O ator Miguel Falabella, de 68 anos, passou recentemente por uma cirurgia após ser diagnosticado com hérnia de disco. A dor intensa causou problemas em sua rotina, onde precisou até mesmo se afastar temporariamente da peça que está em cartaz em São Paulo. Após a cirurgia, que foi um sucesso, Falabella já estava sem dores e andando normalmente. Na fase de recuperação, o ator passou com fisioterapia e descanso para retornar aos palcos.

Relatos de famosos têm ajudado a tirar o tema da invisibilidade. Preta Gil, por exemplo, revelou recentemente uma crise severa de hérnia de disco. Wesley Safadão precisou se afastar dos palcos devido à condição. Já Luciana Gimenez sofreu com lesões na coluna após um acidente.O influenciador Rico Melquiades,de 30 anos, campeão da 13ª edição do realityshow “A Fazenda”, recebeu o diagnóstico da doença, após sentir fortes dores, não conseguir levantar da cama e precisar usar fraldas.

Dores na coluna, crises intensas e até cancelamentos de agendas por conta de uma condição cada vez mais comum. Personalidades como Anitta, Taís Araújo, Ludmilla, Péricles, Rafa Kalimann, Wanessa Camargo, Fernando Zor, Darlan Romani e Rico Melquíades já compartilharam publicamente os impactos físicos e emocionais da doença que também afeta milhões de brasileiros.

O problema não atinge apenas celebridades.  De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), oito em cada dez pessoas no mundo já tiveram, têm ou podem vir a ter hérnia de disco. A hérnia de disco e a dor lombar surge como uma das principais condições que resultam em benefícios concedidos devido à incapacidade temporária no Brasil.

Mais de 3,5 milhões de brasileiros foram afastados do trabalho em 2024 devido à hérnia de disco, conforme dados do Ministério da Previdência. A condição é a segunda principal causa de afastamento, afetando cerca de 172 mil trabalhadores. Em 2023, a hérnia de disco foi a principal responsável pelo afastamento de 51,4 mil beneficiários.

Mas afinal, o que é a hérnia de disco?

Quando o disco intervertebral se desloca e comprime estruturas como os nervos, temos o que chamamos de hérnia de disco. Ela pode causar dores fortes, perda de força muscular e alterações de sensibilidade. Mas o mais importante é entender que tem tratamento e nem sempre é cirúrgico”, explica Bernardo Sampaio, fisioterapeuta e Diretor Clínico do ITC Vertebral de Guarulhos.

Segundo o especialista, a maioria dos casos pode ser tratada com protocolos individualizados e fisioterapia de ponta. “Muita gente ainda associa hérnia de disco à necessidade de cirurgia, mas a verdade é que, com diagnóstico precoce e o plano terapêutico correto, é possível ter uma recuperação completa e evitar procedimentos invasivos”, conclui.

A região mais afetada é a parte inferior da coluna lombar, segundo o especialista, embora a hérnia também possa atingir a região cervical — como no caso de Luciana Gimenez. “Na lombar, a dor pode irradiar das costas até a panturrilha. Já na cervical, braços e mãos costumam ser os mais comprometidos. Tossir, espirrar ou até se sentar pode agravar os sintomas”, destaca Bernardo.

Dor nas costas frequentemente não é normal. É um alerta do corpo. E quanto antes a pessoa buscar ajuda, melhor o prognóstico”, completa Bernardo.

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Com incidência mais comum do que se imagina, a hérnia de disco afeta pessoas de todas as idades, mas em especial àquelas cujas profissões exigem que se passe longos períodos em pé, como é o caso de atores e cantores. No Brasil, a idade média dos pacientes diagnosticados com hérnia de disco é 30 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para falar sobre hérnia de disco é preciso entender um pouco sobre a anatomia da região. De acordo com Ivo Zulian Neto, profissional da área de Ortopedia do AmorSaúde, a coluna é composta basicamente por uma parte óssea, que são as vértebras, e por algumas partes moles, que são os discos intervertebrais e os ligamentos, envoltas por musculatura.

A coluna é responsável pela sustentação do tronco e confere proteção à medula espinhal, que está localizada imediatamente posterior ao corpo vertebral”, diz o médico, adicionando que a medula é responsável por transmitir as informações do cérebro ao resto do corpo e vice-versa.

Os discos intervertebrais têm o papel de amortecer o impacto entre as vértebras além de, junto com os ligamentos, permitir a flexibilidade do tronco. “Quando a coluna recebe uma sobrecarga por um longo período, o disco, que deve estar restrito ao tamanho da vértebra, ultrapassa esse limite, tornando-se abaulado, protuso, extruso e, quando sua membrana se rompe e seu conteúdo extravasa para a medula espinhal, temos a hérnia de disco”, explica o médico da maior rede de clínicas médico-odontológicas do Brasil.

O que causa a hérnia de disco?

Questões hereditárias, envelhecimento, obesidade e hábitos não saudáveis, a exemplo de tabagismo e falta de atividade física, são fatores de risco para a hérnia de disco. “Apesar do sobrepeso e da obesidade serem fatores de risco reconhecidos, a hérnia de disco não é uma doença exclusiva desses indivíduos. Pacientes magros também podem apresentar hérnia, geralmente associada à fraqueza muscular”, aponta o Dr. Ivo.

Tratamento para cada fase da doença

O tratamento pode ser dividido de acordo com a fase da doença. Nos casos agudos, onde há uma crises de dor, o tratamento é baseado em medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos, associados à termoterapia (compressa morna) e repouso. Passada a fase aguda, é importante o seguimento com ortopedista de confiança. Ele solicitará exames complementares para determinar o grau do problema e prescrever o tratamento de longo prazo.

Geralmente o tratamento é conservador, ou seja, não operatório, baseado em fisioterapia, perda ponderal, fortalecimento muscular. É uma mudança obrigatória do estilo de vida para o paciente que deseja melhorar”, diz o médico, ressaltando que o tratamento cirúrgico é reservado para os casos em que não há melhora com o tratamento conservador ou casos em que a hérnia pode causar uma lesão neurológica irreversível.

Os pacientes que não realizam o tratamento estão sujeitos à piora progressiva do quadro, podendo desenvolver dores intensas de difícil tratamento até sequelas neurológicas como paraplegia ou perda da capacidade de controlar a urina e as fezes. “Não existe um medicamento que, por si só, cure a hérnia de disco. Geralmente eles desempenham um papel importante nos sintomas, mas não mudam o curso da doença”, afirma o profissional.

Dicas para prevenir a hérnia de disco

De acordo com o Dr. Ivo, evitar a sobrecarga na coluna é a maneira mais eficiente de se prevenir contra a hérnia. Por isso, a prevenção se baseia em duas frentes: evitar o sobrepeso e a obesidade, e fortalecer a musculatura.

A coluna sustenta o peso do tronco, assim quanto mais leve este for, menos esforço a coluna precisará fazer. Já a musculatura, quando adequadamente fortalecida, divide com a coluna a função da sustentação do tronco, aliviando também a sobrecarga”, explica.

A seguir, confira cinco dicas dadas pelo profissional de ortopedia que podem contribuir para a prevenção da hérnia de disco.

1 – Manter uma alimentação saudável, uma vez que desempenha um papel fundamental na prevenção da obesidade. Além de promover um peso saudável, uma alimentação equilibrada fornece os nutrientes necessários e apoia a saúde metabólica e cardiovascular.

2 – Hidratar-se adequadamente, principalmente por conta da influência na saúde dos discos intervertebrais e na flexibilidade da coluna vertebral.

3 – Praticar exercícios físicos de baixo e médio impacto regularmente, com destaque para a musculação com fortalecimento da musculatura paravertebral, cintura escapular (ao redor do ombro) e cintura pélvica.

4 – Evitar exercícios de alto impacto, principalmente se não possuir musculatura compatível, por conta do estresse adicional que impacta a coluna vertebral, havendo risco de lesões adicionais e agravamento da inflamação.

5 – Ficar atento aos sinais de alerta, como dor na coluna frequente ou constante, que pode irradiar para os braços ou pernas, e procurar ajuda médica.

Hérnia de disco sem cirurgia:  97% dos casos podem ser tratados sem procedimentos invasivos

É possível tratar a coluna de forma eficaz e segura com alternativas conservadoras e eficazes para o alívio das dores e recuperação da mobilidade

Milhões de brasileiros sofrem diariamente com dores nas costas causadas pela hérnia de disco, um problema que, embora preocupante, na maioria das vezes não precisa de cirurgia. Segundo o estudo “An Assessment of Nonoperative Management Strategies in a Herniated Lumbar Disc Population: Successes Versus Failures”, 97% dos pacientes com hérnia de disco podem tratar a condição sem recorrer a procedimentos cirúrgicos. Com foco na eficácia do tratamento não invasivo e com uma abordagem moderna e comprovada cientificamente, os pacientes podem retomar a qualidade de vida sem precisar de intervenções cirúrgicas.

Muitas pessoas que sofrem de hérnia de disco são orientadas a buscar tratamentos invasivos logo ao sentir as primeiras dores, mas estudos indicam que, na maioria dos casos, a cirurgia pode ser evitada.

A hérnia de disco ocorre quando o material gelatinoso dentro do disco intervertebral escapa para fora da estrutura, podendo comprimir nervos e causando dor,” explica Helder Montenegro, fisioterapeuta e CEO do Grupo Velas. “No entanto, em quase todos os casos, tratamentos conservadores – que evitam cirurgia – podem aliviar a dor e outros sintomas, além de restaurar a mobilidade”, complementa.

Entre as alternativas, está o tratamento personalizado com fisioterapia especializada, tecnologia avançada e exercícios terapêuticos específicos, todos focados na redução das dores e recuperação dos movimentos.

O tratamento pode envolver terapias manuais, programa de exercícios direcionados e recursos avançados de tecnologia, em um atendimento sempre individualizado que respeita as necessidades e limitações de cada caso clínico”, finaliza Helder.

Com Assessorias

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