óbitos por suicídio no país, acendem um sinal de alerta no oitavo país em número absoluto de suicídios. Dados mostram que 17% dos brasileiros já pensaram, em algum momento, em tirar a própria vida.
Para o coordenador nacional da Campanha Setembro Amarelo, Antônio Geraldo da Silva, os números confirmam o que a Associação Brasileira de Psiquiatria vem alertando há um certo tempo sobre este que já é considerado um dos principais problemas de saúde pública no mundo. “O número de óbitos por suicídio no Brasil é alarmante. Fazer prevenção é fundamental, mas, infelizmente, ainda não percebemos ações efetivas previstas para que as pessoas parem de morrer por esta causa em nosso país”, comenta.
Segundo ele, a ABP vem reforçando a necessidade de cuidar da saúde mental das pessoas como forma de prevenção. “Mas nos faltam instrumentos de qualidade nos três níveis de atenção à saúde, dentro da assistência pública em saúde mental. Infelizmente, enquanto a população continuar sem acesso ao tratamento adequado e não houver promoção de saúde mental, os dados a serem apresentados pelo Ministério da Saúde refletirão a realidade do nosso país, confirmando o alarmante aumento dos casos de óbitos por suicídio”, completa o psiquiatra.
No mundo, a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio e, a cada três segundos, uma pessoa atenta contra a própria vida. De acordo com uma pesquisa feita pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), no Brasil, a cada 45 minutos uma pessoa atenta contra a própria vida e, pelos números oficiais fornecidos pela entidade, são cerca de 25 brasileiros mortos por dia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio já tem taxa de mortalidade superior às vítimas de HIV.
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina se unem para trazer ao Brasil a campanha mundial Setembro Amarelo (www.campanhasetembroamarelo.com.br), desenvolvendo, em parceria com várias instituições nacionais, ações de conscientização da sociedade. Durante todo esse mês, a ABP trabalha com foco na campanha Setembro Amarelo, com ações específicas em todo o Brasil.
Veja aqui mais dados da pesquisa sobre suicídio
Para Milene Rosenthal, psicóloga especializada em Terapia Cognitiva, existem diversos fatores que desencadeiam esses episódios. Suas raízes ainda são profundas e muito estudadas pelos psiquiatras, e seus motivos diferem de indivíduo para indivíduo. Abaixo, estão algumas das principais causas e sinais que um suicida pode dar antes de tirar a própria vida:
Depressão e doenças mentais: indivíduos com esses quadros devem sempre receber uma atenção maior, pois é considerada uma doença silenciosa. É imprescindível que o diagnóstico seja feito o quanto antes;
Drogas: o uso de drogas ilícitas também pode desencadear o problema. Nos casos onde pessoas depressivas fazem o uso de álcool ou drogas, a vigilância deve ser redobrada, pois a combinação de ambos os fatores resulta no maior número de mortes no mundo inteiro;
Insatisfações: frases como: “eu quero sumir”, “não aguento mais” e, principalmente, “eu queria morrer” podem ser um pedido de ajuda inconsciente. É necessário se atentar àqueles que externam seus sentimentos;
Adolescência: já conhecida por ser uma das fases mais atribuladas e difíceis da vida, a adolescência mascara muitos sinais de suicídio, que acabam sendo confundidos por amigos e familiares como um comportamento normal da idade. Devemos ter muito cuidado com esses jovens, oferecendo ajuda quando for preciso;
Mudanças: a morte de um ente querido, o fim de um relacionamento, a mudança de casa ou trabalho, podem desestruturar um indivíduo e dar espaço a pensamentos negativos. Esses episódios podem gerar perda de interesse em atividades e eventos, levando a um quadro depressivo e ao possível suicídio;
Falsa melhora: Muitas pessoas que já tentaram o suicídio alegam ter melhorado para tranquilizar familiares e amigos a fim de diminuir suas preocupações e, enfim, poderem colocar em prática o ato. Cuidado redobrado!
O mito do suicídio: Uma das frases mais ouvidas por aí e de que um suicida não ameaça, e isso é um engano. Quem quer tirar a própria vida fala do ato e deixa sinais, sim.
Para Milene, É preciso falar sobre o assunto não só em setembro e sim durante todo o ano, de forma transparente, sem banalizar, julgar, condenar e opinar diante a essa situação. “Se conhece alguém nessa situação, incentive-o a procurar um profissional especializado para que possa receber todo o suporte necessário”, recomenda a psicóloga, que é co-fundadora da TelaVita, marketplace de saúde.
Da Redação, com Assessorias