O Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde vai investir na busca ativa de jovens de 15 a 19 anos que não tenham se vacinado contra o HPV. O anúncio foi feito pelo diretor do PNI, Éder Gatti, nesta sexta-feira (6), durante o II Simpósio Eliminação do Câncer do Colo do Útero no Brasil, realizado no Hotel Hilton Copacabana, no Rio de Janeiro.
Desde 2014, quando a vacinação contra o HPV começou no Brasil, a proporção de meninos que receberam uma dose da vacina foi 24,2% menor do que a de meninas. O PNI estima que sejam quase 3 milhões de pessoas, o que significa 21% da população nessa faixa etária. Os estados com as maiores porcentagens de jovens não vacinados são: Rio de Janeiro, Acre, Distrito Federal, Roraima e Amapá.
Apesar de a repercussão grave mais frequente do HPV ser o câncer de colo de útero, o vírus também pode causar câncer no pênis, ânus, boca e garganta. Além disso, a principal via de transmissão do vírus é a sexual, por isso a imunização dos meninos também é essencial para evitar a disseminação do HPV.
O objetivo do Ministério é chegar a 90% do público-alvo, composto por meninas e meninos de 9 a 14 anos. Para isso, é preciso aumentar a imunização nas crianças e adolescentes do sexo masculino.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre as crianças de 9 anos, o alcance ainda está aquém do desejado, com menos de 69% deles imunizados. Mesmo assim, no ano passado, quase 85% do público-alvo já tinham sido vacinados e entre os adolescentes com 14 anos, a cobertura passou de 96%. Com isso, o Brasil fica mais próximo de alcançar a meta de vacinação contra o HPV, que é de 90%.

No SUS nós temos municípios que estão muito bem e municípios que não estão tão bem assim. Então, as estratégias precisam ser direcionadas e intensificadas para os municípios com as piores coberturas”, explicou.

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Vacinação nas escolas ajudou a melhorar resultados

De acordo com o diretor do PNI, uma medida que ajudou a alavancar as coberturas foi o retorno da vacinação nas escolas. Éder Gatti explica que o público-alvo foi selecionado para garantir a imunização antes do início da vida sexual e do contato com o vírus, que é extremamente comum e infeccioso.  Segundo ele, a questão do acesso é muito importante, por causa do tamanho do Brasil.

Nós temos grandes cidades que têm a sua estrutura de saúde, mas dentro delas tem as periferias, as áreas mais empobrecidas… E o Brasil também tem áreas de difícil acesso, como a região amazônica, que representa um desafio logístico muito grande. Esse é um desafio e tanto e é preciso pensar estratégias pra aproveitar a ida até uma área ribeirinha e vacinar todo mundo”, complementa.

Eder Gatti também destacou o desafio da comunicação e como os programas de vacinação nas escolas podem contribuir com isso: “Precisamos dizer: ‘olha, é uma vacina contra o câncer, que vai salvar vidas’ e garantir o acesso diferenciado, porque o adolescente não vai para o posto, então precisamos fortalecer a vacinação nas escolas”, alerta o diretor.

Suspeitas infundadas de eventos adversos da vacina do HPV

Segundo ele, a vacina contra o HPV foi “injustiçada” pelas suspeitas de eventos adversos, apesar de a investigação provar que eles não tinham relação com o imunizante.

É uma vacina com uma tecnologia fantástica, com eficácia alta e segurança alta, que não tem evento de alteração orgânica importante. E agora ela é aplicada em apenas uma dose, o que facilita a operação. Ela foi injustiçada e a gente precisa colocar ela de volta ao patamar que ela merece. É uma vacina que vai nos ajudar a eliminar o câncer de colo de útero“, complementou.

O câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais incidente e a quarta maior causa de morte entre as mulheres brasileiras, com cerca de 17 mil novos casos e 7 mil óbitos anuais.

Com informações da Agência Brasil, com Redação

 

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