‘Meu coração acelera e eu sozinha aqui / Eu mudo o lado da cama, eu ligo a televisão / Olhos nos olhos do espelho e o telefone na minha mão’. A letra da romântica música interpretada pela voz doce da cantora Tiê mostra como o amor tira as pessoas do eixo, faz o coração disparar, traz ansiedade, angústia, fortes emoções.
E a chegada do Dia dos Namorados faz aumentar ainda mais essa angústia, seja por quem não tem certeza do grau de relacionamento que mantém com o parceiro, seja para quem se sente pressionado, socialmente, a ostentar um relacionamento – e se frustra por isso. Mas especialistas alertam: sofrimento e problemas emocionais podem ser fatais ao coração.
Estudos comprovam que as doenças do coração têm forte relação com as emoções, como oscilações de pressão arterial, arritmias cardíacas e até infarto do miocárdio. Pessoas que têm depressão, por exemplo, podem ter até três vezes mais chance de um infarto. Por isso, é importante ter cautela e atentar e controlar o coração, preparando-o para fortes emoções.
“Fortes emoções certamente podem levar ao infarto e morte súbita. A síndrome do coração partido, que acomete principalmente mulheres, mimetiza o infarto, mas não tem o entupimento das artérias coronárias por ateroscleroses”, afirma o cardiologista e diretor da Sociedade de Cardiologia de São Paulo (Socesp), José Luis Aziz.
A Síndrome do Coração Partido
Metáfora usada para descrever o sofrimento diante de situações traumáticas ou sensíveis, como morte de um ente querido, divórcio, fim de relacionamento, separação, traição ou amor não correspondido, o coração partido denomina também uma síndrome que acomete especialmente mulheres a partir dos 55 anos de idade, que estão na pós-menopausa.
Desconhecida, até mesmo entre a classe médica, a Síndrome do Coração Partido é chamada oficialmente de cardiomiopatia de Tako tsubo e foi relatada pela primeira vez por médicos japoneses, no início dos anos 1990. Acredita-se que o excesso de adrenalina provocado por uma emoção muito forte seja o principal responsável pelo mau funcionamento cardíaco.
Entre os motivos já identificados estão perda de um ente querido; separação ou descoberta de traição; ataque de asma; doença muito grave, como câncer; queda brusca de pressão; violência doméstica; desastres naturais; perdas financeiras; demissão ou até mesmo falar em público. Mas fique atento: nem todo mundo que passa por um problema desses vai desenvolver a doença.
A maioria das vítimas acredita que está tendo um infarto. Os sintomas são parecidos, como dor no peito, respiração curta, queda de pressão e desmaio. Na maior parte dos casos, porém, a pessoa não tem sequelas e sofre com os hormônios relacionados ao estresse, ocasionados por uma forte emoção de origem negativa ou positiva, que atrapalha o funcionamento do coração.
Durante o quadro, as enzimas cardíacas se elevam e o eletrocardiograma pode apresentar alteração, mas ao se submeter a um cateterismo, os médicos não conseguem identificar nenhuma obstrução coronariana, nem placas de ateromas, que indiquem um infarto. Uma boa forma de prevenir um mal maior é manter regularmente a visita ao cardiologista. E, claro, controlar as emoções!