A recente morte da jornalista e empresária Flávia Tenório, de 55 anos, no Rio de Janeiro, chama atenção para o agravamento dos casos de câncer de mama e a importância do diagnóstico e tratamento precoces, em pleno Outubro Rosa, mês de conscientização sobre a doença.
Fundadora da Lead Comunicação, agência especializada em eventos culturais desde 1997, Flávia foi diagnosticada em 2021, passou por mastectomia e radioterapia, mas sem concluir o tratamento com a quimioterapia, a doença acabou evoluindo para uma metástase óssea.
A família lamenta que ela não tenha aceitado fazer a quimioterapia recomendada logo após a mastectomia, o que pode ter contribuído para a evolução desfavorável no seu caso. Somente após a metástase óssea, Flávia decidiu passar pela quimio, na tentativa de atenuar o quadro, como revelou a irmã, Adriana Abreu, ao Vida e Ação (veja depoimento abaixo).
Em abril deste ano, a jornalista chegou a postar nas redes sociais fotos da sua última sessão de quimioterapia. Mas ao ser internada recentemente, fez novos exames e descobriu outras metástases – o câncer tinha atingido mais órgãos, como o cérebro e o peritônio (membrana serosa que recobre as paredes do abdome e a superfície dos órgãos digestivos). Ela não resistiu e acabou falecendo na manhã de domingo, 5 de outubro, na Clínica Sainte Marie, no bairro do Rio Comprido.
Flávia era vegana, não fumava, nem bebia
Especialistas em Oncologia afirmam que maus hábitos de vida podem favorecer o surgimento do câncer, na maior parte das suas modalidades. Mas Flávia Tenório, assim como tantas outras pacientes, fugia à regra. Adepta do Hare Krishna – um movimento espiritual baseado na tradição do hinduísmo – e de práticas integrativas de saúde, a jornalista era vegana, não fumava nem bebia.
Flávia era moradora de Santa Teresa, um dos bairros mais ‘zen’ do Rio de Janeiro, e foi sepultada perto de casa, no Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi, zona norte carioca. A jornalista e empresária deixa a filha, de 14 anos, que agora fica sob a guarda do pai.
No whatsapp do grupo JornalistasRJ, onde Flávia Tenório participava, dezenas de amigos e ex-colegas de trabalho se despediram da colega e amiga, ainda inconformados. “Partida precoce demais”, lamentou Carla Pereira (veja mais abaixo).
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Em relato ao Portal Vida e Ação, a professora Adriana Abreu, irmã de Flávia, revelou detalhes sobre a jornada da jornalista com o câncer.
Flávia passou por mastectomia da mama esquerda e foi indicada quimioterapia após o procedimento, mas ela decidiu não fazer apesar de várias conversas de familiares, médicos e da própria médica oncologista de que este seria o tratamento mais indicado naquele momento. Flávia entendeu perfeitamente a gravidade da situação, mas foi irredutível na sua decisão. Aceitou fazer somente a radioterapia.
Vida seguiu e, após um tempo, houve a metástase óssea. Estava com as taxas tumorais estabilizadas, e então decidiu fazer quimioterapia, ciente que seria para aplacar a metástase óssea já estabelecida. Ao longo do processo, fez alguns tratamentos alternativos concomitantemente, o que minimizou vários sintomas. Mas, infelizmente, nesses últimos três meses a doença se apresentou de forma implacável, se espalhando para o peritônio e cérebro.
Que fique claro, ela não teve recidiva de câncer de mama. Ela já estava com metástase óssea, mas “controlada”. Não podemos afirmar, mas se o tratamento proposto na época tivesse sido seguido, de repente, o desfecho não teria sido este. Nunca saberemos”.
Jornalista planejava voltar à Índia e sonhava em fazer o Caminho de Santiago
A batalha contra o câncer não tirou de Flávia a alegria de viver. Mesmo ciente da gravidade do seu quadro, mas com esperança de cura, Flávia alimentava sonhos e planos e tinha uma viagem marcada para a Índia.
Em suas redes sociais, divulgava o roteiro, convidando outras pessoas. “O Conexão Índia já está de volta ao Brasil após um roteiro incrível por templos, encontros com sannyasis, associações com devotos entre outras vivências que viagens devocionais proporcionam”, escreveu ela em seu Facebook.
Também membro do JornalistasRJ, Hélio Araújo, em seu instagram, revelou que Flávia sonhava em fazer o Caminho de Santiago, na Espanha.
Sempre que nos encontrávamos, para falar sobre as ações do FaveLivros ou, principalmente, nas provas da tradicional Corrida de São Sebastião, na qual ela trabalhava com muito empenho e carinho, falávamos do Caminho de Santiago, que Flavinha tinha o sonho de percorrer”, escreveu.
Ele também contou que conversava com Flávia sobre organizarem uma corrida só com jornalistas no Rio de Janeiro. “Vou ver se consigo levar a ideia à frente, em sua homenagem”, prometeu. A jornalista Carla Pereira, que trabalhou com Flávia, disse que ela também planejava se mudar pra São Paulo, depois de voltar da Índia.
‘Flávia era uma força da natureza’, diz jornalista
Segundo a jornalista, a fundadora da Lead era alegre e muito dedicada ao trabalho. “Flávia era cheia de vida. Adorava seu trabalho! Trabalhei com ela em duas edições do Rio Innovation Week e a convivência com ela foi muito prazerosa”, relatou Carla Pereira.
Sobre a amiga que conhecia desde 2005, a também jornalista Roni Filgueiras definiu: “Flávia era um dínamo, fazia mil coisas ao mesmo tempo e muito comprometida com seus clientes”: E completou: “Flávia era uma força da natureza e uma das pessoas mais éticas que conheci. Sua alegria de viver foi a sua maior marca e herança pra quem teve a sorte de conviver com ela. Obrigada, querida por tanto”.
Nas redes sociais, a equipe da Lead Comunicação publicou sobre a morte da jornalista e empresária:
“Queridos parceiros e clientes. É com imensa tristeza que compartilhamos uma notícia difícil: *nossa fundadora e idealizadora, Flavia Tenório, faleceu neste domingo*, após um período de luta corajosa contra o câncer. Flavia foi a alma e o coração da LEAD. Sua visão, sensibilidade e amor pela comunicação deixaram uma marca profunda em todos nós”.
A equipe também tranquilizou amigos e parceiros de trabalho. “Sabemos que esse é um momento delicado, mas queremos tranquilizar cada um de vocês: seguimos juntos, honrando a história que Flavia construiu com tanta dedicação e afeto e agradecemos a compreensão de todos. Com carinho, Equipe Lead Comunicação”.
Matéria atualizada em 19/10/25
Flavia começou comigo, na Massmedia Comunic ação. Aprendeu tudo e me superou, o que percebi logo que fez a transferência sem problemas do analógico p o digital. Tinha o espírito libertário e alegre. Eu amava Flavia.
Puxa, sentimos muito por essa perda.